segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Ceia do Senhor


ALIANÇAS são acordos que Deus fez com o seu povo ao longo da história. Essa aliança (trato, pacto, contrato, concerto) consiste no seguinte: De um lado o Eterno Deus do outro o povo de Deus representado pelos patriarcas Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés etc. A parte que cabia a Deus era abençoar o povo, dando terra, alimento, proteção, saúde e ao povo cabia a obediência. Durante toda a história da humanidade Deus sempre cumpriu seus acordos, porém a parte que cabia ao homem não era cumprida. Por isso em cumprimento à palavra profética de Jr 31.31-34 Deus fez uma nova aliança (testamento), que foi confirmada ou selada pela morte de Cristo Mc 14.24; Hb 8.6-13; 9.16-22.

Esta Nova Aliança feita através do sangue do Filho é estendida a todos quantos quiserem independente de ser judeu ou gentio, basta apenas aceita-la e terão os pecados perdoados.
Esta Nova Alinaça é aplicada em três áreas
1. Uma Aliança com meu povo (17-22).
Nos tempos apostólicos a Ceia do Senhor era sempre precedida da "festa do amor" (agape). Esta festa tinha como finalidade estreitar os laços de comunhão entre o povo de Deus e também trazer para os dias da igreja um pouco do que tinha acontecido na última Ceia do Senhor com os apóstolos. Esta reunião não se tratava de um ato litúrgico solene, pelo contrário, era uma refeição conjunta com muita conversa testemunho e alegria.
a. Independente de partidos: Ao iniciar este parágrafo que trata da Ceia Senhor Paulo declara que, ao contrário do elogio feito por observarem as ordenanças (2), neste assunto, ele não podia tecer nenhum elogio a igreja (17).
• Na verdade Paulo não tinha o que reclamar da assiduidade deles na igreja. O problema é que os encontros não favoreciam e sim prejudicam a vida cristã. Porque ao invés deles se reunirem para a “festa do amor” se reuniam para a festa da discórdia. Paulo diz que se ajuntavam não para melhorar, mas sim para piorar. Pois, havia partidos, grupinhos e igrejinhas entre eles. Essas divisões surgiram por causa das contendas mencionada no cap. 1, onde Paulo foi informado que em Corinto uns diziam que eram de Paulo, outros de Apolo, outros Cefas, e outros (mais espirituais) de Cristo (1.10-12).
• O problema agora se agravou, pois, os grupos separados manifesta as rupturas da igreja. Ou seja, houve uma seqüência progressiva. Primeiro “contendas” depois “divisões” e agora “partidos”.
• Paulo “ouviu” a respeito, e acrescenta: “Em parte o creio.” Ou seja,  CREIO que a informação não é mentirosa ou exagerada.
• Fato é que na cidade de Corinto havia grupos fechados que lutavam uns contra os outros como “partidos”. Paulo vê esses partidos que atuavam fora da igreja como positivo já que, depois que o cidadão fosse aprovado na NOVA ALIANÇA como cristão fundamentado na Palavra, iria empenhar pela unidade dos fiéis.
Por isso ele diz: “Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio”.
b. Independente de classe (condição) social: Era costume cada membro levar sua comida e depositar na mesa da "festa do amor" e ali juntos os ricos e os pobres, os judeus e gentios, se assentavam na mesma mesa e juntos se alimentavam.
• Pelo fato de cada um levar sua comida, havia muita disparidade nas quantidades e na qualidade dos alimentos que uns e outros forneciam, pois uns tinham pouco outros muito. Mas, ao invés do repartirem os alimentos com todos, cada qual conservava para si a parte que tinha levado.
• Paulo chama atenção da igreja dizendo que a “festa do amor” que antecedia a “ceia do Senhor” na verdade já era parte da comunhão dos santos (20). Porém ao contrário de promoverem a comunhão, cada qual comia o seu antecipadamente, uns comiam muito, outros pouco e alguns até se embriagavam. Ao permitirem os excessos, deixando que, alguns saiam dali com fome, e envergonhando os membros mais pobres estão menosprezando a Igreja de Deus.

