segunda-feira, 22 de junho de 2009

Devocional da Semana

A morte não é o fim!
Jo 11.1-44

· Certo ministro visitou uma família crente que havia recebido a noticia do filho que tinha ido para a guerra e sido morto em combate. Em meio a dor, a família demonstrou inabalável fé, lendo as Escrituras e cantando os hinos de louvor a Deus. Alguns meses mais tarde o pastor recebeu um chamado telefônico e reconheceu que estava na linha o pai que tinha sofrido a perda filho. Com a voz embargada pela emoção, aquele pai exclamou: "Meu filho está vivo! Foi um engano! Ele não foi morto. Meu filho está vivo!" E fácil compreender a alegria daquele pai que julgava o filho morto e depois descobriu que ele estava vivo.
· Havia algo desta mesma alegria no coração das irmãs e dos amigos de Lazaro quando ele ressuscitou dos mortos.

· Entre a doença e a saúde a vida e a morte há sempre uma esperança. Deus não para de agir. A morte não é o fim.
Para que essa verdade ficasse bem clara os discípulos tinham que entender três princípios.

1. Cristo é o Senhor da Glória (1-5).
· “Lázaro de Betânia estava enfermo”. Laços de amor e amizade ligavam Jesus à família de Lazaro, pois o recado dizia “Senhor, está enfermo aquele a quem amas”. As irmãs “Maria e Marta”, já tinham hospedado Jesus em casa. “Maria era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor e lhe enxugou os pés com os seus cabelos”.
· Por natureza, toda enfermidade está direcionada para a morte. Porém, Jesus confere um novo alvo à doença, ele permite que a enfermidade de Lázaro acabe na morte física, para que sua glória seja manifestada. No confronto entre a vida e a morte refulge a gloria de Deus.
· Não somos informados sobre o tipo de enfermidade que acometia Lazaro. Dá entender que era grave. Talvez algum médico já teria sido consultado e dado seu parecer. Mas o diagnóstico de Jesus a respeito da doença é decisivo. Disse Jesus: “Esta enfermidade não é para morte, e sim para revelar glória de Deus e o Filho por ela (enfermidade) ser glorificado”.
· A glória manifesta a honra o poder e a majestade de Deus e , ao reconhecermos estes atributos, damos glória para à Ele o Único Digno de Glória. Neste caso, a enfermidade de Lazaro serviria para que o nome de Cristo fosse glorificado. Afinal, a glória de ressuscitar Lázaro seria maior que a de curar sua enfermidade.

2. Cristo é o Senhor do Tempo (6-21).
· João assegura: “Jesus amava a Marta e seus irmãos Maria e Lázaro.” É preciso que saibamos disso, para que não haja nenhuma dúvida na aparente indiferença em atender imediatamente ao pedido dos amigos. Pois Jesus também “ama” os seus mesmo quando demora em atender.
· Podemos entender melhor com a história de um homem que assentado no banco dos réus mirava, com interesse, o juiz. Velhas recordações brotavam à sua memória. Aquele juiz fora seu companheiro de escola, haviam-se assentado juntos nos bancos escolares, tinham sido bons amigos. No decurso dos anos, os rumos foram diferentes. Sentiu-se confiante: seu velho amigo não o condenaria. Mas, com calma e segurança, o juiz leu a sentença que condenava o réu a pagar multa de alto valor. "Não era possível! Como pôde um amigo fazer tal coisa?" E no coração do réu brotou uma célebre pontinha de amargura contra o mau amigo. Levado para uma sala à parte, ali encontrou o juiz que o esperava sorridente para dizer-lhe: "Sei o que está pensando. Mas compreenda que, como juiz, eu não poderia deixar de condená-lo. Agora, como amigo, quero ajudá-lo. Aqui está o dinheiro para que você pague a multa".
· Cristo ao mesmo tempo em que se revela como aquele que ama os amigos se revela como Deus ao esperar o momento certo de agir. O amor de Cristo concede à casa de marta e Maria algo muito maior do que a se cura fosse realizada apressadamente. O amor deve ser paciente. O amor tudo sofre. Tudo espera. O amor de Cristo permite que haja até a morte para que “a glória de Deus” seja manifestada e creiam que ele é o Cristo. “Não são doze as horas do dia”. Jesus tem uma missão a cumprir, e o tempo necessário para desempenhá-la. Quando o tempo estiver esgotado, a noite da sua paixão estará próxima. Jesus é o Senhor do tempo.

3. Cristo é o Senhor da Vida (22-44).
· A morte coloca todos em pé de igualdade. Ricos, pobres, brancos, negros, todos depois de algum tempo viram pó. A morte não paralisou Jesus. Nenhum milagre nos mostra de forma tão clara o poder de Cristo, quanto o milagre da ressurreição. Ele que ressuscitou a filha de Jairo, o filho de uma viúva de Naim agora na ressurreição de Lázaro não apenas dá a visão, a saúde, os movimentos, mas a vida. O poder de Cristo transcende ao físico ao mental e ao emocional ele vai até a alma ao espírito.
· A ressurreição não é apenas uma esperança futura, é uma realidade presente. A vida de que o homem carece é o próprio Cristo. Jesus não disse "Eu prometo", "Eu procuro", "Eu trago", mas "Eu sou" (Westcott). O crente sobrevive à morte em virtude da vida eterna, obtida pela sua fé em vida. A morte não tem mais poder sobre o crente, cuja vida está escondida com Cristo. Crês isto? A aceitação desta verdade é indispensável para compreender o sentido espiritual do milagre da ressurreição.
· "Jesus chorou". Chorou se identificando coma a família enlutada e coma humanidade sofredora. Chorou por causa do amigo morto. Quando um de seus filhos sofre aqui na terra, Jesus sofre a mesma tristeza, a mesma dor. Jesus se compadece de toda criatura humana. Ele está de braços abertos para nos afagar, nos confortar e enxugar nossas lágrimas.
· Jesus manda tira a pedra. Chama Lázaro para fora. Lazaro obedece. Jesus manda tirar as faixas. Muitos podem mover pedras e tirar as faixas, mas somente Jesus pode dar vida aos mortos.
· Quantos filhos sepultam seus pais, quantos pais sepultam seus filhos, maridos às esposas, esposas aos maridos. Mas a esperança da ressurreição é maior que a nossa saudade. Nossa confiança em Jesus, o Senhor da ressurreição é maior que a nossa dor. Cristo é o Senhor da Vida.

Deus abençoe
Pr saulo César

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Tomem Nota

  1. No segundo domingo do mês temos o culto das primícias. Tragam seus Dízimos, Ofertas e produtos para a Cesta Básica.

Todas as ferças-feiras das 18:00 às 20:00 no Speedy Play tem futebol, jogos, piscina de bolinha, cama elástica e muita alegria. Venha e traga sua família. A arrecadação será destinada para a colocação do forro da igreja.

Todos os sábados às 19:30hs tem Adoração Jovem. Participem.

Ministério Casais informa que dia 12/06 às 19:30hs tem Jantar Romântico para todos os casais (solteiros ou casados) na igreja. Informações com Galiane/Kelly. Participem.

Dia 12/06 a partir das 8:00hs da manhã estaremos realizando o primeiro bazar beneficente em prol da colocação do forro da igreja. Será no Zé Pereira no salão oferecido pela irmã Eva. Orem, divulguem, participem.

Mulheres em Ação/Gideões: Todas as quintas-feiras têm Culto nos Lares promovidos pelos ministérios. Participem. Atenção mulheres: Dia 20/06 está marcado uma visita especial a saída será às 16:00hs na igreja. Dia 27/06 reunião na igreja “só para mulheres” às 16:00hs.

Todos os domingos têm o Culto Infantil para crianças até nove anos. Os pais devem trazer seus filhos para participarem. “Ensina a criança no caminho em que deve andar” (Pv 22.6).

Todos os domingos às 9:00hs tem EBD. Tem muita gente sendo edificada. Só falta você. Todos os últimos domingos do mês a EBD será à tarde às 17:30hs.

Aniversariantes de Junho/2009

01/06 – Guilherme Souza
09/06 – Orlândina
10/06 - Osmar
12/06 - Ijacuy – Priscila de Souza
21/06 - Mateus Oliveira
25/06 - Priscila Morais de Oliveira
26/06 – Nanda (esposa Donizete)
27/06 – Ivete
29/06 - Arlete
30/06 - Natalia de Oliveira Lima

Deixe-me Entrar - Ap 3.14-22

A porta além de sugerir entrada e saída também sugere solução para algum problema. Quantas e quantas vezes oramos pedindo a Deus que “abra uma porta”. Porém, a porta mais complica e mais complexa para abrir é a porta do coração, pois o coração é enganoso e cheio de mistérios. Para os enganos da vida o coração se abre com facilidade, mas para Jesus na maioria das vezes permanece fechado. Precisamos entender que: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; mas Jesus veio para nos dar vida e a vida em abundância. Jesus é o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O ladrão, que não é pastor, que não é o dono das ovelhas, quando vê o lobo atacar as ovelhas foge; desprotegidas são atacadas e espalhadas” (Jo 10:10-12). JESUS QUER NOS PROTEGER E NÃO NOS ROUBAR.
No texto acima lemos que Jesus se coloca diante de uma porta e bate.
Ao bater na porta Jesus oferece três presentes para quem está do outro lado da porta:

