
1Pe 4.1-6
Legado é um bem que alguém deixa para as gerações futuras. Pensando nisso o salmista escreveu: “Recebi os teus testemunhos por legado perpétuo” (Sl 119.109-111).
• Pedro enviou esta carta de Roma por volta de 64 d.c., aos cristãos, judeus e gentios, que viviam no norte da Ásia Menor (hoje a Turquia). Cristãos que estavam a cerca de 1600Km espalhados nas províncias do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1Pe 1.1). Nero era o imperador da época.
Entre suas crueldades destacam-se as seguintes:
1. Prender os crentes e coloca-los nos postes pegando fogo para iluminar a cidade.
2. Incendiar Roma para que o fogo o inspirasse à escrever um poema.
3. Colocou a culpa do incêndio nos cristãos. Estes odiados foram crucificados e mortos por feras.
• O apóstolo procurou levar seus leitores a refletirem sobre dar testemunho, mostrar alegria e a terem coragem em meio ao sofrimento. Principalmente porque a causa deste sofrimento era por estarem fazendo o que era certo. Ou seja, seguindo a Cristo.
• O termo militar armar-se, muito usado nos campos de batalha, dá a idéia de equipar-se com armas. Neste caso, como foi empregado, mostra a necessidade de estarem armados, pois estavam envolvidos em uma guerra. No entanto, as armas que deveriam ser usadas neta guerra não eram as convencionais como a lança, e a espada e sim as armas divinas, aquelas que Cristo usou. Pedro que em outros tempos teria mandado desembainhar as espadas para a luta, como foi sua atitude no episódio da prisão de Jesus (Jo 18.10), agora orienta, não para se armarem de espadas, e sim “da mente de Cristo”.
a. Que sofreu na carne para que vencessem as tentações futuras (v.2).
• Se os sofrimentos provocaram a morte do Senhor, dando solução ao problema do pecado. Para eles, os sofrimentos presentes ou futuros são sinais da identificação com Cristo e um meio de adquirir a santificação. Pedro exorta para compromisso da vida cristã para “o tempo que resta na carne”, ou seja, o tempo da vossa vida. Esta exortação era para mostrar como deveriam se portar a partir do momento que se converteram a Cristo até o dia do encontro com ele, ou seja, teriam que viver o cristianismo na prática. Eles teriam que escolher entre continuar nas mesmas práticas que tinham antes, descritas a seguir no verso três ou satisfazer a vontade de Deus e viver de acordo com os princípios estabelecidos por Ele. Estes mesmos pensamentos também estão nos escritos de Paulo diz: “Antigamente vocês viviam na escuridão; mas, agora pertencem ao Senhor. Por isso vivam como pessoas que pertencem à luz,” (Ef 5.8).
b. Que sofreu na carne para que fossem libertos das paixões mundanas (3).
• Pedro procura trazer à memória dos seus leitores a vida que tiveram no passado. Com ironia ele enfatiza que esse tempo já foi o bastante, pois levavam uma vida desprezível, insignificante e sem valor. Este tempo, que eram adeptos às paixões mundanas não resultou em nada, portanto não deveria ser seguido.
• A expressão “por isso” representa uma seqüência lógica de vida. O rompimento com o modo de vida dos gentios seria dizer não, a tudo que eles achavam normal. Esta mudança de vida dos seguidores de Cristo aos que foram seus companheiros de orgia causa choque. Um choque tão grande que, surpresos falam mal e perseguem aqueles que não participam das suas festas. Podemos imaginar a situação vivida por eles. Poderiam estar sendo acusados de orgulhosos e de não seguirem os costumes. O termo concorrer significa andar junto, concordar e estar em harmonia com outro. A idéia aqui é que querem a companhia dos crentes, para concorrerem com eles em busca dos vícios e paixões, atirando-se no mesmo lodaçal de deboche esses escreve Pedro “como brutos irracionais, falam mal daquilo que não entendem e na sua destruição também hão de ser destruídos” (2 Pedro 2.12). A resposta deles àqueles que lhes causavam dor deveria ser o exemplo deixado por Cristo
2. CONSOLEM-SE (v. 5-6) - Consolem-se na esperança de Cristo.
a. Porque todos terão que prestar contas (5).
• O acerto de contas certamente virá, diz Pedro. O termo usado aqui dá idéia de pagamento total daquilo é devido. Cada homem será julgado de acordo com as suas obras, porque sua vida será aberta como um livro. João escreve: “Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.” (Ap 20.12). E as tentativas de defesa serão vãs, pois o débito é imenso.
b. Ao que é competente para julgar (5).
• Tanto o Pai quanto o Filho serão o Juiz daquele grande e definitivo dia. Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.31). Talvez, o pecado seja esquecido pelos homens, mas Deus haverá de relembrar tudo quanto foi praticado, a fim de que se manifeste a justiça.
c. E que dá a recompensa ao justo (6).
• Pedro, além de tudo que foi dito, ressalta algo muito importante, ou seja a recompensa do justo. Aqueles que hoje estão mortos ouviram a pregação do evangelho quando ainda vivos. Por causa de haverem confessado a Cristo, quando viviam, foram julgados e condenados pelos homens e "de acordo com os padrões dos homens". Viveriam segundo Deus no espírito. Ou seja, viveriam como Deus vive, isto é, eternamente. Aquele Juiz competente (v. 5) recompensaria a todos os que permaneceram fiéis nas promessas do Senhor. Entendemos que durante todo o contexto Pedro procurou trazer uma forma de consolo em meio ao sofrimento, dai a necessidade de se falar sobre os que já haviam partido. Pois qual o maior consolo para os que estão vivos, senão saber que seus irmãos que morreram, depois de passar tantas dificuldades físicas, vivificados no espírito. A resposta deles àqueles que lhes causavam dor deveria ser a esperança que tinham em Cristo.
• Cristo deu o exemplo sofrendo na carne, para que fossem libertos das paixões mundanas no passado. Agora eles deveriam armar-se do mesmo pensamento, para vencerem as tentações futuras, não levando em consideração as provações do presente, pois o consolo virá mediante o justo juízo de Cristo.