Sendo assim as tais festas, que tinham o intuito de fomentar sociabilidade, falhavam inteiramente neste objetivo, e o apóstolo aconselhou. É MELHOR QUE PAREM (22).

2. Uma Aliança com meu Senhor (23-27).
A narrativa o apóstolo faz da instituição da Ceia do Senhor, que ele declara ter recebido do Senhor, é a fórmula que a Igreja desde os tempos apostólicos tem usado na celebração da Ceia. Porém toda idéia "carnal" de participação de Jesus na ceia fica excluída pelo fato do Senhor ter dito estas ainda vivo, ou seja, antes de sua morte. Por isso o corpo e o sangue de Cristo são recebidos de uma maneira espiritual e simbólica.
a. Através (fundamentada) do corpo: Jesus era o “Senhor” e ao mesmo tempo homem. E por ser humano tinha condições de entregar seu corpo pelo mundo perdido. Por isso, quando se lê “na noite em que foi traído” não se deve ter em mente que a passagem tem o intuito de salientar a traição de Judas, mas sim que o “Filho” foi “entregue”. Esta entrega não feita por Judas nem pelas autoridades e sim pelo próprio Pai. Isso quer dizer que o Pai não ficou passivo durante o sofrimento e morte do Filho, mas ativo. Seu amor é tão sacrifical e grande quanto o amor do Filho, que obediente se deixa sacrificar.
• No momento da Ceia Jesus vê toda a realidade de morte e no “partir do pão” ao invés de lamentar ele agradece. No seu corpo partido estava todo o amor e eterna redenção dos perdidos. Jesus ofereceu àqueles que estavam na mesa o seu corpo. Não um corpo místico, uma substância transfigurada e sobrenatural, mas justamente corpo terreno, partido por eles.
b. Através do sangue: Assim como fez com o pão, Jesus procedeu com o cálice , tomou, deu graças e ofereceu aos participantes na mesa.
• A distribuição do pão pelo dono da casa era parte do começo de uma refeição, mas prosseguia “após a refeição” e somente depois que o cálice era abençoado e oferecido se concluía a ceia.
• Na distribuição do cálice, porém Jesus profere todo o significado da salvação quando diz: “Esse cálice é a nova aliança em meu sangue.”
• Fica claro que a “Aliança” está no cálice, ou seja, “no sangue de Jesus”. Portanto, quem recebe e bebe do cálice, tem participação na nova aliança. Deus a havia prometido através do profeta Jeremias (Jr 31.31-34).
• O perdão prometido e necessário para essa nova aliança somente pode tornar-se realidade pelo fato de que toda a carga de pecados foi levada por aquele que é o Cordeiro que tira o pecado do mundo. A instituição dessa aliança somente podia acontecer através do sangue e custou o alto preço da morte do Filho de Deus.
c. E em memória de Cristo: Jesus não queria celebrar a ceia apenas com aquele grupo de discípulos. Na Ceia ele olhou para a igreja de todos os tempos e por isso ordenou expressamente: “Fazei isto em memória de mim.”
• A sua finalidade é fazermos recordação do Salvador, em todos os eventos de sua vida, mas principalmente de sua morte realizada por nós na cruz e em recordá-lo, sentirmos sua presença conosco. O “recordar” autêntico traz à presença Dele.
• Para que eu tenha comunhão com ele: A Santa Ceia além de firmar a minha aliança através do corpo e do sangue de Cristo é uma "recordação" para que eu tenha "comunhão" com Ele.
• Para que eu anuncie sua volta: O "Velho Testamento" anuncia um Cristo que veio para padecer o "Novo Testamento" anuncia o Cristo que morreu ressuscitou e que vai voltar. A celebração desta ordenança é portanto, além de anunciara a "morte de Cristo" e um testemunho ao mundo que eu como cristão tenho plena certeza da sua volta (26).