1. O primeiro presente é “UMA REVELAÇÃO VERDADEIRA” (14-17).
Quantas e quantas vezes abrimos as portas para atender pessoas que não tem nada de bom para nos oferecer. Ao contrário, Jesus quer entrar na nossa casa para nos presentear com uma declaração verdadeira.
a. Ele declara sua divindade (14): A Igreja de Laudicéia estava precisando saber quem era Cristo, pois estava desviada e misturada com o mundo. Ela não era mais uma referencia de Cristo na Terra. Por isso Jesus se apresenta como: “o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:” (Ap3:14). "Amém" é uma das palavras mais conhecida do discurso humano. Ela está diretamente relacionada com "certamente" ou "verdadeiramente", uma expressão de absoluta confiança e convicção. Traz o significado de "assim seja" ou "é assim". Usada como afirmação de fé e validação da mensagem. Ao se definir como o AMEM Jesus se coloca como a PALAVRA INCONTESTAVEL. "Testemunha Fiel e Verdadeira": Indica que a mensagem de Cristo é veraz e o seu serviço é completo, sem quaisquer falhas. Uma testemunha de nada vale se não dizer a verdade. Em Cristo esta toda a verdade Deus."O Princípio da Criação de Deus". Indica eternidade. Ele é o princípio. Ele é Eterno:
b. Ele censura a infidelidade (15-17): A cidade de Laodicéa era conhecida por ser um grande centro econômico e cultural da época. Seus habitantes se gabavam por ter um excelente curso de medicina, uma fabrica de colírios e um belo rebanho produzia uma lã negra excepcionalmente macia. Apesar de usa notável riqueza a cidade padecia de ausência de água natural. Laodicéia era um verdadeiro deserto. Com o dinheiro que possuíam construíram longos aquedutos feitos de barro para importar água das cidades vizinhas. Havia duas cidades fornecedoras. Hierápolis que possuía fontes de águas quentes usadas para o tratamento de varias doenças e Colosso que fornecia uma deliciosa água mineral fresca. Porém, pelo caminho a água quente que vinha de Hierápolis se tornava morna e da mesma forma a água fresca de Colosso chegava também morna. Ao tomar esta água, muitas pessoas vomitavam.
· Laodicéia era uma igreja que tinha tudo no ponto de vista material, mas da mesma forma que tinha problema com a água também estava enfrentando sérias dificuldades espirituais.
· Os crentes desta cidade se assemelhavam a sua própria água. Eram "mornos", isto é, sem ousadia, acomodados, sem entusiasmo, sem vida. Por isso Jesus disse: “nem és frio nem quente. Quem dera fosse frio ou quente! Por ser morno estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Ap 3:15-16). Há três estados espirituais; OS FRIOS: são os que não tem vida e totalmente contrários a Deus. OS QUENTES: São os crentes salvos e fervorosos cheios de fé e do Espírito. OS MORNOS: São os que não concordam com os "frios" mas também não participam com os "quentes". São os indefinidos. Esta indefinição causa náuseas no Senhor, pois Ele só conhece o absoluto. Não há força maior para Satanás agir do que a indefinição, pois são aqueles que crêem que todos os caminhos levam a Deus, desconhecendo obra salvadora de Cristo. Achavam que eram ricos e abastados, mas Jesus os chama de “infelizes, miseráveis e pobres”. Muitos entendiam que a felicidade era o saldo da conta bancária, ou pelos bens que possui, porém eram infelizes. Jesus quis dizer que: Vocês vivem da aparência. Na verdade vivem aflitos, necessitados de misericórdia e no estado de extrema pobreza e miséria. Por ter o melhor colírio achavam que enxergavam bem, mas Jesus os chama "Cego". Mesmo com os melhor colírio faltavam-lhes recursos para combater a cegueira espiritual, Jo 9.39, "Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos". Achavam que as negras e aveludadas lãs poderiam cobrir seus corpos e aquece-los do frio, mas Jesus o chama de "Nu". Ou seja, se vestiam com elegância, mas espiritualmente estava nus.

Meu irmão, muitos batem nas nossas portas para nos bajular e nos dizer mentiras. Jesus quando bate na nossa porta ele vêm para nos dizer verdades. Verdades sobre ele e verdades sobre nós. Isso é um presente.

2. Segundo presente “UMA RESTAURAÇÃO COMPLETA” (18-19).
Cristo não desiste dos seus fiéis ainda que eles estejam vivendo em uma situação que lhe desagrada. Sempre existe a esperança de um retorno aos braços do Senhor. Ao invés da água morna ele quer dar água viva. Ele é fonte de água viva. ALELUIA. Foi ele quem disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.” (Jo 7:36-38). Da mesma forma que apresenta os problemas ele também oferece uma saída.
a. Assegurando pureza: Laodicéia teria uma única saída seguir os CONSELHOS DE CRISTO: ou seja comprar ouro refinado no fogo e vestiduras brancas para vestires". O ouro puro, em contraste com as riquezas poluídas que possuíam, era uma exortação contra o orgulhoso e a vaidade. Uma igreja rica, mas que na verdade é era pobre, deveria comprar ouro puro refinado e provado no fogo. Representava vida aprovada, pois da mesma forma que o ouro se purificava com fogo a pureza espiritual seria conseguida através da provação. Pedro diz: “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;” (1Pe 1.6-7). A vestidura branca seria um contraste a lã preta que era cobiçada por todos. Embora se vestissem com elegância, precisavam de vestidos brancos. Representava pureza e santidade de vida. As vestes brancas devem caracterizar aqueles que foram lavados pelo sangue de Cristo. “O vencedor será vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” (Ap 3.5).
b. Proporcionando nova visão; "Te unjas os olhos com colírio e vejas" (18). Já vimos que a cidade era produtora de medicamentos, os mais diversos, e certamente produzia vários tipos de colírio. Porém estavam com muitas infecções nos olhos. Os remédios produzidos pela sua escola de medicina não tinham poder restaurador por isso precisavam da unção de Deus sobre seus olhos. Unção que produzisse uma nova visão para que pudessem discernir o mal do bem. Nós somos o resultado do que nós vemos, os olhos de Laodicéia estão cheios do que o mundo mostra, precisa do colírio de Jesus, para que enxergue o mundo espiritual. Somente Jesus pode curar a cegueira espiritual que aflige os orgulhosos e auto-suficientes. Foi exatamente o mesmo problema que Jesus criticou nos fariseus “Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco.” (Mt 15.14). “Se fôsseis realmente cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.” (Jo 9:41).

O arrependimento é a prova de que ainda há esperanças para todos nós. A disciplina de Jesus Cristo é a prova de que ele ama a Igreja.
Jesus quer dar restauração completa Corpo e Alma só que para lhe dar este presente é preciso abrir-lhe a porta

3. O terceiro presente “UMA REAPROXIMAÇÃO SINCERA” (20-22).
Certo pintor pintou um famoso quadro retratando Cristo do lado de fora batendo na porta. Muitos que foram ver a exposição do quadro criticaram porque não havia maçaneta do lado de fora, ao que respondia o pintor com calma “Acontece que, no meu quadro, essa porta representa o coração do homem. Só tem a chave, e só pode ser aberto, por dentro”. Porém certo pai levou o seu filho para ver a pintura e o menino perguntou: “porque não abrem a porta?”. A resposta do pai: “porque não ouvem Cristo batendo”. ”O menino não satisfeito com aquela resposta disse: “Talvez estão ocupados no quartinho dos fundos fazendo outras coisas, e não sabem que Cristo está batendo à porta. Cristo deseja entrar em sua vida para abençoá-lo.
a. Oferecendo Comunhão; Eis que estou à porta e bato (20): A igreja de Laodicéia colocou uma porta fechada diante de Jesus! Ele bate, mas não força ninguém a abrir a porta. Ele chama, mas depende dos ouvintes atenderem à voz dele. Este versículo reforça o entendimento do livre arbítrio do homem. Jesus oferece a salvação a todos, mas cada pessoa toma a sua própria decisão. As palavras Entrarei ... e cearei , representam a comunhão com Cristo. Ele entra na casa e habita naqueles que obedecem a palavra dele (João 14:23). Cear com alguém sugere uma relação especial de estar de acordo ou em comunhão (1 Co 10:21; 5:11). É um privilégio especial comer à mesa do rei (2 Samuel 19:28). Não há privilégio maior do que a bênção de cear com o Rei dos reis!
b. Garantindo a Vitória; Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono (21): Os vencedores terão o privilégio de reinar com Cristo. Tal honra não seria para os orgulhosos e auto-suficientes, mas para os humildes e obedientes. Jesus foi obediente ao Pai aqui na terra para ser exaltado ao lado dele no céu (Filipenses 2:8-9). Somente os obedientes serão exaltados com Cristo.

Jesus tem o poder de abrir qualquer porta. Jesus disse: “Eu sou o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre” (Ap 3.7). Entretanto, em relação à porta do coração ele bate e espera. Poderia arrombar, mas não o faz. Ele bate, e espera. Bate, e espera. Muitas vezes. Esperando ouvir, de dentro, a voz do interior da alma do homem, disposto a abrir-lhe a porta. Laos - povo e diceia – opinião, justiça, costume ou voz do povo. O povo era que julgava e não Deus. Jesus está do lado de fora dessa igreja, não há lugar para ele lá dentro, mas o amor de Deus é inesgotável, e ele está batendo, e apresentando o remédio, até a última hora. Como está a tua temperatura em termos espirituais? Frio, quente, ou morno? Você se considera rico espiritualmente? Rico mesmo, é aquele que ajunta tesouros nos céus. Cristo bate à sua porta! Você vai deixá-lo entrar? Vale ressaltar que a promessa de "cear com ele e ele comigo" aplica-se somente ao último caso.

Deus abençoe
Pr Saulo César

Não Temas - Continue Crendo - Mc 5.21-43

Estes dias assistindo ao jornal ouvi de um rapaz que chegou em casa e encontrou sua casa destruída pelo fogo. Quanto sofrimento. Quanta tristeza.
Você já chegou em casa e encontrou uma grande bagunça, alvoroço, tumulto, desordem, confusão, gritaria, barulho. No enfrentamento de problemas que surgem em nossa vida temos que tomar algumas atitudes para que estes problemas sejam resolvidos.
Através das atitudes de Jairo podemos aprender como resolver estes problemas.

1. Em meio a tanto orgulho e preconceito ELE SOUBE A QUEM PROCURAR.
· Não levou em conta os que os outros diziam foi procurar Jesus;
· Deixou de lado toda a vaidade humilhou-se aos pés de Cristo;
Palavra chave é humildade

2. Em meio ao desespero de uma mulher que procurava a cura ELE SOUBE ESPERAR.
· Quem nunca ficou angustiado em ficar em filas de banco, hospitais supermercados. E quem nunca se enfureceu ao ver alguém furando a fila.
· Enquanto Jesus socorria a mulher que sofria de hemorragia Jairo soube esperar. Ele não se julgou o mais importante. Ele não disse que tinha chegado primeiro.
Palavra chave é paciência

3. Em meio às más o noticias CONTINUOU CRENDO.
· Não se desesperou quando disseram não incomodes mais o mestre.
· Não se enfureceu pela demora. Mas, Continuou crendo;
· Ao ouvir as palavras “Não temas, crê somente” Ele deixou que Cristo conduzisse toda a situação.
Palavra chave é fé.

