■ Teófilo é citado duas vezes na Bíblia e as duas vezes Lucas, o médico e companheiro de Paulo, autor de dois Livros do NT, é quem o cita. No primeiro caso (Lc 1.1-3), Lucas diz que sentiu o desejo de escrever ao amigo o “excelentíssimo Teófilo” para que ele tivesse a certeza das verdades que a ele foram ensinadas. No segundo caso (At 1.13), foi para Teófilo se inteirasse dos acontecimentos que sucederam com os apóstolos após o dia em que Cristo às alturas.
Agora Imaginem Teófilo, depois de ler a história de Cristo e se deliciar com ela, agora recebendo outro volume com a continuação da história. Imaginem a importância e o valor do volume. Imaginem a sua alegria ao ler sobre a descida o Espírito e sobre o crescimento da Igreja e a fé dos Apóstolos. Imaginem a sua tristeza ao ler sobre as prisões dos Apóstolos, a morte de Estevão e a dispersão do povo ocasionada pela perseguição à igreja.
Agora, depois de tomar conhecimento de tudo isso, Teófilo lê um dos maiores acontecimento da história da Igreja. Ou seja, “em Antioquia, os discípulos, pela primeira vez foram chamados cristãos”. Por que eles receberam este está “MARCA”? Por que eles forarm chamados “CRISTÃOS”? Encontramos dois motivos:
Primeiro motivo foi a disposição:
1. DISPOSIÇÃO PARA ANUNCIAR O EVANGELHO DE CRISTO (19-20).
a. Anunciar sofrendo tribulação: Lucas, neste parágrafo não escreve muito, porém escreve com sobriedade. Ele não precisou narrar tudo de novo, pois Teófilo já havia lidos os detalhes. Lucas só estabelece uma conexão ao dizer: “No dia da morte de Estevão, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria”. Porquanto, enquanto a igreja pranteava a morte de Estevão, sendo arrastada e encerrada no cárcere, “os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At 8.1-4).
b. Anunciar em meio a dispersão: Naquele momento (At 8.1-5ss), Filipe foi a figura de destaque, pois, após pregar para multidões em Samaria, também pregou para o eunuco no caminho de gaza. Agora, Lucas informa que os outros, os que fugiram não chegaram apenas até Samaria, mas que “foram até a Fenícia e Chipre e Antioquia”. Ali, em Antioquia, os dispersos não silenciaram acerca de sua fé. Contudo, Lucas faz uma ressalva: “anunciavam a palavra somente aos judeus”.
c. Anunciar sem nenhuma distinção: A aliança de Deus com Abraão em Gn 12.1-3 e Ex 19.1-6, não consistia somente em promessas de bênçãos, mas que a sua descendência fosse um povo que louvasse e proclamasse entre todas as nações a sua glória. Porem, Israel não obedeceu. Israel se tornou orgulhoso e fechado, pois, entendiam que este privilégio era somente para eles. Aqui, mais uma vez, este povo, mesmo o grupo sendo convertido e recebido um novo ensino, mesmo assim, se fecha em relação a proclamação do Evangelho. Portanto, para que as bênçãos de Deus Abraão chegassem aos gentios, foi necessário que um novo grupo, que não era de Jerusalém e sim de Chipre e Cirene, fosse até Antioquia e pregasse o Evangelho aos gentios. Estes fizeram valer a palavra dada pelo seu Mestre: “eu vim para buscar e salvar aquele que estava perdido”.
Aqui eles não fizeram distinção entre judeus e gregos. Aqui eles não preocuparam em ser reconhecidos. Aqui eles não deixaram de fazer porque outros não fizeram. Aqui eles não esperaram os gentios se aproximarem, mas, eles foram e de forma espontânea pregaram o evangelho. Aqui, quando a Igreja deu um dos passos mais importantes de a sua história; nem sequer sabemos os nomes daqueles que o fizeram. Tudo o que sabemos é que provinham de Chipre e de Cirene. Não sabemos seus os nomes, mas seus nomes foram escritos para sempre no Livro da Vida.
O segundo motivo foi a validação:
2. VALIDAÇÃO DE DEUS COM TRABALHO REALIZADO (21-26).
a. Deus agia nas conversões: Antioquia, terceira cidade do mundo, pois, Roma e Alexandria eram maiores. Possuía, cerca de 500 mil habitantes. Porém, povo da cidade estava perdido no pecado vivendo na imoralidade e luxúria. Em, Antioquia o evangelismo não aconteceu nas sinagogas e sim nas ruas, nas casas e nas praças. O conteúdo da evangelização foi pessoa de Cristo. A mensagem de Cristo. A obra de Cristo. A morte de Cristo. A salvação de Cristo. Assim, “Muitos creram e se converteram ao Senhor”. Eles não eram missionários treinados, mas eram crentes. Lucas não informa o nome deles, mas informa: “A mão do Senhor estava com eles.” Assim, mesmo num lugar estranho o cristão, ao fazer compras, conversar e tirar informações com vizinhos, ao fazer coisas corriqueiras, é identificado quando fala o nome de Cristo.
b. Deus era visto nas decisões: Assim como as notícias ruins chegam rápido, assim também as boas, ainda mais quando Deus está no controle. As boas notícias também se espalharam, Lucas escreve: “a notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém”. Em Jerusalém se resolvia e enviava as ordens e lá ficam sabendo que em Antioquia multidões de gentios aceitavam o Evangelho. E então mais uma vez vemos a ação de Deus, pois, “enviaram Barnabé”. Em Antioquia, Barnabé chega a Antioquia não como observador crítico. Ele não vê coisas “questionáveis” e “problemáticas” mais “tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se”. Barnabé não foi um impedimento para “o agir de Deus”, ao contrário, ele “deixou Deus agir”. Lucas dificilmente elogia pessoas individuais. Aqui, porém, ele não deixa de acrescentar: “Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé”.
c. Deus era ensinado nas reuniões: Obviamente, Barnabé percebeu que havia perigo, pois os gregos convertidos eram intelectuais e versáteis e podiam facilmente esmorecer e se desviar do Caminho. Por isso, Barnabé “exortava a todos a que, segundo o propósito do coração, permanecessem no Senhor”. Assim, o cuidado pastoral correto e necessário era dado “e muita gente se uniu ao Senhor”. Obviamente, Barnabé também percebeu que precisava de ajuda. Então se lembrou de Paulo. Ele sabia que Paulo tinha “doutorado” no judaísmo e também possuía liderança e um “linguajar fluente”. Portanto, Paulo poderia enfrentar os judeus com autoridade e os gentios em pé de igualdade. Por outro lado, Paulo que havia sido chamado por Cristo para pregar o Evangelho aos gentios, agora através do “chamado de Barnabé” para Antioquia, poderia iniciar sua missão. Lucas relata: “E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11.26).
Conclusão: O termo “Cristo” no original significa o “Ungido”, o “Messias’ o “Filho de Deus”, conseqüentemente, ao verem os discípulos evangelizando usando as palavras de Jesus e dizendo que Ele era o Cristo pelo qual todos são salvos, assim foram identificados como ”filhos de Deus”, ou seja, foram chamados “cristãos”.
Assim, toda a missão de Paulo, como seu envio para pregar o Evangelho, teve inicio em Antioquia. Em Antioquia os “discípulos” receberam um nome próprio! Ali foram reconhecidos e identificados. Ali o grupo recebeu uma marca. Neles cumpriu-se finalmente a esperança que havia em Israel, ou seja, que o nome do Senhor fosse levado para todas as nações.
Deus abençoe – Pr Saulo César