quarta-feira, 3 de junho de 2009
1 Coríntios - 1Co 6.1-11 - Estudo Biblico
COMO LIDAR COM AS DISPUTAS NA IGREJA?
TRADUÇÃO PRÓPRIA
1) Como alguém do vosso meio tem coragem, tendo disputa contra outro, levá-la a juízo perante os injustos, e não perante os santos?
2) Ou não sabeis que os santos ao mundo julgarão? E se vós julgarão o mundo, não sois dignos de juízos minímos?
3) Não sabeis que julgaremos anjos? Quanto mais as coisas relativas a esta vida!
4) Se tiverdes que julgar negócios relativos a esta vida, vós constituís como juízes justamente aqueles que a igreja menospreza?
5) Para vergonha vossa digo. Não tem em vosso meio nenhum sábio, o qual através da razão possa julgar entre irmãos?
6) Contudo, irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isso perante incrédulos?
7) Só fato de haver ações judiciais entre vós, já significa inteira derrota. Por que não preferem sofrer o prejuízo? Por que não preferem sofrer defraudação?
8) Mas, pelo contrário, vós violais o direito e defraudais, e isto aos próprios irmãos.
9) Ou não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não se enganem: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem quem se deita com homem e mulher,
10) nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem insultadores, nem extorquiadores herdarão o reino de Deus.
11) Alguns de vós éreis assim, mas fostes limpos, separados e justificados em o nome do Senhor Jesus e no Espírito do nosso Deus.
IDÉIA EXEGÉTICA
As disputas entre os irmãos devem ser resolvidas dentro da igreja, pois a igreja julgará o mundo e os anjos. Além disso os descrentes não têm competência para julga-las. Então, procurem alguém capacitado na igreja ao invés de irem procurar os de fora. Além do mais, as ações entre vocês não deviam existir, elas só causam vergonha e diminuem a igreja e ocorrem porque vocês querem tirar proveito em tudo, enganando seus irmãos. Sendo assim, não se desviem da verdade. No passado vocês eram pervertidos e estavam fora do Reino de Deus, mas agora estão limpos destas imoralidades por meio de Cristo.
ESBOÇO EXEGETICO - Versos 1-11:
I) As disputas entre os irmãos devem ser resolvidas dentro da igreja, pois ela julgará o mundo e os anjos (1-3).
a. As disputas devem ser julgadas dentro da igreja e não pelos tribunais descrentes (1).
b. As disputas devem ser julgadas dentro da igreja, pois ela julgará o mundo e os anjos (2-3).
II) Os descrentes não têm competência para resolver seus conflitos, então procurem alguém capacitado na igreja ao invés de irem até eles (4-6).
a. Os descrentes não têm competência para resolver os conflitos da igreja (4).
b. Os descrentes não têm competência para resolver os conflitos, então procurem na igreja pessoas qualificadas para julgá-los (5-6).
III) As ações entre vocês não deviam existir, elas só causam vergonha e diminuem a igreja e ocorre porque vocês querem tirar proveito em tudo, enganando seus irmãos. (7-8).
a. As ações entre vocês não deviam existir, elas só causam vergonha e diminuem a igreja (7).
b. As disputas têm diminuído a igreja, e ocorre porque vocês querem tirar proveito em tudo, enganando seus irmãos (8).
IV) Sendo assim, não se desviem da verdade. No passado vocês eram pervertidos e estavam fora do Reino de Deus, mas agora estão limpos destas imoralidades por meio de Cristo (9-11).
a. Não se desviem de verdade, os pervertidos não herdarão o Reino de Deus (9-10).
b. Não se desviem da verdade, vocês eram pervertidos, mas agora vocês estão limpos destas imoralidades por meio de Cristo (11).
COMENTÁRIO
I. INTRODUÇÃO:
Paulo através dos capítulos vai nos revelando o que acontecia na igreja de Corinto (Boor)[1]. Não é de se admirar que poderiam surgir demandas entre eles. Corinto era uma igreja dividida em partidos (1.10-13), diminuía a importância da cruz e dava ênfase a sabedoria humana (2.18; 3.18-19), tolerava pecados que nem entre os pagãos se aceitavam (5.1), segundo Prior os coríntios eram “presunçosos competitivos e dogmáticos” e a prática de levarem uns aos outros aos tribunais havia se tornado um hábito entre eles (Prior)[2].