Deus vos abençoe
Pr Saulo César

Está Consumado - Jo 19.30

“Está consumado”. Palavras difíceis de serem ditas. Estas palavras só podem ser ditas por pessoas que não dão apenas valor à vitória, mas que também valorizam o permanecer até o fim, mesmo que o fim seja a morte. Essa semana passou novamente o filme “ROCK o LUTADOR”. Neste filme o amigo do rock disse “não jogue a tolha”, pois quero ir até o fim. A tendência humana é desistir cedo demais. É parar antes de cruzar a linha de chegada. É não levantar quando é derrubado com um cruzado de direita. Quantos já não começaram ler um livro e deixaram pela metade. Quantos não abandonaram um regime, um emprego, um casamento, uma igreja e até a fé em Deus.
Através do exemplo de Jesus somos encorajados permanecer firmes e não desistir, pois ele não desistiu. Não pense, porém, que ele não foi tentado. O diabo o tentou no deserto, muitos dos seus seguidores o abandonaram, no Getsemani pediu ao Pai para que afastasse dele este cálice, Judas o traiu, Pedro o negou.
O grito "Está consumado" foi um dos momentos mais importantes da cruz. O céu estava escuro. Outras duas vítimas gemendo. Bocas que zombavam e escarneciam. Jesus, então no último esforço, empurra os pés sobre o prego e grita: "Está consumado!"
O que na verdade estava sendo consumado?
1. A libertação do homem que estava escravizado pelo pecado.
· No AT um cordeiro sem mancha, perfeito, inocente morria e o seu sacrifício era aceito para que o pecador fosse purificado. Porque o próprio Deus instituiu “sem derramamento se sangue não há purificação de pecado”.
· Jesus instituiu uma nova forma de purificação do pecado. Ele satisfez a justiça de Deus na cruz. Um justo morrendo para pagar o preço dos pecados do homem caído. Estes pecados nunca poderão ser punidos outra vez já que isto violaria a justiça de Deus. Os pecados podem ser punidos apenas uma vez, seja por um substituto ou por você mesmo.
· Dizem que Lutero estava diante do Diabo e este colocava diante dele uma grande lista de pecados que ele tinha cometido. Então Lutero falou, pense mais um pouco quem sabe você não encontra mais algum pecado para colocar nesta lista. Então o acusador acrescentou mais alguns pecados na lista. Ai ele disse não tem mais nenhum. Não disse o Diabo. Lutero então disse: Pegue uma tinta vermelha e escreva: “o sangue de Jesus Cristo, seu filho, me purifica de todo o pecado”.

2. A restauração da comunhão do homem com Deus.
· Deus não criou o homem para viver longe dele. Porém o homem depois do pecado se afastou dele. Passou a haver uma grande distancia entre o homem e Deus, pois não pode haver comunhão entre luz e trevas.
· No próprio Templo havia um véu que separava o lugar sagrado, onde Deus estava presente, representado pela arca da aliança, além do véu somente o sumo sacerdote podia entrar uma vez por ano. E somente depois te ter ofertado um cordeiro para purificação de seu próprio pecado. “Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre” (Hb 7:27-28).
· Porém quando Jesus bradou o Grito “está consumado” o véu do Templo se rasgou de alto a baixo dando condições para mim e para você, purificados que somos pelo sangue do Cordeiro morto na Cruz, de chegar na lugar santo, na presença do Senhor Deus e a Ele agradecer e pedir perdão.
· Sobre isso o escritor de Hebreus recomenda: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.” (Hb 10:19-23).

3. A certeza da vida eterna ao homem redimido.
· Deus não criou o homem para morrer. O homem no Édem tinha acesso a Arvore da Vida, e do fruto desta arvore ele podia comer. Porém ao pecar Deus expulsou o homem do Jardim e pois querubins de guarda para que o homem não entrasse mais ali e comesse do fruto da arvore da vida. Depois disso, geração a geração o homem foi distanciado de Deus e seu tempo de vida foi diminuindo.
· Vida eterna como teve o ladrão da Cruz ao abrir o seu coração e dizer “Senhor lembra-te de mim quando vieres com teu reino”. Jesus disse a ele “Hoje estará comigo no paraíso”.
· Não foi um grito de derrota. Foi de triunfo!!! Não, não foi um grito de desespero. Mas de realização e de alivio de dever cumprido.
Você está prestes a desistir? Não faça isso. Fique firme. Está cansado de fazer o bem? Faça apenas um pouco mais. Está pessimista em relação a seu emprego? Arregace as mangas e persevere. Não consegue resistir às tentações. Aceite o perdão de Deus e continue em frente. Lembre-se, quem persevera não é aquele que sai da luta sem ferimentos nem cansaço. Pelo contrário, fica cheio de cicatrizes e sangrando. Certa pessoa disse: "Deus não nos chamou para ser bem-sucedidos, mas fiéis." Mestre, foi amarado, açoitado, crucificado, transpassado pela lança do soldado, mais permaneceu até o fim. Vamos perseverar.
· Por isso restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os vossos pés, para que não se extravie o que é manco, antes seja curado.
· Faça como Paulo: Combata o bom combate, completa a carreira, guarde a fé. Pois, a coroa da justiça está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a você e a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

Deus vos abençoe
Pr Saulo César

INABALÁVEIS - At 12.1-24

O texto que lemos apresenta momentos de grande dificuldade na história da Igreja. Momentos em que os principais líderes estavam sendo presos, torturados e em alguns casos, como Estevão e Tiago, mortos pelas autoridades religiosas e por Herodes.
Como continuar firme diante de tantas adversidades?
A igreja Primitiva nos dá as seguintes lições.

1. A igreja se conscientizou que vivia em tempos de guerra (1-4). Consciência que possuía um grande inimigo. Um inimigo que estava derrotado, mas não morto. Um inimigo que se enfurecia ao ver o crescimento da igreja. Pois, enquanto o Mestre semeia a boa semente no mundo, à noite ele vem e semeia o joio (Mt 13.37-39); Por isso Pedro orienta: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5.8). Este inimigo que ataca usando poderes políticos e religiosos. Pedro, João, Paulo, Silas, Estevão são exemplos desta perseguição. Cristo já dizia: “Estai vós de sobreaviso, porque vos entregarão aos tribunais e às sinagogas; sereis açoitados, e vos farão comparecer à presença de governadores e reis, por minha causa, para lhes servir de testemunho.” (Mc 13.9). A Igreja Primitiva vivia um tempo previsto pelo Senhor “Não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós” (Jo 15.20b).

2. A igreja se conscientizou que estava diante de um inimigo poderoso (5-11). Reconhecendo o poder do inimigo e percebendo o estado em que se encontrava, ao invés de desesperar a Igreja iniciou-se um período de muita oração. Oração conjunta e incessante em favor de Pedro que havia sido preso e que brevemente também poderia ser morto. Por outro lado, o próprio Pedro, que mesmo estando acorrentado e perto da morte descansava no Senhor. Para mostrar esta realidade Paulo escreve: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.” (2Co 4.7-10). Pedro também escreve: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte,” (1Pe 5.6). Assim como Sadraque, Mesague e Abdnego na fornalha de fogo e Daniel na cova dos leões, também aconteceu com Pedro. Ele foi liberto pelo Anjo do Senhor. Pois, “O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Sl 34.7).

3. A igreja se conscientizou que a obra era espiritual, porém realizada num mundo secular (12-24). O mundo espiritual é diferente do secular. No secular só é considerado vencedor o que sai vivo das batalhas. No espiritual é diferente. Tiago morreu e Pedro foi liberto, porém ambos são vitoriosos. Herodes matou, prendeu, maltratou. Foi considerado pelos homens um Deus. No fim foi comido pelos bichos. Paulo adverte: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7-8). Desde o inicio da igreja milhares de crentes são martirizados em todo o mundo. “Os reis da terra se levantam, e os príncipes fazem planos contra o SENHOR e contra o seu Filho, dizendo: “Vamos nos livrar do domínio deles e acabar com o poder que eles têm sobre nós.”. Do seu trono lá no céu o Senhor ri e zomba deles.” (Sl 2.2-4). Por outro lado os que estão em Cristo podem ter a certeza que: “Em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8.37). Porque “maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.” (1Jo 4.4);

Deus vos abençoe
Pr Saulo César da silva.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Exegese de Cantares 3.1-11

1. Tradução do Texto[1]:
1. No Meu leito durante as noites procurei o amado da minha alma, procurei-o e não achei.
2. Vou levantar-me agora e percorrerei a cidade, pelas ruas e pelas praças; procurarei o amado de minha alma. Desejei encontra-lo e não o achei.
3. Encontraram-me os guardas que rondavam a cidade, (então lhes perguntei) o amado de minha alma vocês viram?
4. Logo que passei por eles achei o amado de minha alma. Agarrei-o e não o deixei ir, até que o introduzi na casa de minha mãe, no quarto daquela que me concebeu.
5. Jurem para mim mulheres de Jerusalém, pelas gazelas e pelas corças do campo, não despertem, nem acordem o amor, até que este o queira.
6. Quem é esta que sobe do deserto como coluna de fumaça, como um sacrifício de mirra e incenso e todo pó aromático do mercador?
7. É a liteira (cadeira/cama) de Salomão, escoltada por sessenta valentes, os mais nobres de Israel.
8. Todos trazem espada e são experimentados na guerra; cada homem com sua espada do lado, por causa dos pavores (perigos) da noite.
9. O rei Salomão fez para si um palanquim (liteira – cadeira - cama) de madeira do Líbano.
10. Fez-lhe as colunas de prata, sua base (apoio) de ouro, o assento foi forrado de púrpura, seu interior foi modelado (decorado) com amor pelas filhas de Jerusalém.
11. Saiam, ó filhas de Sião (Jerusalém), vejam o rei Salomão com a coroa que sua mãe o coroou no dia do seu casamento, no dia que alegrou seu coração.

2. PARAFRASE:

1. Noite após noite procurei pelo o meu amado na cama, procurei porque o desejava, porém não achei meu amado ao meu lado.

2. Durante as noites em sonho fui à sua procura pelas ruas e pelas praças da cidade. Fui à procura dele porque o desejo muito, porém por mais que eu desejasse encontra-lo não o achei.

3/4. Porém no sonho só encontrei os guardas que faziam a ronda na cidade, então eu lhes perguntei: vocês viram o meu amado? Não, responderam! Entretanto, logo que os deixei encontrei meu amado, aquele que eu tanto desejo; então me agarrei a ele e para que não fosse embora o levei para minha casa e ele ficou no quarto da minha mãe.

5. Mulheres de Jerusalém jurem para mim, pelas gazelas e pelas corças que vivem no campo, esperarem até o momento certo para o amor, o momento em que estejam preparadas.

6. O que é aquilo que vem subindo do deserto levantando uma nuvem de poeira, como se fosse um sacrifício de mirra e incenso de especiarias compradas de mercador?

7/8. É a cadeira do Rei Salomão que vem carregada por dois homens, um na frente e outro atrás, e sessenta valentes estão ao redor dela. Estes valentes são os mais nobres de Israel, experimentados na guerra e peritos no uso da espada; cada um está com sua espada preparados para enfrentar os perigos da noite.

