quarta-feira, 17 de março de 2010

Quem não tem pecado?

Que atire a primeira pedra
Jo-8.1-11
Esta história é conhecida como “a história da mulher adúltera”. Ela narra o encontro de Jesus com uma mulher que foi pega em adultério. Na ocasião alguns mestres da Lei junto com fariseus trouxeram a mulher e a obrigaram ficar em pé na presença de todos. Disseram que tinha sido apanhada em flagrante adultério e de acordo com a Lei de Moisés deveria ser morta a pedradas. Para isso queria o consentimento de Cristo.
Que lições podemos tirar deste encontro?
Poderemos tirar várias lições. Para isso quero compartilhar três momentos da história.

1. O momento do silêncio de Deus (1-6).
Quando o Antigo Testamento foi concluído, o último profeta que trouxe a mensagem de Deus foi Malaquias. Depois de Malaquias inicia-se o Novo Testamento com o Evangelho de Mateus. Mas, de Malaquias para Mateus existe um período de aproximadamente 400 anos chamado de INTERTESTAMENTÁRIO. Neste tempo Deus não mandou profetas na terra. Deus não ungiu reis. Deus não inspirou nenhum livro. Este período é conhecido como o tempo do silencio de Deus. Deus não falou, mas viu e agiu. Ele viu homens se passando por profetas e autoridades divinas. Ele viu reinos conquistando e sendo conquistados. Ele viu livros sendo escritos como inspirados. Ele viu tudo, observou tudo, mas permaneceu em silencio. Nesta história também temos o momento do silencio de Deus.
• Foi depois que retornou de madrugada ao Templo, e o povo se reuniu em volta para ouvir seus ensinamentos, algo que deve ter acontecido no pátio. Depois de ter seu ensino interrompido e ouvido tudo o que o grupo tinha a dizer Jesus em silêncio começa a escrever no chão. Mas o que ele via?
a. Ele via pessoas brincando com pecado;
A mulher brincando de adulterar; Jesus, via ser trazido diante dela uma mulher israelita, filha de Abraão. Como pode alguém que teve, em muitas oportunidades, ensinos sobre a lei, sobre o amor e a obediência a Deus se deixar levar por uma atitude tão baixa. Será que esta mulher pensou que poderia ficar impune. Com certeza ela deve ter pensado “nunca serei pega”. Ela foi ela para cama com um homem que não lhe pertencia. Ela com certeza estava brincando com o pecado.
• O adúltero brincando de esconde-esconde; E o homem, este Jesus nem via em sua frente, mas como Deus com certeza sabia quem era e onde se encontrava. Este israelita detentor de todos os privilégios que a Lei lhe concedia como judeu e como homem, não soube lidar com os benefícios da Lei. Por isso, pela Lei também deveria ser julgado. Mas, onde estava ele. Como homem se deitou com uma mulher que não lhe pertencia, mas não foi homem suficiente para se apresentar para ser julgado.
Este casal brincava com o pecado. Brincava com fogo. Mesmo sabendo que poderia se queimar.
b. Homens brincando de religiosos;
Eles vieram trazendo só a mulher; Não é dito quando e como essa mulher foi flagrada no adultério. No entanto, escribas e fariseus haviam se apoderado dela e a feito ficar de pé no meio de todos. Deve-se imaginar um círculo de ouvintes em torno de Jesus e um espaço vazio, no qual é colocada a mulher. Em voz alta é proclamada sua infâmia, enfatizado especialmente em tom acusador o “apanhada em flagrante”. No seu zelo hipócrita não se apercebiam do fato de estarem levantando um problema de natureza moral no lugar mais sagrado da terra: o Templo. Para os inescrupulosos e legalistas, não precisa haver nem lugar nem hora para exibirem sua religiosidade falsa. O primeiro erro foi que apresentaram somente a mulher. A lei era clara “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera” (Lv 20.10). “Se um homem for achado deitado com uma mulher que tem marido, ambos morrerão o homem e a mulher” (Dt 22.22).
• Vieram com segundas intenções; Esses homens nem estão preocupados com o pecado e o combate a ele. Para isso eles não precisariam de Jesus. Está em jogo para eles a luta contra Jesus. Esperavam pegá-lo de maneira inescapável.Se Jesus recomendasse a clemência, ele se colocaria em oposição à lei de Moisés. Se ele recomendasse o apedrejamento entraria em choque com a jurisdição romana, que reserva para si o direito de aplicar pena de morte. Alem de que Jesus iria contra seus próprios ensinos, pois dizia que veio ao mundo para salvar o pecador.
• Eles não perceberam que agindo assim condenavam não a mulher, e sim eles. Afinal, torna-se claro que seu zelo não se dirige realmente a Deus e aos mandamentos de Deus, mas é governado pela mentira e pelo ódio. Como é terrível quando se luta contra uma pessoa que odiamos, tentamos usar o próprio Deus para atingirmos nosso objetivo. Este foi seu segundo erro.
Jesus então escreve com o dedo na areia e o gesto os incomoda.
Incomoda porque não atende as exigências dos homens. Eles querem palavras não silêncio.
Mas, Jesus apenas observa em silencio.

