quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Meu Deus

O C E N T R O
Rm 11.33-12.2

A carta de Paulo aos Romanos é a mais longa e a mais profunda de todas as cartas que ele escreveu. Alguns consideram que “Romanos” é o livro mais importante da Bíblia. Lutero chegou a dizer que se todos os Livros da Bíblia fossem destruídos e que apenas o Evangelho de João e a Carta aos Romanos fossem preservados, ainda assim o cristianismo estaria a salvo. Assim como Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram os Evangelhos narrando a vida e morte de Cristo, Paulo também, em Romanos, deixa o seu "O EVANGELHO” explicando a doutrina de Cristo.
Em Romanos Paulo apresenta o resumo da história humana
sob o ponto de vista bíblico e teológico. Nos três primeiros capítulos Paulo trata sobre o pecado. Ele relata que, mesmo Deus sendo apresentado ao homem, todos preferiram se afastar de Deus. Por isso todos pecaram, sofreram as conseqüências do pecado e carecem de Deus para serem salvos (3.23). Nos caps. 4 a 8 Paulo apresenta a solução para o pecado. Ele diz que o pecado somente é justificado pela fé no sacrifício de Cristo. Assim, onde abundou o pecado superabundou a graça (5.20) e que não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo (8.1). Nos caps. 9-11 ele aborda a questão de Israel. Israel rejeitou as promessas, a soberania e a justiça de Deus. Por ser incrédulo tropeçou, porém pelo seu tropeço veio a salvação ao mundo (11.12).
O texto que lemos é o centro da Carta aos Romanos ele encera a parte teórica e teológica e inicia a parte prática.
Mas, também neste texto Paulo faz referencia ao centro de todas as coisas, ou seja, o Eterno Deus. Nele Paulo ensina quem é Deus e como Ele deve ser cultuado.

1. Quem é Deus (11. 33-36).
A exposição feita nos capítulos anteriores exigiu de Paulo muita força e empenho, físico e espiritual. Mas, quando Paulo olha tudo que foi escrito, a obra torna-se poderosa demais para o próprio autor. Então ele passa louvar e considera o Criador da obra. Neste louvor ele considera os seguintes aspectos:
a. Deus é profundo (33). É como estar diante de um lago cujo fundo não pode ser visto. Pois apesar da água ser limpa ele é profundo. A riqueza, sabedoria e o conhecimento de Deus são profundos. Diante dela o ser humano reconhece seus limites. Seus juízos e caminhos são insondáveis e inescrutáveis. As palavras insondáveis e inescrutáveis significam a impossibilidade de ser averiguado e compreendido. Na verdade Deus satisfaz nossa fé, porém ele não satisfaz nossa curiosidade sobre Ele, pois isso é impossível. Os decretos eternos de Deus estão além da compreensão do homem, contudo são sábios e bons. Os atos divinos são todos misteriosos.
• Contemplamos Suas obras, no entanto por mais que nos esforçamos não conseguimos "como" foram feitas.
b. Deus é auto-suficiente: Três perguntas sublinham esta verdade: Quem, pois conheceu a mente do Senhor? Na verdade conhecemos Deus através das coisas por ele criadas, pelos seus feito e pelos seus decretos e leis. Mas, ir além disso, e tentar descortinar tudo o que passa na sua mente é loucura. Ou quem foi o seu conselheiro? Um governante terreno não pode ter seus olhos em todos os lugares. Por isso precisa de uma equipe de conselheiros. Suas ações e atitudes fluem dos conselhos e informações que eles trazem e dão. Deus, porém, tem os olhos sobre tudo e sobre todos. Quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? No seu governo Deus não é controlado por condições ou barganhas prévias. Ele não precisa afirmar-se perante ninguém. Não admite negociação em nada. As três perguntas chamam o ser humano, inclusive o mais sábio teólogo como Paulo, para uma reverência suprema. Paulo chegou a conclusão que por mais profundo fosse o seu pensamento, conhecimento e reconhecimento sobre a pessoa de Deus, ele ainda estava na superfície.
• Em 1Co ao falar sobre o amor ele dá base para esta argumentação: “em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13.6-13).
c. Deus é o centro: Apesar disso, Paulo não retira a validade de toda sua argumentação feita antes. Mas, exemplifica que a teologia precisa passar pela oração para que possa conduzir à adoração. Diante das profundezas, Paulo recebe a certeza de que Deus está integralmente no controle da história. Nenhum governo conseguirá impor-se a Ele. Deus é sobre todos. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. De acordo com esse “dele”, “por meio de” e “para ele”, O mundo se move. Não num movimento incerto, mas, dirigido e objetivo.
•Ele é o criador, o sustentador e o mantenedor do mundo. Deus é dinâmico e ativo. E todo esse dinamismo e atividade têm como objetivo conduzir o homem para Ele. Porque para ele são todas as coisas. Cumpre notar que essa onipotência desembocou integralmente em Cristo. Porque em Cristo Deus se revela e Nele não existe por parte de Deus nenhum mistério. Por isso, sejam dadas a Ele glória eternamente. Amém!