9/10 A cadeira que o Rei Salomão mandou fazer era de madeira da melhor qualidade, vinda do Líbano. As suas colunas eram cobertas de prata, o seu teto de tecido bordado a ouro e seu banco estofado com um fino tecido vermelho, feito com todo o carinho pelas mulheres de Jerusalém.

11. Mulheres de Jerusalém saiam para ver o Rei Salomão que vem com a coroa que sua mãe o coroou para seu casamento, para alegrar seu coração nesse dia.

3. IDÉIA EXEGÉTICA:

· Noites após noites na cama a Sulamita procura em vão seu amado, ao adormecer ela continua procurando-o nos seus sonhos, até que o encontra. Ao amanhecer de longe se vê uma nuvem de poeira, é seu amado chegando, ele vem escoltado por sessenta valentes para a festa nupcial.

4. ESBOÇO EXEGÉTICO:

1. Noites após noites na cama a Sulamita busca em vão seu amado e em sonhos o encontra (v. 1-5).
a. Durante as noites na cama Sulamita procura em vão seu amado (v. 1).
b. Durante as noites na cama Sulamita sonha à procura do seu amado (v. 2-3).
c. Durante os sonhos das noites Sulamita encontra seu amado (v. 4-5).

2. Ao amanhecer de longe se vê seu amado chegando escoltado por sessenta valentes para a festa nupcial (6-11).
O amado vem levantando uma nuvem de poeira (v. 6).
O amado vem sentado na sua cadeira real escoltado por sessenta valentes (v. 7-8).
O amado vem sentado na sua cadeira real com a sua coroa na cabeça para a festa nupcial (9-11).

5. COMENTÁRIOS - VERSOS 1-5:

INTRODUÇÃO: Segundo o Manual Bíblico H. H. Halley, Cantares de Salomão é um cântico de amor, produzido em florida primavera, com fartura de metáforas e figuras de linguagem orientais. É chamado o “Cântico dos Cânticos”, indicando possivelmente que Salomão o considerava superior a todos os outros cânticos que escreveu.[2] Neste trecho a construção gramatical e o enredo são relativamente fáceis e claros: é a jovem Sulamita durante a noite na cama à procura do seu amado, não o achando sai a sua procura pelas ruas e praças da cidade até encontrá-lo. Porém entendo como muitos comentaristas que esses versículos descrevem um sonho, pois para uma donzela é inconcebível estar com o noivo na cama antes do casamento, portanto só poderia ser num sonho que ela pudesse busca-lo. Além disso, a partir do verso 2 acontecem algumas situações inusitadas com a jovem interiorana nas ruas escuras de Jerusalém, o que normalmente não aconteceria se não nos sonhos.[3]

VERSÍCULO 1:
Noite após noite procurei pelo o meu amado na cama, procurei porque o desejava, porém não achei meu amado ao meu lado.

Como normalmente acontece nos dias em que antecede o casamento a ansiedade toma conta do coração dos noivos. Como o resultado de sua ansiedade diária, é de se imaginar que a Sulamita vinha tendo sonhos agitados durante as noites. Moffatt traduz "noite após noite" para mostrar que foram noites e noites de procura ansiosa para achar a pessoa a quem deseja.[4]
O verbo buscar no hebraico (vqb baqash), tem o sentido de requerer, desejar, exigir, requisitar, procurar para encontrar; no contexto da forma repetitiva com que foi colocado também enfatiza o grande esforço e diligência com que esta procura foi feita.
A jovem Sulamita estava ansiosa para que o casamento logo se consumasse. Dominada pelos seus pensamentos durante as noites se virava na cama “inflamada de amor e desejo” a procura do seu amado[5]. No entanto quando se está dormindo há apenas alguns minutos o sono é leve, o sonho é como se fosse um devaneio, vai e vem, às vezes interrompido por sobressaltos assustados, nesses intervalos podemos até imaginar as mãos de Sulamita à procura do amado, mas ele não estava presente. Samuel Rutherford, alegorizando este verso diz: "Assim como noites e dias são melhores para as flores que o sol contínuo, semelhantemente a ausência de Cristo, ocasionalmente, dá seiva à humildade e dá oportunidade à fome, fornecendo um campo próprio para a fé mostrar-se".[6]

VERSÍCULO 2:
Durante as noites em sonho fui à sua procura pelas ruas e pelas praças da cidade. Fui à procura dele porque o desejo muito, porém por mais que eu desejasse encontra-lo não o achei.
As noites oferecem oportunidades para libertação dos problemas “Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã”, diz o salmista (Sl 30.5b). É na cama durante os sonhos que a Sulamita extravasa a sua ansiedade. O amor que ela nutria por seu amado era tanto que ela repetidamente expressava “busquei o amado de minha alma (v.1); buscarei o amado da minha alma (v. 2); vistes o amado da minha alma? (v. 3); encontrei o amado da minha alma (v. 4)”. Tanto na busca incessante (v. 1-3), quanto no encontro (v. 4) nota-se que ela o amava no fundo da alma. A partir deste verso, o sono é profundo, e em seu sonho a jovem interiorana sai a procura de seu amado pelas ruas e praças de Jerusalém. Jerusalém era uma cidade grande para a época, rodeada de muralhas, suas ruas eram estreitas, havia espaços largos nos cruzamentos[7]. No entanto por mais que ela o procurasse e desejasse seu amado era difícil encontra-lo nas ruas escuras da noite.

VERSÍCULOS 3/4:
Porém no sonho só encontrei os guardas que faziam a ronda na cidade, então eu lhes perguntei: vocês viram o meu amado? Não, responderam! Entretanto, logo que os deixei encontrei meu amado, aquele que eu tanto desejo; então me agarrei a ele e para que não fosse embora o levei para minha casa e ele ficou no quarto da minha mãe.
O sonho continua. A jovem Sulamita vê-se desorientada pelas ruas da cidade. Nas noites escuras havia guardas que patrulhavam Jerusalém, eles moviam-se silenciosamente pelas ruas, interrogando e tratando de pessoas suspeitas. Devem tê-la encontrado vagando perdida pelas ruas da cidade[8]. Em qualquer circunstância, mesmo perdida, ela não esquecia o alvo da sua procura “vocês viram o meu amado?”, perguntou. Ele era o rei, todos deveriam conhecê-lo, mas ninguém o tinha visto, portanto não poderiam ajudá-la. Existe um ditado popular que diz: “Aquele que busca sempre alcança ou quem procura acha”, e finalmente, em seu sonho, a jovem apaixonada encontra seu amado “logo que os deixei encontrei meu amado, aquele que eu tanto desejo”. Cristo também é assim; muitos o procuram, às vezes não o encontram, porém finalmente o acham. Como regra geral, Cristo é encontrado próximo dos meios de graça[9].
O verso quatro mostra que depois de toda a ansiosa busca (vs 2-3), no meio da alegria e satisfação por ter encontrado o amado, Sulamita se mostra preocupada em guarda-lo em um lugar seguro. Tanto que ela correu para ele e o agarrou. O verbo agarrar (zxa ‘achaz), tem o sentido de: segurar com firmeza, pegar, tomar posse; apoderar-se;[10] pode-se imaginar todas estas formas usadas no abraço que ela deu no seu amado. Deve ter sido um abraço apertado, caloroso e cheio de amor. Um abraço do tipo “não quero que fuja”, tanto é que ela não permitiu que ele se retirasse da sua presença, levando-o para a casa de sua mãe. Quando se encontra um tesouro deve-se guardar. Assim Jesus compara o Reino dos céus: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu” (Mt 13.44).
A sentença “Na casa da minha mãe”, tem sido interpretada de diversas maneiras: para os alegóricos implica em confessar a Cristo abertamente. “Mãe” pode significar a igreja, a nação, os judeus e a humanidade.[11] O termo casa (tyb - bayith) geralmente tem o sentido de lugar que abriga uma família. Pode-se entender neste verso que a Sulamita, depois de achar o seu amado, não só procura introduzi-lo no abrigo da família, mas no lugar mais íntimo da casa, ou seja, no quarto (rdx - cheder) da sua mãe. Champlim argumenta que no Oriente, as mulheres casadas possuíam compartimentos separados na casa grande da família.[12]
Todo sonho tem seu final. Ao despertar ela percebe que não estava no aposento da mãe, e sim nas dependências do palácio real. Seu sonho se reduziu a nada. Ela estava sozinha novamente. Seu amado, aquele que ela havia buscado, encontrado, abraçado fortemente e levado para sua casa “a casa de sua mãe” não estava ao seu lado. Foi apenas um sonho, um sonho que por alguns momentos satisfez seu desejo.

VERSÍCULO 5:
Mulheres de Jerusalém jurem para mim, pelas gazelas e pelas corças que vivem no campo, esperarem até o momento certo para o amor, o momento em que estejam preparadas.
Este verso é um coro ou estribilho e ocorre também em Ct 2.7 e 8.4, marca uma pausa no Cântico, como se fosse para deixar o casal de nubentes juntos e felizes por algum tempo.[13] O termo conjuro-vos (ebv) é uma expressão comum no Antigo Testamento, porém na forma que foi usada aqui tem o sentido de “rogar urgentemente”, ao invés de fazer jurar, pois os juramentos só podiam ser feitos em nome de Deus (Dt 6.13; 10.12), portanto jurar por animais seria idolatria e igualmente sem sentido.[14] Tanto as gazelas, quanto as cervas do campo são animais conhecidos por sua timidez e figuras típicas na poesia oriental para simbolizar a pureza e a beleza feminina e na linguagem imaginária do amor sejam retratadas como testemunhas do juramento.[15] A expressão “não despertem nem incitem o amor até que este o queira” tem sido um ponto conflitante entre os comentaristas, e interpretada de varias formas:
Uma advertência ao amor sexual que deve ser evitado até o momento em que a pessoa esteja preparada.[16]
Um apelo da Sulamita às mulheres de Jerusalém para que não se apressem ou não despertem o amor, para que tudo corra normalmente.[17]
Uma ordem de Sulamita às suas atendentes que não a excitasse para fazer amor, até que chegasse o momento exato.[18]
Para que não interrompam o doce sonho de amor que ela está gozando, ao chamá-la de volta a realidade da situação presente.[19]
Ao acordar a Sulamita aconselha as suas companheiras para que deixem o amor desenvolver-se naturalmente; não o forcem.[20]
Os interpretes alegóricos entendem como se significasse: "Não entristeçais o Espírito".[21]
De acordo com o contexto entendo que esta expressão é um princípio alusivo à pureza e a virgindade e uma advertência clara que o amor sexual deve ser evitado até o momento em que a pessoa esteja pronta e preparada para o ato, ou seja, somente depois do matrimônio. Concordo com um comentarista que diz: essas palavras deveriam ser escritas em letras de ouro em cada salão onde se congregam os jovens.[22] Entendo que a Sulamita esteja se dirigindo às suas companheiras, para que estas esperarem até o momento certo para o amor desenvolver. Ela soube esperar, portanto elas também podem e devem agir da mesma forma. Para mim a melhor forma de tradução é “esperarem até o momento certo para o amor, o momento em que estejam preparadas”. Chego a esta conclusão por três motivos.
Ela não pode estar se referindo a Salomão porque a palavra “amor” em hebraico (hbha - ‘ahabah) é feminina.
Por não usar o substantivo dd (dod), mas sim hbha (ahabah), o autor está querendo enfatizar a busca de um amor total e não de apenas uma mera excitação sexual.
Ela pode estar se referindo às mulheres de Jerusalém, porque apesar da forma verbal usada para amor (hbha - ‘ahabah) estar no singular, o substantivo tem um artigo; então não é qualquer amor, mas o amor particular de cada mulher do harém.