2. O Momento da razão (7-9).
a. Onde o pecado achou o pecador;
• No Livro de Números Moisés, depois de delegar obrigações e responsabilidades para o povo, pronuncia um principio que se aplica muito bem a esta história. Disse Moisés: “Porém, se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o SENHOR; e sabei que o vosso pecado vos há de achar.” (Nm 32.23).
• O ódio era patente e persistente. De uma forma ou outro Jesus tem de ser forçado a responder. Será que Jesus poderá escapar? Será que ele está em silêncio por embaraço? Ou será que “escreveu” algo significativo na areia? Com essa atitude Jesus mostra o quanto ele se considera afastado de toda a hipocrisia de seus adversários. Depois, porém, quando os inquiridores continuaram a pressioná-lo, ele se põe de pé. E agora se a resposta que faz ruir toda a trama e que subitamente transforma os adversários triunfantes em derrotados e condenados: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. A Lei dizia: “Por depoimento de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por depoimento de uma só testemunha, não morrerá. A mão das testemunhas será a primeira contra ele, para matá-lo; e, depois, a mão de todo o povo; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” (Dt 17:6-7)
b. Onde ninguém ousou de atirar pedras;
• Jesus não a contradiz Lei Ele AMPLIA. Uma adúltera em Israel merece a sentença de morte. Pois bem, levem a lei a sério, comecem com o apedrejamento! Porém – o primeiro dentre vocês a lançar uma pedra, seja aquele que for sem pecado! “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.” (Mt 5:27-28). A acusação não deu em nada porque não havia acusadores, Porque todos pecaram. Todos são mentirosos, acusadores, adúlteros. Os religiosos de Israel, que com toda a certeza mantiveram a fidelidade matrimonial são réus no juízo do Sermão do Monte, motivo pelo qual nenhum deles pode atirar a primeira pedra contra a mulher adúltera. Perante todos está a grande pergunta: onde, afinal, se pode achar o perdão? Jesus é a única resposta a essa pergunta. Por isso ele profere o perdão para a única pessoa que permaneceu diante dele. Porém a história ainda não acabou, Falta o último momento.

3. O Momento do Perdão (10-11).
a. Onde o pecador é livre do pecado;
• A mulher não saiu com os outros. Não fez uso da oportunidade para escapar. Poderia ter fugido, mas não conseguiu afastar-se de Jesus. Ainda tinha ouvido a palavra do “Mestre”. Ele ainda não tinha decretado seu veredicto sobre ela. O único que poderia acusar era ele porque não tinha pecado. Porém Jesus não veio para condenar e sim para salvar. E foi isso que fez. Com amor salvou a mulher. Seu amor foi demonstrado pelo perdão. Jesus não trata o pecado levianamente, nem o desculpa. Ele tomara o pecado dela sobre si. Para Jesus prevalece nitidamente o que mais tarde Paulo expressará em tons doutrinários: “Não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). Pessoas exteriormente limpas e “boas” não são interiormente diferentes que os “pecadores” manifestos, trazendo profundamente dentro de si o gérmen de todos os pecados.
b. Mas, não adquire licença para pecar;
• Da mesma forma que ninguém tem o direito de acusar, o pecador regenerado, restaurado, justificado e perdoado por Cristo NÃO TEM O DIREITO DE PECAR. Jesus depois do perdão não da nenhuma certidão de que autoriza o pecado. Quando eu era jovem eu tinha a carteirinha de SAPO. Em tom de brincadeira esta carteirinha dava o direito a quem possuísse de entrar em qualquer conversa, em qualquer brincadeira, em qualquer recinto (aberto ou fechado), sem ser convidado. Neste caso a mulher pecadora não teve nenhuma carteirinha. Ela foi orientada por Cristo “Vai e não peque mais”
Com soberania de juiz, Jesus proclama a sentença de soltura: “Vai!”. Havia perigo pela frente, mas na ordem divina reside simultaneamente a força para enfrentá-lo como a disposição para cumpri-la.

Deus abençoe
Pr saulo César - ICe Campo Grande

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente: