sábado, 26 de dezembro de 2009

Desejamos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz, saúde e bençãos a você e toda sua família.
Pr Saulo, Fran, Lucas e André.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pescadores de homens

Para capturar homens vivos
Lc 5.1-11

Os bons pescadores têm como características o zelo e o cuidado com seu equipamento de pesca e, por amarem seu oficio, não abandonam facilmente sua profissão. Ao se dirigir para o mar da Galiléia Jesus estava a procura de homens que tinham esse zelo, cuidado e amor pelo oficio. Alguns desses homens já o tinham ouvido em outras ocasiões, contudo, até aquele momento ainda não haviam pensado em segui-lo de forma integral e contínua. Foi nas margens do Mar da Galiléia que Jesus, determinou-lhes que o seguissem integralmente. Deviam ouvir seus ensinamentos e ser testemunhas de todos seus feitos. Neste encontro com os pescadores, nas margens do mar da Galiléia, um pescador se destaca. Seu nome era Simão, a quem, posteriormente Jesus chamou de Pedro.

Neste encontro de Jesus com Pedro visualizamos dois quadros:

1. Pedro “um pescador animado” (2-5).
a. Disposto a pescar (2):
Ele sabia o horário bom para pescar: Na pesca, além de se escolher um bom lugar, é imprescindível se saber a hora de pescar. Pedro e seus companheiros tinham o lugar. O Lago de Genesaré, também chamado de Mar da Galiléia por ser muito rico em peixes era muito freqüentado por pescadores e pelo povo da redondeza. Ali os moradores ganhavam sua vida e retiravam seu sustendo. Porém apesar do lugar ser bom é necessário saber a que horas dá peixe. Mas, que poderia não pescar nada: Tem dia (noite) que mar não está para peixe. Depois de uma noite cansativa em que, apesar de muito esforço não pescaram nada Pedro e seus companheiros, lavavam as redes. O melhor trabalhador poderá enfrentar momentos em que, apesar de todo o labor, “não alcança nada”.
b. Disposto a ouvir (3):
Cedeu o barco:
Em geral Jesus ensinava e pregava nas sinagogas, mas, por causa do tumulto que causava na cidade muitas vezes procurava lugares mais amplos para anunciar a palavra de Deus à multidão. Nesta ocasião ele se encontrava nas margens do lago. O texto diz que: rodeado por uma multidão, que o apertava, vendo dois barcos na praia, entra em um deles de propriedade de Simão.
Também afastou o barco da praia: Ao entrar no barco, Jesus pediu que Pedro o afastasse um pouco da praia, pois desejava encontrar um lugar melhor para observar seus ouvintes durante a pregação. O conteúdo dessa “pregação” do Senhor não é relatada. Consta apenas: “Ele se sentou e ensinou as multidões a partir do barco”. Cabe constatar que Simão aparece nitidamente como líder do empreendimento da pesca. É a ele que Jesus pede. É a ele que também pode pedir. Afinal, não faz muito tempo que Jesus curou sua sogra da febre (Lc 4.38s). Jesus está à vontade para pedir e esperar que Pedro coloque o barco à disposição do Senhor por tanto tempo até que Jesus conclua seu ensinamento.
c. Disposto a obedecer (4-5):
Lançando o barco no mar profundo:
Depois de ter concluído a pregação, embora Jesus soubesse que Pedro não havia pescado nada durante toda a noite, diferentemente do pedido acima, ordena: “Faze-te ao largo até o centro do lago, e lança as redes para a pesca”. A palavra “largo” no original significa "profundo".
Contrariando a lógica: Uma ordem estranha, pois se não haviam pegado nada a noite quanto mais de dia. Esta ordem contrariava a lógica de todas as regras de seu ofício. Porém, Pedro não contrariou aquele que lhe deu a ordem, ele responde: “Mestre (melhor: “chefe”) havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.”
Aplicação: A palavra Mestre, que no grego significa “superior” dá a quem a recebe a autoridade de ordenar e ser obedecido, pois este “superior” foi comissionado por Deus. Assim resposta de Pedro é a obediência. Pedro deve ter visto em Jesus o superior, o autorizado por Deus em ordenar uma excursão ao meio do lago em uma hora imprópria par a pesca. Na verdade, Simão não reconhece o filho do carpinteiro, que não entende nada da profissão de pescador, neste homem de Nazaré, mas vê o Senhor, que possui autoridade também sobre os animais do mar. Em razão disso, Simão responde: “Com base em tua palavra, porém, abaixarei as redes”. Na palavrinha, porém, ressalta a obediência; obediência de fé e confiança incondicional. Obediência que contraria toda a razão e toda a prática e experiência profissional.