6. COMENTÁRIOS - VERSOS 6-11:
INTRODUÇÃO: De varias maneiras esta unidade (Ct 3.6-5.1) é o coração de Cantares. O grande progresso no relacionamento traçado até aqui se desenvolve ainda mais na seqüência do casamento e na consumação do amor do casal.[23] Toda a espera e ansiedade da jovem Sulamita chegara ao fim. Este trecho (6-11) retrata a chegada do noivo, que poderia ser visto de longe com a sua comitiva todo resplandecente para a cerimônia nupcial.[24]

VERSÍCULO 6:
O que é aquilo que vem subindo do deserto levantando uma nuvem de poeira, como se fosse um sacrifício de mirra e incenso de especiarias compradas de mercador?
A indagação “o que é aquilo” (taz ym - mizo't), tem sido um ponto conflitante entre os comentaristas. A primeira discussão é: quem fez a indagação a Sulamita ou as mulheres de Jerusalém. A segunda discussão esta em decidir se “aquilo” se refere a uma pessoa que pode ser a Sulamita ou Salomão ou um objeto a cadeira (liteira).
Quanto ao primeiro problema, Champlim entende que a indagação foi feita pela Sulamita, que chama suas companheiras para apreciarem a cena.[25] No entanto, alguns comentaristas entendem que se trata de um coro das mulheres de Jerusalém que observam a chegada do Rei aproximando-se da cidade. [26] Penso que definir quem fez esta indagação não interfere em nada na análise do texto, porém concordo com aqueles que entendem que se trata das companheiras da Sulamita conclamando a chegada do Rei. Faço esta opção pelo fato de que em todo trecho (6-11) Salomão é tratado não como alguém próximo “o amado”, e sim como o “Rei”, termo que a Sulamita não usa em todo o contexto.
O segundo problema é mais complexo. O pronome (taz ym - mizo't) é feminino, portanto “aquilo” não pode estar se referindo a Salomão ou a alguém do sexo masculino. No entanto, é neutro, podendo se referir tanto à Sulamita, quanto à cadeira (liteira) de Salomão. Alguns comentaristas defendem “aquilo” como uma referencia à Sulamita pelo uso do prefixo ym (mî) que presume a referencia a uma pessoa, ao invés de um objeto, que normalmente introduzido por am (mâ).[27] Contudo, concordo com alguns comentaristas que entendem se tratar de uma referência à cadeira (liteira) de Salomão [28], pois o contexto, nos versos seguintes assim nos dá a resposta: “É a cadeira do Rei Salomão!” (v. 7).
Jerusalém estava edificada sobre uma colina a uma altitude de 765mt. A leste ficava o vale do Cedrom e a oeste o vale de Hinom, portanto era costume de se referir a qualquer um que viajasse à cidade que literalmente “subia”. O Deserto pode significar espaços abertos bem vastos, que não há habitações permanentes com ou sem pastagem.[29]
Surgindo no horizonte levantando uma nuvem de poeira a comitiva de Salomão é avistada. A alusão à “coluna de fumaça”, sugere que a poeira levantada no ar pelos cavalos relembre a queima do sacrifício no Templo. O incenso era queimado à frente das procissões importantes. O costume de antecipar um cortejo com incenso era muito antigo e comum no Oriente. Portanto, não seria incomum que a cadeira de Salomão, além da poeira dos cavalos, também estivesse envolta pelas nuvens do incenso queimado a frente e atrás dela.[30]

VERSÍCULO 7/8:
É a cadeira do Rei Salomão que vem carregada por dois homens, um na frente e outro atrás, e sessenta valentes, os mais nobres de Israel, estão ao redor dela. Estes valentes são homens experimentados na guerra e peritos no uso da espada; cada um está com sua espada preparados para enfrentar os perigos da noite.
A cadeira era uma espécie de trono em que Salomão viajava, era fechada e sustentada por dois cabos de madeira sendo carregada por dois animais ou por dois homens, um na frente e outro atrás.[31] Sessenta valentes faziam a escolta pessoal do Rei. Tinham o dever de guarda-lo e defende-lo nas suas viagens. Era a elite entre os guerreiros, homens com experiência de guerra e que se destacavam nas batalhas, com habilidade e destreza no uso da espada.
Era comum que os amigos do noivo o acompanhasse até a cerimônia e provavelmente a guarda pessoal também se compunha de amigos do Rei. Relembra os valentes de Davi (2Sm 23.8) e os amigos de Sansão que o acompanhava durante o seu banquete nupcial (Jz 14.11). Cada guerreiro deveria estar atento e com a sua espada ao lado. Um cortejo nupcial certamente levava presentes para a noiva, e normalmente eram viagens longas e muitas vezes teria que viajar sob a escuridão da noite, passando por perigos de feras e salteadores. [32]
A figura do Rei chegando simboliza todo jovem apaixonado chegando para a cerimônia do casamento. Ele vinha com o melhor que possuía; a melhor cadeira, os melhores guerreiros, os amigos mais chegados, preocupado com a sua segurança e certamente muitos presentes para aquela que ele escolhera para esposa. Sua chegada se assemelha a chegado do noivo à cerimônia de casamento descrita por Jesus na parábola das dez virgens (Mt 25.6) e a volta de Cristo que virá para levar a Igreja para as bodas do Cordeiro (Ap 19.7).

VERSÍCULO 9/10:
A cadeira que o Rei Salomão mandou fazer era de madeira da melhor qualidade, vinda do Líbano. As suas colunas eram cobertas de prata, o seu teto de tecido bordado a ouro e seu banco estofado com um fino tecido vermelho, feito com todo o carinho pelas mulheres de Jerusalém.
As montanhas do Líbano são conhecidas por sua vasta quantidade de madeiras, lá se encontra tanto o cedro quanto o cipreste. O cedro é uma árvore alta, com muitos ramos, resistente com boa madeira para construção (Is 2.13; 2Sm 7.7). O cipreste é uma arvore sempre verde, cuja madeira era usada em construção e na feitura de móveis (Is 44.14).[33]
Foi com a madeira do Líbano o cedro ou o cipreste que Salomão mandou fazer a sua Cadeira real. O teto era sustentado por colunas revestidas de prata, o seu revestimento de tecido bordado com ouro. O assento era de púrpura, um tecido caro, vermelho-arroxeado, usado pelos antigos como símbolo de riqueza e de alta posição social (Ap 18.12). O vermelho -arroxeado era obtido através de um molusco que crescia no Mediterrâneo. Somente a realeza podia obter essa tinta, pois era caríssima.
Esta cadeira não era uma cadeira comum, toda a sua decoração foi realizada com muito carinho pelas mulheres de Jerusalém. Sua descrição destaca tanto a riqueza quanto a realeza do Rei Salomão. [34]

VERSÍCULO 11:
Mulheres de Jerusalém saiam para ver o Rei Salomão que vem com a coroa que sua mãe o coroou para seu casamento, para alegrar seu coração nesse dia.
Há esta hora a comitiva estava na cidade, não só a cadeira real poderia ser admirada, mas também toda a realeza. Saiam de suas casas era a ordem, venham contemplai o rei. Este era o coro provavelmente entoado pelas companheiras da noiva, que iam ao encontro da procissão nupcial. O dia do casamento era um dia de jubilo, com festas e convidados. A mãe do noivo Bete-Seba estava presente. Para ocasião ela mandou preparar uma coroa especial para coroar seu filho neste dia tão feliz. A mesma alegria e regozijo é descrita em Isaías, onde profeta descreve o júbilo de Sião por contemplar bênçãos do Senhor “porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita com as suas jóias” (Is. 61:10). Lembra-nos também a esplêndida coroa, símbolo da restauração do relacionamento entre Israel e o Senhor, pois “Nunca mais te chamarão Desamparada, nem a tua terra Desolada; mas chamar-te-ão Minha-Delícia; e à tua terra, Desposada; porque o SENHOR se delicia em ti; e a tua terra se desposará. Porque, como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus” (Is 62.3-5).
Esta coroação confirma que a festa era nupcial, pois a coroação tradicional feita na ocasião da posse do trono era feita pelo representante divino, ou seja, o Sumo Sacerdote.[35] Esta coroa não era a coroa real usada normalmente pelo rei. Era uma coroa usada especialmente por ocasião dos casamentos. Alguns comentaristas sugerem que era uma “grinalda” feita de pedras preciosas, ouro e prata que são símbolos de honra e alegria.[36]

7. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS:

CANTARES 3.1-5:
1. O resultado da ansiedade, agitação e a preocupação diária podem gerar uma noite de insônia e sonhos agitados.

2. Aquele que sonha alcança seus objetivos com mais facilidade. No entanto, para que haja um equilíbrio entre o sonho apaixonado e a realidade do dia-a-dia é preciso que se faça um balanço entre o encantamento e as obrigações diárias.

3. Quem procura diligentemente acaba encontrando aquilo que busca e quando se encontra o tesouro deve-se guardar (Mt 13.44).

4. A noite serve para aliviar as ansiedades diárias e pode oferece oportunidades para libertação dos problemas (Sl 30.5b).

5. Assim como os sonhos serviram para aliviar a ansiedade de Sulamita; semelhantemente Cristo alivia os cansados e sobrecarregados que o busca. Assim como a jovem Sulamita buscou o seu amado; semelhantemente a Igreja de Cristo deve busca-lo. A distância de Cristo gera no humilde um campo fértil para a fé que a fé sobressaia.