3. Uma Aliança com meu coração (27-32).
Foi assim que o próprio Senhor instituiu a ceia. No entanto, quando uma igreja se reúne para celebrar, tem de celebrá-la de modo digno. Paulo é enfático “Por isso, quem comer o pão ou beber o cálice do Senhor de uma maneira indigna torna-se culpado do corpo e do sangue do Senhor” Quantas pessoas não se torturaram amargamente com a pergunta se são “indignas” e se com sua participação na santa ceia estão pecando contra o corpo e sangue do Senhor! Deve-se notar que indignamente é uma coisa, "indignos" é outra, e indignos nunca deixaremos de ser. Paulo não critica os coríntios por virem à ceia do Senhor como pessoas indignas, mas por destruí-la através de um modo indigno de celebrá-la. Quando diante da mesa do Senhor há divisões dilacerando a igreja, quando um sofre fome e o outro está embriagado, então isso constitui uma “maneira indigna”.
• Se toda celebração da santa ceia é “participação” no corpo e sangue do Cristo, desse modo tornam-se “culpados do corpo e sangue do Senhor”.
a. A fim de examiná-lo: Diante dessa seriedade cresce a obrigação do “exame”. Uma vez que no contexto, está em jogo o “discernir o corpo”, o auto-exame tem a ver com a minha atitude perante a igreja a ceia do Senhor, e principalmente o reconhecimento do meu pecado.
• Afinal, a verdadeira “dignidade” reside unicamente na minha “indignidade” por mim confirmada. Jesus realizou a ceia no passado e a realiza ainda hoje unicamente com “pecadores”. Somente os “perdidos” têm necessidade do sacrifício salvador do corpo e sangue do Senhor.
• Nesse caso, porém, também estão cientes de toda a santa magnitude da ceia do Senhor e não a profanam por meio de uma celebração indigna. Os abusos que se vê em Corinto são inconcebíveis para eles. Paulo aponta para esse alvo corretivo do “exame” para um resultado positivo, à semelhança do que acontece também entre nós, quando falamos de alguém que foi “aprovado no exame”, por isso após o exame “coma do pão e beba do cálice”.
b. A fim de corrigi-lo: Como em todas as situações Paulo leva a sério o corpo e os processos físicos! O corpo pertence ao Senhor, em nosso corpo glorificamos a Deus. Nosso comer e beber pode nos levar à união com os demônios ou com Cristo. É isso que os coríntios, que se orgulhavam da inteligência e liberdade que possuíam precisavam reconhecer.
• O “juízo” sobre àqueles que comiam de forma indigna sem discernimento do corpo não era uma mera ameaça do apóstolo, pois no meio deles a concretização deste fato era notório. “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.” Com está declaração fica claro que a culpa também tem um efeito físico e leva a enfermidade e morte.
• Mas havia uma saída para a igreja. Paulo tem para eles uma resposta clara: “Se nos julgássemos a nós mesmos não seríamos julgados”. Portanto é necessário que estejamos atentos sobre nós mesmos, nossos motivos e pensamentos e submete-los ao julgamento do certo e do errado de acordo com a ALIANÇA que fizemos com o Senhor. Através deste julgamento somos disciplinados, porém não condenados.
• O apóstolo termina exortando que dirijam aquelas reuniões da Igreja de um modo decente e ordeiro, prometendo-lhes que discutirá ainda o assunto quando da próxima visita que lhes fizer (33-34).

• Conclusão: O fato de Paulo ter dedicado tanto espaço à doutrina da Ceia do Senhor mostra sua importância na vida da igreja. Sua instituição por nosso Senhor e o mandamento para que a celebremos em sua memória leva-nos a colocá-la no centro da nossa vida cristã. Por isso devemos acertar nossa vida diante da Deus da igreja e do meu coração e participar da ceia.
Deus vos abençoe
Pr Saulo César - saulo@icecampogrande.com.br

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