Paulo gradualmente vai repreendendo as práticas condenáveis e os pecados que a igreja de Corinto cometia. Paulo no capítulo anterior insiste na necessidade da igreja não se omitir da responsabilidade de disciplinar seus membros. “Quanto aos que são de fora” não é a função da igreja julgá-los “Os de fora, porém, Deus os julgará”, esclarece Paulo (5.12-13). No texto em questão ele usa o mesmo peso e medida. Da mesma forma que os crentes não poderiam julgar os de fora, os de fora não deveriam ter qualquer influência ou resolução sobre disputas internas da igreja.
Para efeito de estudo dividiremos o texto em duas seções: A primeira focalizando a argumentação e defesa de Paulo, frente a atitude de alguns terem levado as suas disputas internas à tribunais descrentes (vs 1-8). A segunda focalizando a condição e a posição do cristão frente a uma sociedade pervertida, degenerada e corrupta (vs 9-10).
A. PRIMEIRA SEÇÃO (1-8):
1-3. Como alguém do vosso meio tem coragem, tendo disputa contra outro, levá-la a juízo perante os injustos, e não perante os santos? Ou não sabeis que os santos ao mundo julgarão? E se vós julgarão o mundo, não sois dignos de juízos minímos? Não sabeis que julgaremos anjos? Quanto mais as coisas relativas a esta vida!
O vocábulo grego tolmaw (tolmao) usado por Paulo no início do versículo normalmente é usado para indicar coragem e audácia, porém Paulo faz uso dele de forma negativa para enfatizar o sentimento de indignação que sentia por eles procurar meios não cristãos para julgarem suas disputas. Ao contrário, Paulo deixa claro na sua argumentação, através dos versos que se seguem, que a consciência cristã deve ser influenciada pelo Espírito Santo, fator que contribui para fazer da igreja um tribunal melhor e mais sábio do que qualquer tribunal secular “já que estão limpos das perversidades” (11). A palavra disputa (pragma - pragma) é usada de maneira geral para indicar que havia um processo judicial e legal de qualquer espécie em andamento em decorrência de um negócio ou uma transação comercial. Os problemas que estavam gerando essas disputas poderiam ser variados, envolvendo dinheiro, propriedades, transações comerciais, testamentos e contratos[3].
Podemos supor também que poderiam existir outros, pois na igreja de Corinto havia divisões e algum grupo poderia estar lutando pelo domínio da igreja. Outro problema seria relacionado a direitos conjugais, pois nos versos sete e oito Paulo usa o verbo aposterew (apostereo - defraudar)[4] com mesmo sentido usado na orientação aos casais em 1Co 7.5 onde se diz: “Não vos priveis (aposterew) um ao outro”. Portanto também não seria nenhum absurdo imaginar que poderiam estar ocorrendo problemas de privação de direitos conjugais e imoralidades como o relatado no capítulo cinco.
a. As disputas devem ser julgadas dentro da igreja e não pelos tribunais descrentes (1).
Não que os descrentes fossem necessariamente injustos nas suas decisões. A posição de Paulo em classifica-los como injustos (adikov) não está ligada a sua competência como juizes da comunidade, mas a incompetência deles em julgar casos relacionados à igreja, por não fazerem parte da mesma. Eles não regulamentavam seus valores pela lei divina, mas pela lei dos homens. Não eram “justificados”, logo não eram “justos” (Morris)[5].
b. As disputas devem ser julgadas dentro da igreja, pois ela julgará o mundo e os anjos (2-3).
As palavras de Paulo ao colocar esses fatos soam de forma irônica, como se Paulo perguntasse: “Isso é estranho para vocês que se julgam tão sábios”? Essas afirmações (vs. 2-3) não são invenções de Paulo. São afirmações escatológicas e se refere ao estabelecimento do Reino messiânico onde os santos julgarão o mundo juntamente com Jesus, no Dia do juízo final. Esta idéia encontra-se em Apocalipse onde João viu tronos e nestes se assentaram “aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar” (Ap 20.4), em Dn 17.22, onde se diz que os santos possuíram o reino. Também ratifica o ensino de Jesus, que no reino do Messias, os apóstolos se sentarão "em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel" (Mt 19.28) (Champlim)[6] e de Ap 3.21 que “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono” e Rm 8.17, que somos co-herdeiros com Cristo.
Para reforçar Paulo acrescenta “Não sabeis que julgaremos anjos?” (3). Segundo o conhecimento do NT. os anjos, apesar de sua alteza, estão de certo modo subordinados aos santos eles são: “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14). A maioria dos comentaristas, entre eles Champlim[7] e Boor[8], entende que esse julgamento provavelmente inclui a idéia de anjos decaídos, que se encaminham ao juízo conforme 2Pe 2.4 e Jd 6. Entendo que não podemos precisar com absoluta certeza se julgaremos somente os anjos maus ou todos os anjos, importa que á luz destes fatos, os santos são competentes para solucionar suas disputas internas. Paulo ao confrontá-los com está condição de julgadores do mundo e dos anjos, também os coloca frente a uma contradição, pois como julgarão o mundo e os anjos se não podem julgar coisas mínimas do dia a dia?
4-6. Se tiverdes que julgar negócios relativos a esta vida, vós constituís como juízes justamente os que a igreja menospreza? Para vergonha vossa digo. Não tem em vosso meio nenhum sábio, o qual através da razão possa julgar entre irmãos? Contudo, irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isso perante incrédulos.
O versículo quatro pode ser interpretado de várias maneiras. De forma afirmativa como está na tradução revista e atualizada ou de forma interrogativa como na Versão Revista da Bíblia em Inglês[9]. Também poderia estar dizendo que os crentes mais insignificantes e menos aceitos na igreja são mais dignos de julgar as disputas internas, do que as autoridades pagãs. Ou também estar se referindo aos descrentes, pessoas desprezadas por serem de fora, portanto, injustas e incompetentes para julgarem as causas da igreja. Existem muitas divergências quanto ao grupo a que Paulo esta se referindo. Para Champlim bons erodidos têm defendido um ou outro grupo, não havendo qualquer maneira de determinar qual é o certo, e que a escolha de um ou de outro grupo não influencia na argumentação de Paulo [10].
a. Os descrentes não têm competência para resolver os conflitos da igreja (4).
Para Champlim a escolha de um ou outro grupo não influenciará na argumentação de Paulo[11]. Porém, Morris contra-argumenta que ao aceitar os padrões de Cristo, os cristãos deliberadamente puseram de lado os padrões do mundo, padrões que não são nada e os que julgam por eles também não são nada[12]. Outro também favorável a escolha de que Paulo estava se referindo à descrentes é Boor que diz: “a igreja de Corinto, que se sente tão rica em Espírito e sabedoria e olha com desprezo aos gentios ao seu redor, deveria entender que os juízes gentios não são dignos e acertar essas contas entre si” [13]. Entendo que a forma interrogativa se aplica melhor no texto, já que depois do verbo “constituís” (Kayizw - kathizo), no original grego existe um (;) interpretado por (?) no português. Também baseado no contexto e no que disse tanto Morris quanto Boor, entendo que Paulo estava se dirigindo aos de fora, aqueles que deveriam ser consideradas desprezíveis e incompetentes para julgarem as disputas da igreja.
b. Os descrentes não têm competência para resolver os conflitos, então procurem na igreja pessoas qualificadas para julgá-los (5-6).
Os envergonhados por Paulo. Onde estava a “sabedoria” da qual tanto se orgulhavam. Será que essa sabedoria não seria suficiente para apaziguar esses pequenos conflitos? Será que na igreja não possui ninguém com sabedoria suficiente para julgar essas disputas tão simples? Segundo Morris o termo julgar (diakrinw - diakrino) neste verso tem o sentido de “dar uma decisão” e não “conduzir um julgamento”. A palavra não se aplica a um litígio, mas em solução amigável por meio de um arbitro[14]. Ao contrário, procedendo desta forma eles estavam degradando a igreja de Cristo e a estatura do crente no mesmo nível dos incrédulos. Paulo fundamenta sua censura sobre três aspectos: Primeiro, era uma vergonha que no meio cristão surgisse disputas sobre questões mundanas. Segundo, era uma vergonha que essas disputas levasse um crente a processar legalmente seu irmão na fé. Terceiro, a maior e pior vergonha é que tais disputas fossem levadas para fora dos limites da igreja[15].
7-8. Só fato de haver demandas, já significa inteira derrota para vós. Por que não preferem sofrer injustiça? Por que não preferem sofrer o dano? Mas, pelo contrário, vós violais o direito e defraudais aos próprios irmãos.
Só existência de tais problemas entre eles é indicio de falta de compreensão espiritual, pois as disputas não deviam existir entre eles, elas só causam a vergonha e diminuem a igreja. Ele condena a noção inteira do “processos legais”, movidos por irmãos na fé contra outros, ao invés disso, preferia que houvesse um simples “arbitro” entre eles para conduzi-los a uma solução amigável. Segundo Morris os coríntios estavam cometendo um duplo pecado: pecavam contra os padrões éticos e contra aos irmãos da fé[16]. O uso do verbo aposterew (apostereo), traduzido como defraudar[17], além de indícios de disputas comerciais como sugere Champlim[18], também indica problemas conjugais, como já vimos acima.
a. As ações entre vocês não deviam existir, elas só causam vergonha e diminuem a igreja (7).
O ponto que Paulo assinala é que quando se abre um processo contra outro irmão já é uma derrota, seja qual for o resultado do processo. Para ele até aqueles que forem injuriados devem sofrer o dano, a injustiça e não procurar desforra. Segundo Champlim a principal preocupação de Paulo não era fazer “justiça”, isso seria uma questão secundária, antes fazer o que Cristo recomendara “dar a outra face” conforme manda Jesus em Mt 5.39[19]. Os cristãos foram chamados para uma parceria com Cristo e os coríntios estavam andando na contra mão.
b. As disputas têm diminuído a igreja, e ocorre porque vocês querem tirar proveito em tudo,
enganando seus irmãos (8).
Os coríntios não hesitavam em levar vantagem financeira, mesmo desonestamente e não poupavam nem aos irmãos que compartilhavam da mesma fé. Seu estilo de vida não era compatível com seu novo relacionamento com Deus, pois “se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5.17). Eles estavam longe de do padrão que Paulo estava ensinando. Havia uma discrepância entre o que eles aparentavam e o que de fato viviam[20]. Os coríntios não estavam prontos para sofrer a injustiça, mas segundo Paulo eles estavam ativamente praticando injustiças. A censura de Paulo é clara, na prática estava dizendo: “se um irmão alugar sua casa e não pagar, a idéia de contratar um advogado, está fora de questão” (kivitz)[21], seria preferível perder dinheiro do que entrar em litígio com o irmão.
B. SEGUNDA SEÇÃO (9-11):
9/11. Ou não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não se enganem: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem quem se deita com homem e mulher, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem insultadores, nem extorquiadores herdarão o reino de Deus. Alguns de vós éreis assim, mas fostes limpos, separados e justificados em o nome do Senhor Jesus e no Espírito do nosso Deus.
Termina aqui a série de perguntas retóricas, e inicia uma segunda fase (seção), focalizando a condição e a posição do cristão frente a uma sociedade pervertida, degenerada e corrupta. Paulo apela para o que é de conhecimento geral “os injustos não herdarão o Reino de Deus”, com certeza os coríntios deveriam saber que gente desta espécie seria excluída do reino. O termo “injustos” (adikov - adikos) está sem o artigo no grego, recaindo a ênfase sobre o caráter da pessoa e não sobre uma classe de “injustos” como aquela em que se refere o verso um[22]. Portanto, Essa afirmação não é para os de fora, pois não seria necessário dizer tão enfaticamente a respeito deles, essa advertência vale para os de dentro da igreja[23].
a. Não se desviem de verdade, os pervertidos não herdarão o Reino de Deus (9-10).
Havia muitas razões palas qual pode supor que os coríntios estavam se desviando da verdade. 1. poderiam estar se deixando levar ao padrão do mundo se esquecendo dos padrões de Deus. 2. Poderiam estar abusando e aplicando de forma errada o ensino de Paulo sobre a graça divina. 3. Poderiam estar sendo influenciados pelos gnósticos, que asseveravam que o corpo é sede do mal, e que nada pode ser feito para reverter esse mal. 4. Alguns deles judeus convertidos, poderiam pensar que só a crença em Deus era suficiente, mesmo sem o acompanhamento de uma vida santa[24].
Diante de uma igreja tão orgulhosa e superficial, que peca sem escrúpulos, é preciso realçar o outro lado da verdade, ou seja, aqueles que se desviarem da verdade não perseverando não se pode esperar que herdem o reino de Deus. A herança a que Paulo se refere é destinada aos filhos adotivos, transformados segundo a imagem de Cristo o “Filho de Deus” (Rm 8.14-16), co-herdeiros juntamente com Cristo das bênçãos celestiais (Rm 8.17). Porém aqueles que se portam de forma pervertida são filhos ilegítimos e de maneira nenhuma herdarão o reino. A afirmação de Paulo, se reveste de gravidade assustadora, pois Paulo coloca diante de nós pessoas com pecados bem definidos e declara que aqueles que desviam da verdade “não herdarão o Reino de Deus”, mesmo sendo membros de igreja[25].
Os pecados listados nos versos nove e dez, representam um meio para alcançar aqueles membros da igreja de Corinto que porventura estavam despreocupados quanto a sua condição espiritual. Dos dez pecados listados por Paulo, quatro dizem respeito à conduta sexual e três falam acerca de transgressão a direitos da propriedade ou direitos pessoais e outros três a idolatria, a blasfêmia e a bebedeira. Porquanto podemos admitir que os processos legais condenados por Paulo, poderiam estar relacionados aos pecados que eles deveriam evitar, também deixa a impressão de que os coríntios “inchados” do saber, estavam precisando ser questionados se esses pecados não poderiam se achar no meio deles. Com imensa facilidade condenamos os pecados cometidos “pelos de fora”, porém entre nós, os mesmos pecados não são considerados perigosos.
b. Não se desviem da verdade, vocês eram pervertidos, mas agora vocês estão limpos destas
imoralidades por meio de Cristo (11).
Os pecados enumerados indicam o baixo padrão moral da vida em Corinto, antes da chegada do evangelho. Por três Paulo usa a conjunção adversativa “mas” (alla - alla) para salientar o contraste entre a vida antiga que levavam e a experiência que tiveram em Cristo[26]. O evangelho ergueu os que o aceitaram para uma nova posição diante de Deus. Alguns deles obviamente haviam vivido na perversidade praticando todo tipo de pecado, até as imoralidades sexuais citadas por Paulo. Porém aconteceu um fato impressionante na vida de cada um deles. Com seu poder transformador o Evangelho os limpou, os separou e eles foram considerados justos por meio do Senhor Jesus e pelo Espírito de Deus. Esse lavar embora não se pode dizer com certeza que seja uma referencia ao batismo como em At 22.16, tinha havido uma purificação real na vida deles, ocorrida no momento da conversão e regeneração, que por sua vez, fora simbolizado pelo rito do batismo em água[27], podendo significar também a lavagem citada em Ap 1.5 “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” [28]. Ser separado (agiazw – hagiazo) se refere ao mesmo tempo que eles tinham sido separados para pertencerem a Deus e que haviam sido recipientes do poder santificante de Deus. Portanto, “considerados justos” ou “declarados justos” (dikaiow - dikaioo), termo judicial, empregado com relação aos absolvidos. Paulo o utiliza com referencia ao ato de Deus pelo qual, com base na morte expiatória de Cristo, Ele declara justos aos crentes e os aceita como Seus. É curioso que essa referencia se segue à referencia à santificação. Pode ser que Paulo sentisse que a santificação exigia ênfase especial. Ou talvez a questão seja que depois de a santificação tê-los lembrado do caráter implícito na vida cristã, a justificação salienta a
ação divina. Para Calvino todos os três termos se refere à mesma coisa, embora em diferentes perspectivas[29].
PRINCÍPIOS ENCONTRADOS NO TEXTO:
1) Paulo orienta que as disputas entre os irmãos devem ser resolvidas dentro da igreja, pois os descrentes não têm competência para julgá-las, visto que, quando os tribunais humanos julgam questões referentes à igreja de Cristo, há uma inversão de valores.
2) Deve ser procurado alguém sábio e capacitado para servir de árbitro e conciliador entre os irmãos da igreja.
3) As “ações legais” entre os irmãos não deveriam existir, elas só causam vergonha e diminuem a igreja. As disputas ocorrem porque, ninguém quer perder e querem tirar proveito em tudo, enganando uns aos outros.
4) Aqueles que se portam de forma pervertida não herdarão o Reino de Deus.
5) Os que eram pervertidos no passado agora estão limpos, separados e considerados justos das imoralidades por meio de Cristo, portanto não devem se desviar da verdade.
BIBLIOGRAFIA
· SHEDD, Russel P. “Bíblia Shedd - Antigo e Novo Testamentos”; 2.º edição, Revista e Atualizada no Brasil, São Paulo (SP) Edições Vida Nova – Brasília (DF) Sociedade Bíblica do Brasil, 1997.
· MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; 1.º edição, São Paulo (SP), Editora Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1999.
· BOOR, Werner de. “CARTA AOS CORÍNTIOS – Comentário Esperança”; 1.º edição, Curitiba (PR), Editora Evangélica Esperança, 2004.
· PRIOR, David. “A Mensagem de 1 Coríntios”; 1.º edição, São Paulo (SP), ABU Editora S/C, 1993.
· KIVITZ, Ed René. “Uma Igreja Como a Sua - Um Estudo Panorâmico de I Coríntios”; 2.º edição, São Paulo (SP), Editora Sepal, 1998.
· STAMPS, Donald Carol. “As Epistolas Paulina III 1 e 2 Coríntios”; 3.º edição, Campinas (SP), Editora EETAD - Escola de Educação Teológica das Assembléias de Deus, 1998.
· CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; 1.º edição, São Paulo (SP), Editora Hagnos, 2003.
· BOER, Orlando. “Pequena Enciclopédia Bíblica”; 1.° edição, Pindamonhangaba (SP), Instituto Bíblico das Assembléias de Deus.
· LUZ, Waldyr Carvalho. “O Novo Testamento Interlinear”; 26.° edição, São Paulo (SP), Editora Cultura Cristã, 2003.
[1] BOOR, Werner de. “CARTA AOS CORÍNTIOS – Comentário Esperança” pg. 106.
[2] PRIOR, David. “A Mensagem de 1 Coríntios” págs. 112/113.
[3] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg 78.
[4] Defraudar: Privar, iludindo ou usar subterfúgio. BOER, orlando.“Pequena Enciclopédia Bíblica”; pg 221.
[5] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg 75.
[6] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg 79.
[7] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg 80.
[8] BOOR, Werner de. “CARTA AOS CORÍNTIOS – Comentário Esperança” pg. 107.
[9] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg 76.
[10] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg. 80.
[11] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg. 80.
[12] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg 76.
[13] BOOR, Werner de. “CARTA AOS CORÍNTIOS – Comentário Esperança” pg. 107.
[14] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg 76.
[15] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg. 81.
[16] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg. 77.
[17] Defraudar: Privar, iludindo ou usar subterfúgio. BOER, orlando “Pequena Enciclopédia Bíblica”; pg 221.
[18] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg 78.
[19] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg. 81.
[20] KIVITZ, Ed René. “Uma Igreja Como a Sua - Um Estudo Panorâmico de I Coríntios”; pg 72.
[21] KIVITZ, Ed René. “Uma Igreja Como a Sua - Um Estudo Panorâmico de I Coríntios”; pg 61/74.
[22] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg. 77.
[23] BOOR, Werner de. “CARTA AOS CORÍNTIOS – Comentário Esperança” pgs. 108/109.
[24] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg 83.
[25] BOOR, Werner de. “CARTA AOS CORÍNTIOS – Comentário Esperança” pg. 110.
[26] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg. 78.
[27] CHAMPLIM, R. H. “O Novo Testamento Comentado Versículo por Versículo”; pg. 84.
[28] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg. 78.
[29] MORRIS, Leon. “I Coríntios – introdução e comentário”; pg. 78.
Pr Saulo César - ICE Campo Grande - MS
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graça e Paz Pr. Saulo!
ResponderExcluirparabéns, muitíssimo esclarecedor.