6. O sexo precoce deve ser evitado. Deve-se buscar a pureza e a virgindade até o momento em que a pessoa esteja pronta e preparada para o ato, ou seja, somente depois do matrimônio.

CANTARES 3.6-11:
7. A futura esposa merece o melhor presente. Por isso manter-se vivo e saudável deve ser uma preocupação de todo noivo. Descansa no Senhor não se assustará com o terror noturno, nem da seta que voa de dia (Sl 91.1-5).

8. O matrimônio é uma instituição divina e santa, portanto uma ocasião para festejar e se alegrar com seus amigos e parentes. Os pais devem apoiar e se alegrar com matrimônio de seus filhos.

9. Assim como a vinda de Salomão para as núpcias foi motivo de festa; semelhantemente a vinda de Cristo será o mais glorioso evento, para os que nele esperam. Assim como Salomão veio para contrair núpcias com Sulamita; semelhantemente Cristo virá para levar a Igreja para as bodas do Cordeiro (Ap 19.7). [37]


CONCLUSÃO:

Qualquer que seja a interpretação, literal ou alegórica, não se pode deixar de ressaltar os grandes ensinos que este trecho nos trás. A jovem Sulamita nos dá exemplo de como pode haver um equilíbrio entre o sonho apaixonado e a realidade da luta diária. Manter-se puro diante de uma sociedade contaminada e corrupta é uma tarefa das mais difíceis, no entanto em Cantares aprendemos que isso é possível. A luta da jovem Sulamita pode representar a luta diária da Igreja de Cristo contra a tentação. Sua vitória e alegria ao encontrar-se com o amado também simbolizam a glória da Igreja ao encontrar-se com seu Noivo.
Um dia as filhas de Jerusalém também contemplaram o Salvador Jesus Cristo coroado com uma coroa, não de ouro, mas de espinhos. No futuro haverá um dia melhor e mais brilhante, onde não só as filhas de Jerusalém e a congregação judaica voltarão para o Senhor, unindo-se a todos os santos, dando-Lhe glória como Redentor. Neste dia glorioso a Igreja de Cristo o coroará de glória e honra.[38]

BIBLIOGRAFIA:

“A Bíblia Anotada”; 1.º edição, Almeida, Revista e Atualizada no Brasil, São Paulo (SP), Editora Mundo Cristão, 1991.

BARKER, Kenneth; BURDICK, Donald. “Bíblia de Estudo NVI”; São Paulo (SP) Editora Vida, 2003.

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Bíblia Online Módulo Avançado 3.0 - “Léxico de Português hebraico”; “Dicionário da Bíblia de Almeida”; Barueri (SP), Sociedade Bíblica do Brasil.

Bíblia Online Módulo Avançado 3.0 “O novo Comentário da Bíblia”; Barueri (SP), Sociedade Bíblica do Brasil.

CHAMPLIM, R. H. “O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”; Volume 4, 1.º edição, São Paulo (SP), Editora Hagnos, 2003.

DOCKERY, David S. - Editor Geral - “Manual Bíblico Vida Nova”. 1.° edição, São Paulo (SP), Edições Vida Nova, 2001.

DOUGLAS, J. D. “O Novo Dicionário da Bíblia”; 2.º edição, São Paulo (SP), Ed. Vida Nova, 2002.

EATON, A. Michel; CARR, G. Lloyd. “Eclesiastes e Cantares Introdução e Comentário”; 1.º edição, São Paulo (SP), Editora Mundo Cristão 1989.

HALLEY, Henry H. “MANUAL BÍBLICO - Um comentário Abreviado da Bíblia”; 9.° edição, São Paulo (SP), Edições Vida Nova, 1989.

HOOVER, Richard L. “Livros Poéticos – Jó a Cantares”; 2.º edição, Campinas (SP), EETAD, 1994.

MESQUITA, Antonio Neves. “Estudo nos Livros de Eclesiastes e Cantares de Salomão”; 1.° edição, Rio de Janeiro (RJ), JUERP, 1977.

SHEDD, Russel P. “Bíblia Shedd - Antigo e Novo Testamentos”; 2.º edição, Almeida, Revista e Atualizada no Brasil, São Paulo (SP) Edições Vida Nova, 1997.
[1] Bíblia Online Módulo Avançado 3.0 - Léxico de Português hebraico.
[2] HALLEY; – pg 250.
[3] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line – CHAMPLIM; pg. 2759.
[4] Novo Comentário Bíblico citando Moffatt - Bíblia on Line.
[5] CHAMPLIM; pg. 2758.
[6] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line - MESQUITA; pg. 188.
[7] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line – CHAMPLIM; pg. 2759.
[8] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line – CHAMPLIM; pg. 2759.
[9] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line - MESQUITA; pg. 188.
[10] Bíblia Online Módulo Avançado 3.0 - Léxico de Português hebraico.
[11] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line - MESQUITA; pg. 188.
[12] CHAMPLIM; pg. 2758.
[13] MESQUITA; pg. 184.
[14] EATON; CARR; pgs. 251/252.
[15] Novo Comentário Bíblico da Bíblia on Line - Nota de Rodapé da NVI – pg 1124.
[16] Dockery; – pg 415.
[17] Hoover; pg 190/191.
[18] CHAMPLIM; pg. 2757.
[19] EATON; CARR; pg. 253.
[20] Nota de rodapé Bíblia anotada – pg. 843/854.
[21] Novo Comentário Bíblico – Bíblia on Line.
[22] MORGAN; citado no Novo Comentário Bíblico – Bíblia on Line.
[23] EATON; CARR; pg. 264.
[24] Novo Comentário Bíblico – Bíblia on Line.
[25] CHAMPLIM; pg. 2759.
[26] Dockery; – pg 415 - Hoover; pg 190/191- Nota de Rodapé da NVI – pg 1125.
[27] EATON; CARR; pg. 266.
[28] Novo Comentário Bíblico – Bíblia on Line - CHAMPLIM; pg. 2759 - MESQUITA; pg. 189.
[29] EATON; CARR; pg. 266.
[30] CHAMPLIM; pg. 2759.
[31] Dicionário - Bíblia on Line - Nota de rodapé Bíblia anotada – pg. 844.
[32] MESQUITA; pg. 190 - Nota de rodapé Bíblia de Estudo Almeida; pg. 718 - CHAMPLIM; pg. 2760.
[33] Novo Comentário Bíblico/Dicionário – Bíblia on Line - Nota de rodapé Bíblia de Estudo Almeida; pg. 718.
[34] Dicionário – Bíblia on Line - MESQUITA; pg. 190 - CHAMPLIM; pg. 2760 - EATON; CARR; pg. 270.
[35] EATON; CARR; pg. 271.
[36] Nota de rodapé NVI; pg. 1126 – Hoover; pg 190 – EATON; CARR; pg. 271 - CHAMPLIM; pg. 2760.
[37] Nota de rodapé – Bíblia Shedd; pg. 974.
[38] Novo Comentário Bíblico – Bíblia on Line - MESQUITA; pg. 191.

Deus abençoe
Pr Saulo César da Silva

Exegese de 1 Pedro 4.1-6

Na minha modesta opinião este trecho da segunda carta de Pedro é um dos textos mais difíceis que encontramos na Bíblia. Existem várias interpretações diferentes sobre o assunto aqui levantado. Por isso, peço que ao ler este estudo não conclua sua pesquisa, mas que continue estudando e orando para que as dúvidas que houverem possam ser esclarecidas no seu coração pelo Senhor o Espírito.

1. AUTORIA:
A primeira carta de Pedro trata-se de um documento autêntico, aceito por todos os Pais da Igreja como sendo do apóstolo Pedro. No entanto, existem algumas dificuldades para se aceitar esta autoria, baseadas na perfeição da linguagem e na semelhança que certas partes desta epístola têm com algumas das cartas de Paulo. Porém a maioria dos eruditos, à vista de 1Pe 5.12, defende a autoria do apóstolo Pedro, tendo Silvano como responsável pelo teor literário e estilo da epístola e também encarregado de levá-la.

2. CONTEXTO HISTÓRICO e GEOGRÁFICO:
A epístola foi enviada de Roma, citada em 1Pe 5.13 como Babilônia, por volta de 64 d.C., aos cristãos, judeus e gentios, que viviam na parte norte da Ásia Menor (hoje a Turquia), espalhados nas províncias do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1Pe 1.1). Seu destino foi a a região de Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia, Bitínia.
Nesta época Nero era o imperador romano. Nero foi proclamado imperador aos 17 anos sucedendo seu padrasto Claudio I. Considerava-se um artista e um visionário religioso, porém tornou-se um cruel perseguidor dos cristãos. Entre os seus muitos atos de crueldade estão os de mandar executar sua mãe Agripina a Jovem e incendiar Roma em 64 d.c., quando dois terços da cidade foram consumidos pelo fogo. Suicidou-se em 68 d.c. após ser declarado inimigo público pelo Senado. (Enciclopédia Microsoft Encarta).

3. PROPÓSITO e CONTEXTO INTERNO DA CARTA:
Podemos chamar 1 Pedro de “a epistola da esperança”, pois ela traz uma esperança viva baseada na ressurreição de Cristo e na herança gloriosa descrita em 1Pe 1.4. Para isso, Pedro apresenta a morte (2.21-25), a ressurreição (1.3), e a volta de Cristo (1.13), como incentivos à perseverança e sobriedade em meio às tribulações que estavam passando. O apóstolo procurou levar seus leitores a refletirem sobre o testemunho e crescimento espiritual e a terem gozo e coragem em pleno sofrimento. Proclamando as virtudes de Cristo no meio das trevas, porque agora fazem parte do seu povo e conhecem a sua misericórdia (2.1-10). A conduta entre os pagãos deveria ser exemplar, para que, quando acusados de crimes pelas autoridades, teriam que reconhecer neles as boas ações (2.11-12). Para isso Pedro orienta à obediência a toda autoridade humana (2.13-23) e um bom relacionamento conjugal (3.1-7). O incentivo é visto em todo o contexto, principalmente por estarem sofrendo injustiças por fazerem o que é certo. Em meio a tudo isso, a resposta deles àqueles que lhes causavam dor, deveria ser o exemplo deixado Cristo e a esperança que tinham nele (3.13-4.6).

4. TRADUÇÃO DO TEXTO - 1Pe 4.1-6:
1. Por esta razão, tendo Cristo sofrido na carne, também do mesmo pensamento vocês devem se armar; porque aquele que na carne foi afetado, cessou com o pecado,
2. Para que no tempo que vos resta na carne, já não mais vivam fazendo os desejos dos homens, mas conforme a vontade de Deus.
3. Porque basta o tempo de vida que tiveram para fazer a vontade dos gentios, andando em desejo pelo que é proibido, vivendo na pornografia, bebedeira, farras, badernas e até mesmo em detestáveis idolatrias.
4. Por isso eles ficam chocados, e vos insultam, já que vocês não se arremessam com eles, no mesmo excesso de devassidão,
5. os quais, terão de pagar tudo, àquele que é competente para julgar os vivos e também os mortos;
6. porque para este fim, foi o evangelho pregado até mesmo aos mortos, a fim de que, verdadeiramente julgados na carne de acordo com os homens, vivam segundo Deus no espírito.

5. EXEGESE DAS PALAVRAS CHAVES:
Versículo 1:
· oun - (então, por esta razão, conseqüentemente, conformemente, sendo assim) - Dá a idéia de continuidade do que estava sendo dito anteriormente. O comentário da NVI diz que se abre um parente de 3.19 até 22, e em 4.1 retoma a ligação direta com 3.18.
· paqontoV - (ter sido afetado, ser afetado, sentir ter uma experiência sensível, passar por) - Champlin diz: Cristo é o exemplo supremo do sofrer pacientemente, somos encorajados a ver que seu sofrimento foi benéfico, isto é, produziu bons resultados , e isso nos leva a crer que nosso sofrimento, não terá outro resultado.
· oplisaste - armar-se,equipar-se com armas; metáfora - ter o mesmo pensamento, armas para a batalha. NVI- Os crentes devem também estar dispostos a sofrer sem causa justa, tendo a mesma atitude de Cristo diante disso – a disposição que Ele tinha ao sofrer pela prática do bem.
· pepautai - (fez cessar, desistir, obter livramento do pecado, não mais deixar levar pelos seus incitamentos e seduções). NVI- esse sofrimento capacita a pessoa a endireitar suas prioridades. Desejos e práticas que antes pareciam importantes, passam a se afigurar insignificantes quando a nossa vida está em perigo. Sofrimentos graves por amor de Cristo promovem o progresso da santificação.
Versículo 2:
· epiqimiaiV - desejo, anelo, anseio, desejo pelo que é proibido, luxúria. Um apelo para que eles não mais vivessem segundo aquilo que é mau, e que são contra os princípios de Deus.
· alla - todavia, contudo, não obstante, apesar de. Introduz uma transição para o assunto principal.
· qelema - vontade, escolha, inclinação, desejo, prazer, satisfação. Champlin diz que a vida de santificação é aqui vista como a vontade de Deus. Sem a santificação ninguém verá a Deus, por isso necessitamos tanto dela. NVI- Então quando a atitude de Cristo passa a prevalecer, à vontade de Deus é o fator determinante na vida.
versículo 4:
· xenizontai - surpreender ou causar espanto pela estranheza e novidade de algo; achar estranho, ficar chocado.
· suntrecontwn - correr juntamente com outro, concordar com, estar em harmonia com. Atirar-se no mesmo lodaçal de deboche é a idéia aqui.
versículo 5:
· apodwsousin - pagar a totalidade do que é devido. Cada homem será julgado de acordo com as suas obras, pelo que sua vida será aberta como um livro; suas tentativas de defesa serão vãs, pois seu débito será imenso.
· etoimwV - prontamente estar pronto. NVI- O NT. declara que tanto o Pai quanto o Filho serão o Juiz daquele grande e definitivo dia do Juízo final. O Pai é a origem máxima do juízo, mas delegará o julgamento ao Filho.
· nekrouV - aquele que deu seu último suspiro, sem vida; falecido, morto, alguém de quem a alma esta no céu ou inferno; destituído de vida, inanimado. Metáf. - espiritualmente morto. Não deve ser entendido como metáfora, diz Champlin, e nem no sexto versículo. Esse termo meramente salienta o fato de que o indivíduo que morre, nem por isso escapou ao julgamento. Talvez seja esquecido pelos homens, mas Deus haverá de relembrar tudo quanto foi praticado, a fim de que se manifeste a justiça.
versículo 6
· nekroiV - {A-DPM} - Propriamente aquele que deu o seu último suspiro, sem vida, falecido, morto, alguém de quem a alma esta no céu ou inferno, destituído de vida, sem vida, inanimado. Como no versículo anterior a palavra (mortos), não deve ser entendida metaforicamente, como alguns dizem “mortos nos seus pecados”, mas literalmente mortos.
· euhggelisqh - {V-API-3S} = Trazer boas notícias, anunciar boas novas: a) usado no AT para qualquer tipo de boas notícias, de jubilosas notícias da bondade de Deus, em particular, das bênçãos messiânicas; b) usado no NT especialmente de boas novas a respeito da vinda do reino de Deus, e da salvação que pode ser obtida nele através de Cristo, e do conteúdo desta salvação, boas notícias anunciadas a alguém, alguém que tem boas notícias proclamadas a ele, instruir (pessoas) a respeito das coisas que pertencem à salvação cristã.
· kriqwsin - {V-APS-3P}= Separar, colocar separadamente, selecionar, escolher; aprovar, estimar, preferir; ser de opinião, julgar, pensar; determinar, resolver, decretar; julgar; pronunciar uma opinião relativa ao certo e errado. O subjuntivo passivo é usado como um advérbio de propósito - ou seja, sofreram a ação mas com um propósito.
· zwsin - {V-PAS-3P}= Viver, respirar, estar entre os vivos (não inanimado, não morto); gozar de vida real; ter vida verdadeira; ser ativo, abençoado, eterno no reino de Deus.

6. IDÉIA EXEGÉTICA:
Cristo deu o exemplo sofrendo na carne, para que fossem libertos das paixões mundanas no passado. Agora eles deveriam armar-se do mesmo pensamento, para vencerem as tentações futuras, não levando em consideração as provações do presente, pois o consolo virá mediante o justo juízo de Cristo.

7. DIVISÃO DO TEXTO:
O exemplo e os efeitos do sofrimento de Cristo na vida cristã (1-2).
A perseverança cristã em meio às provações (3-4).
Consolo do cristão mediante o juízo de Cristo (5-6).