2. Como cultuar a Deus (12.1-2).
Partindo do pressuposto de quem Deus é a resposta que deve ser dada a Ele é o culto.
• Cultuar pela sua misericórdia de Deus: Uma parcela dos cristãos em Roma já vivia na fé há mais tempo que o próprio Paulo. Eram provados por perseguições e ricos em percepção espiritual e amor ativo. O fato de Paulo expor diante deles um grande sortimento de instruções não depõe contra o apreço que tinha por essa igreja. Por isso, não devemos presumir atrás de cada versículo problemas agudos em Roma. Afinal, exortação não é apenas para repreender problemas ou causadores de problemas, mas também para preveni-los. Por isso Paulo“Roga" (1). O sentido básico do verbo "rogar" da ideia de “anunciar”, “gritar”, “solicitar”, “exortar”. Porém, Paulo introduz toda a sua exortação na esfera do “Pai da misericórdia”. Assim, subentende que não é ele que está exortando mas, Deus. A MISERICÓRDIA significa não punição através da doação do perdão. Porém, não significa que Deus não age com autoridade. A MISERICÓRDIA não cai sobre nós como um anestésico, mas como quebrantador. O que Paulo objetiva na “misericórdia” é revelado pela expressão anterior “pois”, porque assim estabelece ligação com o campo de força anteriormente colocado.
• Com um culto racional: Os filósofos eruditos da época de Paulo, por serem contra os sacrifícios onde o sangue era abundante, pregavam um culto puramente a nível mental. Pois para eles deus era apenas um pensamento por isso, ao contrário de apresentarem um corpo desprezível, entendiam que o pensamento seria a dádiva mais sublime que se podia ofertar a Deus. É nesse sentido que glorificavam o “culto racional”. Ocorre que Paulo contraria bruscamente essa tendência da moda. Ele tira essa expressão dos filósofos e a preenche de forma nova: verdadeiramente “racional” é apenas um culto que responde de modo coerente e adequado à misericórdia de Deus em Jesus Cristo. Paulo traz a lembrança dos sacrifícios feitos nos cultos em que os corpos eram mortos sobre o altar. Porém, Paulo deixa claros que agora não trata de corpos de animais, mas sim do “nosso corpo”, e não se trata de corpo morto, mas de “sacrifício de corpo vivo”. Paulo não está convidando para o martírio, mas, à entrega do corpo e do corpo vivo. É como se exclamasse “Vivam para Deus!”. Com isso, o que Paulo vislumbra não é o culto delimitado, restrito a uma hora ou a um recinto, mas de vida inteira. É essa existência corporal do ser humano que está sendo solicitada. Não um corpo morto pelo pecado porém, comprado e vivificado pelo sangue de Cristo.
• Cultuar com consagração de vida: Esta consagração envolve corpo e espírito. O conceito que o cristão faz do corpo, como sagrado e templo do Espírito é único entre as religiões do mundo. Havia uma tendência de abusar do corpo por entenderem que este era essencialmente mau. Mas, Paulo pede que este sacrifício seja vivo para que o milagre da renovação e transformação seja visto e reconhecido como vontade de Deus. E não vos conformeis com este século, “não se amoldem ao padrão deste mundo”. O cosmos, uma vez criado belo e bom, não é mais um mundo sem problemas submetido a Deus. Por isso, precisa ser evitado para que seja experimentado a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Deus abençoe
Pr Saulo César - ICE Campo Grande - MS

A Paixão de Cristo

FOI POR AMOR - Mc 15.1-37
A páscoa é uma festa que Israel passou a realizar todos os anos para recordar o dia em que se libertou da escravidão do Egito. No dia da saída do Egito, cada família teve que preparar um cordeiro, assá-lo e comê-lo com ervas amargas. Comeram prontos para partir. Com sandálias nos pés, cinto na cintura e sem demora. Porém, Deus ordenou que o sangue do cordeiro fosse passado sobre as ombreiras das portas. Este seria o sinal para que o Anjo da Morte não entrasse na casa, pois vendo o sangue passaria sobre ela e não haveria morte entre eles. Pelo sangue do cordeiro foram livres da morte. Para isso, algumas providências foram tomadas.
• Escolheram um cordeiro perfeito (v. 5-6). Mataram o cordeiro (v.6). Aplicaram o sangue do cordeiro (7). Jesus foi o nosso cordeiro pascal.
• Um cordeiro perfeito. Que foi morto. E seu sangue, aplicado em nossos corações nos purifica do pecado e nos livra do inferno.

Por Amor Jesus sofreu e morreu! O texto de Marcos 15.1-37 nos revela o quanto ele amou:

1. Por Amor ele sofreu (15-21).
a. Ele foi torturado. A primeira tortura do condenado a cruz era a surra com chicote. A lei judaica orientava um açoitamento com critério. Usava-se um chicote com 4 tiras de couro e eram aplicadas 40 chibatadas. Porém, para o caso de não ultrapassar o limite da punição eles davam apenas 39. Mas, antes a pessoa era observada, para ver se suportaria o número de açoites. Se não pudesse suportá-los, o número era diminuído. Mas, muito diferentes e cruéis eram os açoites dos romanos. Para executá-lo eram usadas tiras estreitas de couro duro, trançados com pedaços de ossos e chumbos. Amarrado numa coluna baixa, com corpo curvado, o condenado era chicoteado por todos os lados. Não havia cautela nem limite de chibatadas. O limite seria o cansaço ou a plena satisfação da crueldade daqueles que davam a surra.
• As expressões mais usadas para ilustrar o sofrimento eram que o condenado era perfurado, dilacerado, recortado e moído. Suas veias e músculos ficavam expostos e muitos morriam diante da violência das chicotadas.
b. Ele foi ridicularizado: Para os romanos, o judeu era ser um desprezível. Agora os soldados tinham em suas mãos é o próprio “rei dos judeus”. Era preciso aproveitar essa oportunidade e dar vazão a sua crueldade. Com os meios que tinham à disposição, eles brincaram e humilharam o “rei dos judeus”. Vamos vestir o “rei” diziam. Neste “ato teatral” tiraram suas vestes e o cobriram com um manto vermelho usado pelos soldados. Agora vamos coroar o “rei” Então, ao invés de coroa de louros, foi feito uma de espinhos. Daqueles que cresciam em toda a Palestina e usados para acenderem fogueira e a cravaram em sua cabeça.
• Depois colocaram um caniço em sua mão e o saudavam (Salve, rei dos judeus) batiam na sua cabeça com o caniço, cuspiam e, pondo-se de joelhos, o adoravam.
c. Ele foi levado para cruz: Depois de terem feito a “festa” tiraram-lhe o manto e o vestiram com as suas próprias vestes. Ele foi finalmente conduzido para fora dos muros da cidade para ser crucificado no Calvário. Nas ruas movimentadas de Jerusalém Roma demonstra o seu poder os gritos eram “Fora com ele!”. Mas, a concepção dos judeus, uma execução “fora do acampamento” significa eliminação completa de Israel (Lv 24.14). Não era apenas um ato místico, mas um rompimento concreto dos vínculos sociais, culturais e religiosos do condenado com seu povo. A distancia entre a Fortaleza e o Golgota era estimada em 600mts mas, dizem os historiadores que Jesus foi forçado a andar pelos ruas da cidade por cerca de 4 quilômetros. Isso depois de uma noite sem dormir, durante a qual foi escarnecido, ridicularizado e severamente golpeado. No caminho, Ele ficou incapaz de carregar a cruz. Então Simão o Cireneu que aparentemente estava vindo de encontro ao cortejo, NÃO ERA AMIGO NEM INIMIGO, foi intimado a ajudar.
• Simão teve a honra de prestar serviços, não aos soldados, mas ao “Rei dos Reis”. Seu nome ficou registrado “Simão Cireneu, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo”. Que HONRA.
2. Por Amor ele Morreu (22-37).
a. Ele foi pregado:
O peso que se dava à crucificação entre os romanos era enorme: Um certo discurso dizia: “Já é um delito algemar um cidadão romano, um crime chicoteá-lo, praticamente alta traição matá-lo. O que, então, direi da crucificação? Chama a atenção que os evangelistas são breves e sem dar lugar para descrições horripilantes, resumem tudo três palavras: “Então, o crucificaram”. Eles não mencionaram os sofrimentos físicos de Jesus. Podemos levar em conta, talvez para evitar mais sofrimentos, pois seus leitores tinham as imagens bem vivas diante dos olhos.
• Então, o crucificaram. Arrancaram-lhe as roupas do corpo, jogaram-no no chão, puxaram-no com os braços estendidos e pregaram. O corpo pendurado nela, foi içado e preso no chão. Para impedir uma morte rápida, afixava-se no poste um apoio sobre o qual o crucificado pudesse sentar.
b. Ele foi ultrajado: A principal razão para que crucificação fosse tão aceita como punição aos condenados estava na sua eficácia como tortura, humilhação e exemplo. Mas, principalmente a humilhação. O povo judeu, em particular, tinha aversão à cruz. Primeiro porque na lei dizia: “O que for pendurado no madeiro é maldito de Deus” (Dt 21.22-23). Segundo porque a cruz era motivo de vergonha, pois lá, na hora que a cruz era levantada e intimidade do condenado era revelada. Terceiro porque a lei judaica dizia que o cadáver não deveria permanecer na cruz, mas, enterrado no mesmo dia. Porém dizem os historiadores que os romanos, com freqüência deixavam os crucificados para servirem de alimento para pássaros predadores. Desse modo sua humilhação era completa. Por isso que nos evangelhos temos mais detalhes da humilhação do que das dores e sofrimento.
c. Ele foi morto: O relato acerca da morte de Jesus é breve e simples, mas reveste-se de uma silenciosa magnitude. Os Evangelhos em geral preferem mostrar que a morte era um ato espontâneo daquele que “empenhou sua vida” para a salvação do pecador. Em geral a morte na cruz era uma agonia lenta e torturante. Por isso os gritos de dor com o qual Jesus prenuncia a sua morte constituem algo marcante e profundo. Na sua morte ele BRADOU, GRITOU. Foi o bardo mais sublime que já se ouviu. O mais importante. ESTÁ CONSUMADO.

Na cruz em 6 horas de sofrimento Jesus não desperdiçou palavras.Em 7 frases ele disse somente o necessário:
1. Palavra de PERDÃO: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Jesus ensinou e praticou o perdão. Sua principal missão foi trazer o perdão para uma humanidade. Ele demonstra isto até em seu momento de agonia, orando ao Pai para que a atitude dos soldados, e de todos os que zombavam e escarneciam, não fosse imputada a eles.
2. Palavra de SALVAÇÃO: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Após dar o perdão dos pecados, Jesus abriu as portas do paraíso para o ladrão e conseqüentemente para todos nós (João 14.1-3). Temos acesso a Deus através dEle(I João 2.1), e a todas as bênçãos decorrentes. Podemos ter a certeza de que estaremos no paraíso, pois quem nos garante isto é Jesus.
3. Palavra de CUIDADO E PROTEÇÃO: “Mulher eis aí teu filho... Eis ai tua mãe”(Jo 19.27). Jesus recomenda sua mãe a João e João a sua mãe, proclamando a grande fraternidade da família de Deus.
4. Palavra de UM FILHO DEPENDENTE: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46). Jesus tomou sobre si os nossos pecados. Deste modo é inevitável a separação.
5. Palavra de UM HOMEM SOFRIDO: “Tenho sede!” (Jo 19.28). Para demonstrar sua humanidade na cruz estava um homem sedento. Para que se cumprisse a Palavra: “Por alimento me deram fel e na minha sede me deram a beber vinagre” (Sl 69.21).
6. Palavra de UM TRABALHO REALIZADO: “Está consumado” (Jo 19:30). Jesus estava cumprindo um plano que havia começado milhares de anos antes no Éden ( Gênesis 3.15), na cruz este plano foi consumado.
7. Palavra de ENTREGA TOTAL: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Ao contrario dos homens que querem as honras para si, Jesus se entrega para o Pai. Toda a obra de redenção da humanidade partiu do coração do Pai (João 3.16), e é justamente a Ele que Jesus entrega o seu espírito.
Por Amor. Pela sua Igreja Ele fez tudo isso... E nós o que temos feito por Ele...

Deus abençoe
Pr Saulo César - ICE Campo grande - MS