terça-feira, 5 de outubro de 2010

TOMÉ


Jo 20.19-31


Existem muitos que só acreditam vendo. Mas, porque eu devo crer que Jesus vive?
Porque, aquele que crê recebe a vida. O texto que lemos ensina esta verdade:

1. Jesus revela aos seus discípulos que está vivo (19-23).
a. Trazendo a paz; “Ao cair da tarde do primeiro da semana”, os discípulos estavam reunidos, cheios de perguntas, e medo com as portas fechadas e trancadas. Torna-se clara a nova forma de existência do Senhor Jesus. Ela é física e real que traz visíveis em seu corpo as chagas de sua morte, podendo desse modo demonstrar aos discípulos a identidade de Crucificado. Ao mesmo tempo, porém, além das leis da matéria. Atravessando portas fechadas, de repente está dentro do recinto, no meio deles.
• Não se ouve nenhum tom de recriminação. Não é feito nenhum acerto de contas. No primeiro reencontro, Aquele que foi abandonado pelos discípulos, negado por Simão Pedro, não possui nada mais que as palavras “Paz seja convosco!” A primeira palavra de Jesus foi uma simples saudação, que todas as pessoas em Israel usavam: “Paz seja convosco.” As pessoas desejavam “paz” umas às outras, sendo que a palavra “shalom” (“paz”) abrange toda a salvação. Porém agora, usada por Cristo a “paz” depois de tudo que havia acontecido torna-se uma palavra nova e especial. Jesus conquistou essa paz na cruz. Ao “mostrar as mãos e o lado”, Jesus, além de comprovar que era real, tinha também a intenção, de mostrar que foi justamente por causa dos ferimentos que recebeu, poderia chegar até eles com paz plena. Com a “paz” ele mostrava aos discípulos que nada mais havia que pudesse atrapalhar a comunhão. Tudo foi perdoado e apagado.
b. Enviando para que levem a paz; Mas, Jesus prossegue: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” Jesus já havia falado do envio dos discípulos nos “discursos de despedida”. Naquela ocasião, porém, ainda eram palavras “proféticas”. Mas agora, depois da cruz e da ressurreição, elas se tornam realidade.
• Nesse momento “ele os estava enviando assim como o Pai havia enviado”. Ao serem enviados, os discípulos são inseridos no projeto que saiu do coração do Pai e penetrou no mundo pela entrega do Filho. Cabe lembrar que, no pensamento israelita havia uma regra, ou seja: “O enviado é como aquele que o envia.” Por isso, tanto o falar como o agir dos discípulos deveriam corresponder e apresentar as mesmas características do amor, da verdade, da humildade e do poder de Jesus. Nesse sentido, o termo “como” também é comparativo. Os discípulos, assim como Jesus, que cumpriu todos os propósitos do Pai que o enviou, deveriam também assumir e cumprir o envio do mestre.
c. E soprando sobre eles a paz. Dois princípios foram estabelecidos no envio dos discípulos.
• O primeiro foi o estar cheio do Espírito. João informa que: “havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo!” Só o Espírito de Deus concede a verdadeira visão do homem perante Deus e somente sob a palavra orientada pelo Espírito se torna manifesto o que está oculto no coração. Com Espírito de Deus os discípulos seriam capazes de perceber como o pecado leva o homem à pratica de atos condenáveis, e apesar disso amar e se sacrificar por ele.
• O segundo principio é levar o perdão: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados.” A expressão “perdão dos pecados”, apesar de ser vista somente aqui no evangelho de João, contudo, seu ensino pode ser constantemente visto em todo o evangelho.
• Nesse caso os discípulos deveriam ter a plena certeza de que o perdão não é apenas uma palavra que sai sem nenhum sentimento, mas sim que representa uma situação plenamente real, do homem com Deus, com ele mesmo e com o próximo. Por isso Jesus anuncia expressamente: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados.” Se Jesus veio para salvar, não para julgar, mas, não obstante, sua vinda também tornou-se um juízo para aqueles que não o aceitaram, a continuação de seu envio não pode ser diferente.
• Quando a remissão dos pecados não é aceita ou nem sequer desejada, os pecados permanecem tendo poder mortífero sobre as pessoas. “Não remir” se transforma em “reter” os pecados. E também nesse caso não se trata apenas de opiniões e idéias dos discípulos, porém que tenham consciência que sua ação pode levar a salvação como ao julgamento. Se tanto remir quanto reter os pecados são tão eficazes e decisivos, seria necessário que os discípulos tivessem uma premissa para cumprir essa tarefa. E esta premissa está no ter o Espírito como orientador e guia.

