VALORES INVERTIDOS
Jn 1.1-4.11
Disse Jesus “ajuntai para vós tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.20-21). Com estas palavras Jesus não considera errado ter riquezas. Pois, alguém pode possuir muitos bens e mesmo assim ajuntar tesouros no céu servindo ao Senhor com o que possui. Por outro lado, alguém pode possuir pouco e estar preso ao pouco que tem. O mal não é possuir o dinheiro e sim ser escravo dele. E quando isso acontece o dinheiro passa a ser nosso maior tesouro, a comandar nosso coração e a ser o alvo da nossa vida. Jesus usou o dinheiro, porém este princípio pode ser aplicado em todas as áreas de nossa vida. Depende da nossa escala de valores.
Como está minha escala de valores? O livro de Jonas revela que o Profeta estava com seus valores invertidos pelo menos em duas áreas:
1. Em relação à obediência a Deus (caps. 1-2).
a. Ele valorizava mais a sua nação: Se existe no mundo um povo patriota, este povo é o povo de Israel. Quando Deus enviou Jonas para pregar em Ninive, capital da Assiria, era cerca 750 aC., Neste período o Império Assírio tinha o exército mais poderoso da época, e para manter os altos custos deste exército obrigavam os povos vencidos em suas batalhas a pagarem altas taxas de impostos. E Israel, sofria esta exploração por mais de um século. Sendo assim, todos israelitas, inclusive Jonas, que conhecia bem aquela história sentia que a Assíria merecia ser castigada por Deus. Jonas não tinha nenhum problema dizer para os ninivitas que Deus iria destruí-los, mas conhecedor do amor e misericórdia do Senhor, ele tinha dificuldade com o perdão que Deus poderia conceder a eles. Jonas pensou: “pregar em ninive eu, vai que eles se arrependam”. Eu quero que eles sofram
b. Ele valorizava mais a sua vida: Mas, além da vontade que tinha de ver o sofrimento dos ninivitas, outro motivo que tinha para não ir até lá era a preservação da sua vida. Nínive era um centro do crime e impiedade. Seus habitantes eram conhecidos como bárbaros e cruéis. Sua crueldade consistia em fazer com que as pessoas vencidas nas batalhas fizessem longas marcha para o exílio, e depois que chegassem a cidade, furavam seus olhos, cortavam seus braços e depois matavam e empilhavam suas cabeças em forma de pirâmides. Jonas deve ter pensado “eu ir lá. Se eles fazem isso com quem não lhes fizeram nada imaginem com quem vai dizer que serão mortos.
A chamada de Deus para o profeta não poderia ser mais clara,
mas ele amava mais a sua nação e sua vida do que a à obediência a Deus.
Por isso ele fugiu: Depois de ouvir a ordem de Deus para pregar em Ninive ele fugiu para o lado oposto. Ninive capital da assíria ficava no oriente, mas ele foi para Tarsis, uma distante, além do Mediterrâneo, talvez localizado no sul da Espanha, no ocidente. Para isso, ele não encontrou nenhuma dificuldade.
Por isso ele sofreu. No inicio gozava de uma viagem tranqüila, dormindo no porão do navio, mas o Senhor mudou a sua sorte. Vieram a tempestade, as orações dos marinheiros, a decisão através da sorte e Jonas foi sorteado, lançado ao mar e engolido pelo peixe.
Mas, se arrependeu e foi perdoado. A sorte de Jonas realmente mudou. A tempestade foi providencial, o sorteio foi providencial, o peixe foi providencial. Tudo concorreu para que ele se arrependesse, buscasse a Deus, ser perdoado e reavaliasse seus valores.
2. Em relação ao perdão de Deus (caps. 3-4).
• O cap. três inicia dizendo: “Veio a palavra do SENHOR, segunda vez, a Jonas e Jonas se levantou e foi para Ninive. Ninive, uma das cidades mais antigas no mundo, ficava cerca de 960 Km de Israel, uma viagem de três meses nos tempos antigos. Calcula-se que sua população era de 600.000 habitantes e suas aldeias se espalhavam numa circunferência de mais de 32 quilômetros, por isso levaria cerca de três dias para percorrê-la pregando a palavra. A mensagem de Jonas foi simples, curta e objetiva. “ele pregava dizendo: Daqui a quarenta dias Nínive será destruída. P/ quem gosta de mensagens curtas esta foi um prato cheio.
a. Porém, ele valorizava mais a sua pessoa: Os ninivitas creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor. Até o rei levantou-se do seu trono, tirou suas vestes reais, cobriu-se de pano de saco, assentou-se sobre cinza e proclamou um Jejum nacional de homens e animais e forte clamor a Deus. O v. 10 mostra que Deus vendo que se arrependeram mudou seu juízo para misericórdia. O julgamento divino é condicional a ação do homem. Deus não tem prazer na destruição e na dor. E já que ouve o arrependimento o juízo foi cancelado. Mas, Jonas ao invés de se alegrar com a mudança do povo, ficou desgostoso e aborrecido
b. E a planta que lhe proporcionava conforto. Jonas saiu da cidade, para repousar debaixo de uma enramada, e alimentava ainda a esperança de que Deus destruiria Nínive e seus habitantes. Deus lhe deu uma aboboreira para lhe confortar do sol. Porém, ao amanhecer Deus mandou bichos para matar a planta. Novamente Jonas se entristeceu pela planta ter morrido.
O arrependimento dos ninivitas foi real e verdadeiro tanto que Deus perdoou a ciadade, mas Jonas valorizava mais a sua pessoa e a planta que lhe dava conforto do que o perdão de Deus aos ninivitas.
Por isso, tentou Justificar-se: Eu já sabia! Disse Jonas para Deus. Eu já sabia que a tua misericórdia poderia prevalecer se os ninivitas se arrependessem. Por isso eu não queria vir para Ninive. Talvez poderia sentir que falhou como profeta, por não ver o cumprimento da sua profecia. Tal era sua queixa que preferia morrer.
Ficou aborrecido: Não é preciso fazer um estudo psicológico sobre o caráter de Jonas, para tentar descobrir seus motivos. Talvez ele tenha se lembrado da moral dos moradores de Nínive que eram conhecidos como uma raça sensual e cruel e que viviam de saques e orgulhavam-se dos montes de cabeças humanas que traziam de violentos assaltos a outras cidades. E quando o Senhor lhe perguntou se esta sua ira era razoável. Ele respondeu: “sim, até a morte”. Ou seja, ele morreria, mas não mudaria de opinião.
Mas, Deus mostrou que os ninivitas, assim como ele, também mereciam perdão. Deus tratou de Jonas da seguinte maneira: primeiro aliviou sua tristeza, provendo um abrigo depois tirou o abrigo. Assim, Deus extraiu de Jonas a confissão de que ele se preocupava mais consigo mesmo e com a planta do que com as pessoas de Nínive. Quando Jonas sofreu a aflição física, mediante a destruição da aboboreira. ficou indignado por Deus ter matado a planta e que lhe dava sombra. Então Deus mostra-lhe que sua irritação não era justa. Pois, a aboboreira não era sua. Ele não teve nenhum trabalho em plantá-la. Ela teve curto tempo de vida, mas ao contrario Ninive era muito importante para o Senhor lá havia muitas almas arrependidas. Almas que antes, ao contrário de Jonas, que mesmo conhecendo ao Senhor desobedeceu a suas ordens, os ninivitas não discerniam as verdades. Por isso mereciam perdão.
CONCLUSÃO: Aprendemos no livro de Jonas que Deus é misericordioso e soberano e nada pode frustrar os seus planos. Ele pode usar homens como Jonas, como o capitão e os marinheiros do navio. Usa fenômenos naturais como a tempestade, o peixe, a aboboreira, o bicho o vento oriental. Deus pode usar tudo para que seus planos se cumpram. Os ninivitas obtiveram o perdão porque se arrependeram e invocaram o nome do Senhor. Mas para que houvesse esse arrependimento foi preciso que a mensagem fosse pregada: “Como, porém invocaram aquele em que não creram? E como crerão se não ouviram? E como poderão ouvir, se a mensagem não foi anunciada?” (Rm 10.14).
Deus abençoe.
Pr Saulo César –
saulo@icecampogrande.com.br