2. Pedro "um pescador capturado" (6-11).
• Certo comentarista diz que entre outras, a razão para que ordenasse a Pedro que fosse pescar, era que o Senhor também tinha a intenção de capturar em sua rede o próprio pescador.
a. Pelo impacto da benção (6-7):
Ele pegou tanto peixe:
Ao lançar a rede ao mar apanharam tanto peixes que as redes se romperam e precisarem de ajuda para retirar os peixes que estavam na rede. A riqueza não deve ser guardada e sim compartilhada.
Que precisou de ajuda para puxar: Os companheiros, que foram ajudá-lo, também encheram os barcos, a ponto de quase irem a pique. Simão está pasmo de felicidade. Que extraordinário! Enquanto arrasta os peixes em sua rede, ele próprio cai na rede do Redentor! Foi pessoalmente capturado. Em tais momentos desfaz-se tudo que é exterior, tudo o que é formal e vem à luz tudo o que possa estar escondido e em segredo no coração humano.
b. Pela grandeza do abençoador (8-9):
Ele prostrou-se no chão:
O relato diz que Simão se prostrou perante Jesus sobre os ‘joelhos’. Até então, é improvável que Pedro tenha se ajoelhado alguma vez diante de Jesus. Por isso o seu gesto visa indicar que a experiência da pesca mudou o relacionamento entre Jesus e Pedro. Daquele momento em diante o Jesus seria seu “Senhor”. Em toda a obra, vemos que a riqueza, o tesouro, a benção não foi a grande pesca, e sim, o próprio Cristo. Jesus revela-se como uma “riqueza”, um bem tão precioso que não podem pode ser guardados nas redes do coração e da razão. Pensamentos, sentimentos e vontades humanas correm o risco de romperem-se e o barquinho da vida corre o risco de afundar diante da mais preciosa carga que uma vida humana já recebeu, na pessoa de Jesus Cristo. Por isso, o peixe pescado, deveria ser distribuído, ofertado de graça ao povo faminto que se encontravam às margens do mar. A confissão de Pedro “sou um pecador” indica que não era possível ver o poder miraculoso de Deus nem ouvir a palavra de Jesus sem ter consciência do pecado e da culpa!
Pois, o temor apoderou-se dele: Assim como Isaías ficou possuído pelo temor (Is 6.5), . Ele teme, pois como pecador iria perecer na presença de Deus. Porém, não é o conhecimento da sua santidade, nem tampouco o desejo de segui-lo que traz a destruição e morte, e sim, o desconhecimento e afastamento de sua vontade e de seu caminho. No NT deparamo-nos com o termo ‘assombro’ (thambos) apenas mais duas vezes (Lc 4.36 e At 3.10). Em todas estas ocasiões, este assombro aparece como decorrência de uma misericordiosa ação milagrosa de Jesus. Depois de Jesus ter curado um possesso em Cafarnaum lê-se: “todos foram tomados de grande assombro” (Lc 4.36). Em Atos dos Apóstolos, ao ser restaurado o aleijado, consta: “Encheram-se de admiração e assombro por isso que acontecera” (At 3.10). Somos tentados a perguntar: por que temor desenfreado, por que assombro? Não seriam de esperar antes alegria e louvor, quando Jesus, ou os discípulos em nome dele, curam e socorrem? O fato de hoje não sermos mais tomados de espanto e temor quanto Deus interfere é culpa da teologia barata que transforma o Deus, ao qual o próprio Jesus, o Filho, se dirige como “Pai santo”, em Deus fraco e manipulável que está sempre pronto para atender nossas determinações. Hoje, ao invés de ensinar a temê-lo muitos ensinam a usá-lo como se fosse um produto numa prateleira. Tanto o AT quanto o NT estão cheios dos testemunhos de que o ser humano se assusta e teme quando Deus se aproxima. Desse espanto sagrado, desse reverente temor é que Pedro está repleto, quando o Grande Deus se aproxima dele em um evento palpável, pela ação do Filho em quem ele reconhece o Messias ele se assombra.
c. Pela nobreza da missão (10-11):
Pois, foi reanimado:
Uma realidade nova atinge-o a partir de Jesus, a saber, que Jesus não sentencia nem condena o “pecador” que reconhece seu pecado e sua culpa, mas o agracia e o atrai para seu coração de Redentor. Jesus havia olhado amistosamente para o Pedro ajoelhado diante dele, dizendo-lhe: “Não temas!” Como o coração de Pedro deve ter ficado feliz quando foi alçado das profundezas da consciência de pecado para as alturas do perdão de pecados! Bem-aventurado é aquele que é conduzido ao arrependimento pela misericórdia do Senhor!
Para capturar homens vivos: O Senhor atribui uma nova vocação a Pedro através de uma linguagem que lhe era familiar. O pescador deverá capturar pessoas. Assim como Davi que foi tirado dos rebanhos de ovelhas para apascentar seu povo (Sl 78.71s). Pedro experimenta aqui uma dupla promoção: no futuro ele deve capturar pessoas e não mais peixes; e deve capturá-las para a vida e não, como até então em sua insignificante pesca, para a morte. Isso está também expresso na palavra do texto original, onde consta um termo composto de zoos e agreuo que significa capturar vivo. O pais da igreja traduziram esse versículo a “captura viva de pessoas” da seguinte forma: “Hás de vivificar pessoas”, ou seja, por meio da tua captura hás de ajudar pessoas a alcançar a vida eterna (Rm 6.23). Quem é capturado pelos pescadores de Jesus e passa do mar para a terra, na verdade, morrem para o mundo e o pecado, mas, é vivificado por intermédio da palavra da graça e recebe vida nova. Pedro obteve a incumbência de “Capturar homens vivos” e depois: “Apascenta-los”. A primeira instrução expressa a atividade evangelística, ou seja, a de capturar o bicho bruto e vivo e a segunda expressa aquilo o que a primeira não alcançava, ou seja, aponta para o cuidado diário e individual do pastor pelas ovelhas.
O lema desse relato é o seguinte: a principal coisa no evangelho não é renúncia, negação, mas glória, magnitude, alegria, que sobrevêm ao discípulo pelo fato de ter sido contemplado com a presença e o chamamento de Jesus.
Pontos a considerar:
1. A obediência ao chamado resulta diretamente da restauração do coração, o “deixar” das coisas que nos prendem na terra e renunciar ao que atrapalha a nova vida com o Senhor constitui o primeiro traço de um coração arrependido.
2. Nem todos são chamados para abandonarem sua profissão terrena. Mas, todos são chamados para fazerem da sua profissão um meio de alcançar almas perdidas e trazê-las ao reino de Deus.
Deus abençoe
Pr Saulo César ICE Campo Grande