2. Jesus exige que seus discípulos confiem que ele vive (24-31).
a. Para que mostrem sua fé; Anteriormente a estes encontros Jesus já havia se manifestados às mulheres, porém eles não acreditaram no testemunho delas, ”apenas mulheres”, viram ao Senhor. Isso não convence (Lc 24.10-11).
• Mas, “Ora, Tomé, um dos doze” não estava presente e mesmo com o testemunho dos outros ele não creu. “ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.” Para ele, nem sequer ver a Jesus seria suficiente, pois mesmo isso pode ser mera “visão”. Com o dedo e com a mão ele quer se convencer de modo palpável que aquele que apareceu a seus companheiros realmente é o Jesus que morreu na cruz. Para Tomé a ressurreição de Jesus seria decisiva. Ainda que tenhamos as impressões mais profundas e comoventes de Jesus, de seu amor, seus milagres e ensino, tudo isso não seria suficiente para salvação se não fosse sua morte e ressurreição. Por essa razão, Tomé tampouco é rejeitado como “duvidador” por seus irmãos nem pelo próprio Jesus. Ele não “duvida” por gostar de criticar e saber melhor as coisas. Ele duvida por aflição e por ardente anseio de certeza. Por isso, mesmo não tendo a certeza ele não se separou dos demais e “Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles.”
• Em seguida, Jesus se volta e diz: “Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas (ou: não te tornes) incrédulo, mas crente.” Como em toda a sua atuação, também agora Jesus visa o pecado, a incredulidade, e não a pessoa de Tomé. Tomé não é reprimido por Jesus, mas atingido pelo seu amor. Jesus conhecia as dúvidas e indagações de Tomé. Por isso permitiu a ele ver o que os outros que não haviam crido no testemunho das mulheres, viram. Mas, permitiu também que Tomé fosse além, ou seja, fazer exatamente o que, ele havia colocado como condição para crer na ressurreição de Jesus o “colocar a mão’.
b. Para que sejam felizes; Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” Tomé compreendeu agora o que o próprio Jesus tentara mostrar aos seus discípulos: “Quem vê a mim, vê ao Pai eu estou no Pai e o Pai está em mim?”Tomé e vê em Jesus seu “Senhor” e seu “Deus”.
• Mas, Jesus tem uma palavra conclusiva para Tomé: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste. Bem-aventurados os que não viram e creram (ou: chegaram à fé)”. Não é necessariamente uma acusação, pois, também aos outros discípulos fora dado “ver”, todos os apóstolos puderam usufruir da comunhão visível com o Ressuscitado, para serem “testemunhas de sua ressurreição” de uma forma especial. Nisso Tomé não é nem pior nem mais incrédulo que os outros. Contudo Jesus estava indo além daqueles que tiveram contato com ele. Vendo, tocando e o apalpando. Jesus estava antevendo um grupo para qual ele não precisaria aparecer e lhes mostrar as mãos o lado para que pudessem crer.
• A dois mil anos atrás Jesus visualiza a sua igreja. Multidões incontáveis “que não viram”, mas, chegarem à fé. Por isso Pedro escreve às igrejas: “A ele, não o havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1Pe 1.8).
Por isso Jesus declara que esses crentes são bem-aventurados.
c. E Nele encontrem a vida. Visto que com a confissão de Tomé e a bem-aventurança daqueles que não vêem e mesmo assim crêem João estava diante de um final claro para seu evangelho, ele encerrou o livro nesse ponto com uma palavra de conclusão.
• João relata que: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.” Ele está plenamente consciente de ter trazido somente uma seleção relativamente pequena dos sinais que Jesus realizou. Fatos que ele conhece, no entanto, não relata, pois o importante para ele é que tudo que escreveu poderia fortalecer a fé. A vontade de João é que a igreja conheça a Jesus e aprofunde neste conhecimento através dos sinais que ele descreve, para que possa crer nele de modo mais fundamentado e sensato. Pois, para que, crendo, tenhais vida em seu nome. Porque Jesus é o único que, a partir da crença Nele, pode dar vida eterna.
O “ensino” serve à “vida”, e a “vida” não pode ser separada do “ensino”, do “nome” de Jesus.
Deus abençoe
Pr Saulo César

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