8. COMENTÁRIO DOS VERSÍCULOS:
1. Por esta razão, tendo Cristo sofrido na carne, também do mesmo pensamento vocês devem se armar; porque aquele que na carne foi afetado, cessou com o pecado.
Pedro segue a mesma linha de raciocínio do capítulo três, enfatizando os sofrimentos de Cristo como modelo a ser seguido. Esta seqüência está evidenciada pela partícula oun (por esta razão) que dá a idéia de continuidade do que estava sendo dito anteriormente e também pelo uso do verbo paqontoV (tendo sofrido) o mesmo usado no início do verso de 3.18. Notamos a mudança ocorrida no temperamento do apóstolo, que em outros tempos, teria mandado desembainhar as espadas para a luta, como foi sua atitude no episódio da prisão de Jesus (Jo 18.10). No entanto, sua orientação era que se armassem dos mesmos pensamentos e a mesma disposição mental que houve em Cristo, pois para isto tinham sido chamados (2.21). Oplisaste é um termo militar usado nos campos de batalha, quer dizer armar-se, equipar-se com armas e o emprego deste verbo mostra a necessidade de estarem armados para a batalha, pois estavam envolvidos em uma guerra. Termos militares também foi usado por Paulo, na figura de um soldado que devia ser fiel agradando o seu comandante (2Tm 2.3-4), e da armadura de Deus para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo em Ef 6.11. No entanto, as armas que deveriam ser usadas não eram as convencionais, utilizadas nos campos de batalhas, e sim as armas divinas, aquelas usadas por Cristo. Jesus sabia que a vitória contra o pecado dependia do seu sofrimento (Hb 12.2), da mesma forma “armai-vos da mente de Cristo” exortava Pedro; em Fp 2.5 temos a mesma idéia porém em outro contexto. A sentença “Aquele que sofreu na carne deixou o pecado”, (paqwn - 2AAP-NSM de pascw) tem sido interpretada de vários modos. Alguns dizem que é apenas uma referência geral aos efeitos purificadores do sofrimento. Outros, que a referência ao sofrimento de Cristo na carne é alusão à Sua morte. Champlin diz que o texto sugere um duplo sujeito: Cristo, em seus sofrimentos, e nós, nos nossos. Entendemos que todo contexto, apela fortemente para se deixar o pecado e que o pensamento de identificação com a morte de Cristo está na mente de Pedro. Se os sofrimentos provocaram a morte do Senhor, dando solução ao problema do pecado. Para eles, os sofrimentos presentes ou futuros são sinais da identificação com Cristo e um meio de adquirir a santificação. Esta linha de pensamento já tinha sido colocada por Pedro no cap. 1.7, usando o a figura do ouro que para ser purificado é provado pelo fogo, e também por Paulo em 2Co 12.9-10 que diz: “o poder se aperfeiçoa na fraqueza. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte”, além de outros textos como: Rm 13.13-14; Hb 12.3; Gl 2.20 e Cl 3.12.
2. para que no tempo que vos resta na carne, já não mais vivam fazendo os desejos dos homens, mas conforme a vontade de Deus.
Pedro continua exortando seus leitores sobre o compromisso da vida cristã. Notamos que “o tempo que vos resta na carne” é o mesmo usado em 1.17, “o tempo da vossa peregrinação” para mostrar como deveriam se portar a partir do momento que se converteram a Cristo, ou seja, teriam que viver o cristianismo na prática, “vivam de acordo com a vontade de Deus”. Eles teriam que escolher entre continuar nas mesmas práticas que tinham antes, descritas a seguir no verso três ou satisfazer a vontade (qelema) de Deus e viver de acordo com os princípios estabelecidos por Ele. A conjunção alla indica essa transição, ou seja, deveriam portar-se como filhos obedientes a Deus, não se amoldando às paixões doentias e dominantes que tinham anteriormente (epiqimiaiV), quando ainda não conheciam a Cristo (1.14;2.11).
Estes mesmos pensamentos também estão nos escritos de Paulo, como em Efésios que diz: “abandonem a velha natureza, sejam completamente renovados. Vistam-se com a nova natureza criada por Deus” (Ef 4.22-24 e “Antigamente vocês mesmos viviam na escuridão; mas, agora pertencem ao Senhor. Por isso vivam como pessoas que pertencem à luz,”(Ef 5.8). Também em outros textos como: Mt 7.21; Jo 7.17; Rm 6.11; Rm 7.4; Ef 4.7; Cl 3.7-8; Tt 3:3-8
3. Porque basta o tempo de vida que tiveram para fazer a vontade dos gentios, andando em desejo pelo que é proibido, vivendo na pornografia, bebedeira, farras, badernas e até mesmo em detestáveis idolatrias.
Pedro procura trazer à memória dos seus leitores a vida que tiveram no passado. O adjetivo arketoV (arketos) é usado para enfatizar que esse tempo já foi o bastante para viverem fazendo a vontade dos gentios. Segundo Champlim, Pedro usa este termo, com um tom irônico para demonstrar todo o seu desprezo à vida insignificante e sem valor que eles tiveram. Esse tempo, que eram adeptos às paixões mundanas não resultou em nada, portanto não deveria ser seguido. Para deixar claro Pedro relaciona várias práticas negativas que deveriam ser abandonadas:
a. Desejo pelo que é proibido (epiyumiaiv); um desejo mau, provavelmente ligado ao impulso sexual que ocorre 38 vezes no NT;
b. Pornografia e lascívia (alsegeiaiV); no grego significa satisfação dos desejos sensuais, devotando um curso de vida libertino e dissoluto, fazendo qualquer coisa que o capricho sugerir, ocorre nove vezes no NT;
c. Bebedeira (oinoflugiaiV) o termo tem por raiz a palavra “oinos”, “vinho”, “phleo” que significa manar em abundância;
d. Farras e badernas (kwmoiV ) orgia geralmente como resultado da embriaguez; quando pessoas bêbadas desfilavam enlouquecidas pela rua, despedaçando animais, devorando carne crua se cortando e abusando do próprio corpo;
e. Detestáveis idolatrias (ayemitov eidwlolatreia), o adjetivo ayemitov é usado para enfatizar o aspecto da devassidão em que eles andavam principalmente se tratando das cerimônias religiosas e a idolatria.
Em 1.14; 2.1,11; encontramos também essa mesma idéia. Onde Pedro destaca a importância de não mais viverem como antes.
4. Por isso eles ficam chocados, e vos insultam, já que vocês não se arremessam com eles, no mesmo excesso de devassidão,
A expressão “por isso” (en w no grego significa “no que”) e representa uma seqüência lógica de vida. O rompimento com o modo de vida dos gentios, seria dizer não, a tudo que eles achavam normal. Explica-se então o choque causado pela mudança dos seguidores de Cristo aos que foram seus companheiros de orgia. A surpresa deles foi tão grande, que começaram a falar mal (blasfhmew), por não estarem mais participando das suas festas. Podemos imaginar a situação vivida por eles. Poderiam estar sendo acusados de orgulhosos e de não seguirem os costumes. O termo concorrer suntrecontwn, significa correr juntamente, concordar e estar em harmonia com outro. A idéia aqui é que querem a companhia dos crentes, para concorrerem com eles em busca dos vícios e paixões, atirando-se no mesmo lodaçal de deboche (anacusin). A esses escreve Pedro “como brutos irracionais, falam mal daquilo que não entendem e na sua destruição também hão de ser destruídos” (2 Pedro 2.12).
5. os quais, terão de pagar tudo, àquele que é competente para julgar os vivos e também os mortos;
O acerto de contas certamente virá, diz Pedro. O verbo apodwsousin no grego dá idéia de pagamento total daquilo é devido. Cada homem será julgado de acordo com as suas obras, porque sua vida será aberta como um livro e as tentativas de defesa serão vãs, pois o débito é imenso. O advérbio etoimwV declara que tanto o Pai quanto o Filho serão o Juiz daquele grande e definitivo dia. Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.31). O termo nekrouV não deve ser entendido como metáfora, nem aqui e nem no sexto versículo diz Clamplim. Salienta o fato de que o indivíduo que morre, nem por isso escapou ao julgamento. Talvez seja esquecido pelos homens, mas Deus haverá de relembrar tudo quanto foi praticado, a fim de que se manifeste a justiça. Outros textos que se aplicam a mesma idéia são: Ec 12.14; Ez 18.30; Jo 5.28-29; At 10.42.
6. pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus.
Pedro, além de tudo que foi dito, ressalta algo muito importante, a recompensa do justo. Mesmo que eles foram julgados na carne segundo os homens, viveriam no espírito segundo Deus. Ou seja, eles podiam ficar sossegados, porque Aquele Juiz competente (v. 5), recompensaria a todos os que permaneceram fiéis nas promessas do Senhor. Entendemos que durante todo o contexto Pedro procurou trazer uma forma de consolo em meio ao sofrimento, dai a necessidade de se falar sobre os que já haviam partido. Pois qual o maior consolo para os que estão vivos, senão saber que seus irmãos que morreram, depois de passar tantas dificuldades físicas, vivificados no espírito. A pergunta que se faz é como e quando isso aconteceu?
Ø O termo nekroiV (nekros) como já mencionamos (v. 5) não deve ser entendido como metáfora. No entanto, alguns dizem que se refere a mortos nos seus delitos e pecados; outros acrescentam o vocábulo “agora”, ou seja, que agora estão mortos, embora estivessem vivos quando a mensagem foi pregada a eles. E ainda que estes mortos são pessoas que morreram por causa das perseguições, mas que quando ainda vivos ouviram a mensagem e aceitaram.
Ø O verbo euhggelisqh (euaggelizo), no grego significa trazer boas notícias, anunciar boas novas. É usado no AT para qualquer tipo de boas notícias, em particular, das bênçãos messiânicas. No NT ocorre especialmente se tratando das boas novas a respeito da vinda do reino de Deus, da salvação que pode ser obtida através de Cristo e do conteúdo desta salvação.
A frase grega Kata anthropous significa " de acordo com os padrões dos homens". Não quer dizer que foram julgados como os homens o são, pois neste caso a frase seria kata anthropon. Deviam no entanto viver segundo Deus (kata theon) no espírito. Viver no espírito é viver como Deus vive, isto é, eternamente.
Segundo O Novo Comentário Bíblico, várias interpretações têm sido dadas a este versículo. Sustentam-se opiniões muito divergentes entre si, pelo que seria imprudente formular qualquer doutrina importante à base deste único verso. A conexão com a declaração de 3.19, parece pouca para justificar e argumentar que o evangelho foi oferecido aos mortos como mortos, isto é, depois de haverem morrido. Provavelmente o sentido mais certo é que aqueles que hoje estão mortos ouviram a pregação do evangelho quando ainda vivos. Selwyn sugere que no vers. 5 o apóstolo tinha em mente membros da Igreja, do passado e do presente. Enquanto que no vers. 6 se refere só aos do passado. Por causa de haverem confessado a Cristo, quando viviam, foram julgados e condenados pelos homens, mas vivificados no espirito segundo Deus.
Para Mueller a frase “tem o evangelho também pregado a mortos” tem sido interpretada de várias maneiras. Ela pode se referir a “mortos espirituais” (cf. Ef 21,5), aos quais o evangelho foi e esta sendo pregado, para que, mesmo que morram no corpo “vivam no espírito segundo Deus”. A segunda, considerando os mortos no sentido físico, faz-se uma ligação com o trecho de 3.19-22. A terceira possibilidade é a mesma defendida por Selwyn no Novo Comentário Bíblico.
Entendemos que o termo nekrouV não deve ser entendido “mortos espirituais”, e sim como indivíduo que morre fisicamente, pois Pedro no verso anterior (5) se refere aqueles que já morreram e que serão julgados pelo Justo Juiz. Quanto relacionar este trecho com o de 3.19-20, entendemos que lá, o termo usado foi khrussw (kerusso); geralmente usado para publicar ou proclamar abertamente algo que foi feito, no texto de 4.6 o termo usado foi euhggelisqh (euaggelizo )que significa trazer boas notícias. Usado no NT especialmente para pregar a respeito da vinda do reino de Deus, e da salvação que pode ser obtida nele através de Cristo. O grupo a qual se refere 3.19-22, é a “geração de Noé”, a mais pecadora e sem esperança entre todas, sendo que aqui o texto se refere a todos os mortos. A razão pela qual Pedro retoma o tema só poderá ser entendida se analisarmos todo o contexto da carta, que trata do consolo daqueles que sofrem perseguições por serem cristãos. Não sendo compatível com o texto sagrado a idéia de que aqueles que um dia morreram na desobediência sejam salvos (Ml 3.5;Mt 3.10).
Para entendermos melhor este texto a nossa sugestão é que voltemos a parábola contada por Jesus do rico e do Lazaro. O texto mostra um contraste: o rico está em tormentos, e viu ao longe Lazaro no seio de Abraão v.23. É preciso lembrar de que esta parábola é dita antes da morte e da ressurreição de Cristo, e que até ali os espíritos dos mortos habitavam a moradia dos mortos ou Hades. As Escrituras descrevem o Hades como lugar de tormentos para os injustos, enquanto que para os justos há o paraíso, (Lc 23.43), também chamado como aqui, o seio de Abraão. Quando nosso Senhor Jesus rendeu Seu espírito, morrendo no Gólgota, seu corpo ficou morto três dias; mas durante este tempo, “no Espírito”, Ele foi proclamar aos espíritos rebeldes e desobedientes, detidos no Hades, o triunfo de sua cruz e sua eterna condenação, 1Pe 3.19-29. Ao mesmo tempo ele foi anunciar aos espíritos dos justos, estes “presos de esperança”, Zc 9.12, a boa nova, 1Pe 4.6 que não somente iam viver na presença de deus, mas que Ele, pela Sua ascensão, ia levar consigo esta multidão de cativos até à presença do Pai, Ef 4.8-10; Hb 2.13.
Desde então entendemos que o espírito do cristão, ao falecer, vai diretamente para o Senhor (At 7.55-60; Fp 1.21-23), na espera da ressurreição corporal quando Ele voltar (Jo 5.28-30; 1Co 15.42-58; Ap 20.4-6). Os perdidos ressurgiram no ultimo dia e serão julgados e jogados no lago de fogo Ap. 20.11-15. O inferno descrito como um lugar de tormento de dia e noite. Pois não somente a salvação do crente é segurada e pode estar ao alcance de todos, mas ainda nos é dito que ressuscitando Jesus dentro os mortos Deus o estabeleceu Juiz dos pecadores At 17.30-31; Hb 10.26-31.

9. APLICAÇÕES:
Precisamos de armas para a batalha. Quando nos armarmos com o pensamento de Cristo, também vamos vencer as tentações que com certeza virão, já não vamos mais viver aquela vida passada, cheia de hipocrisia e paixões carnais, mas como Deus quer que vivamos, ou seja, vamos viver a vida de Cristo. E também vamos suportar as provações do presente, pois se estamos armados com o pensamento de Cristo que sofreu na carne, ou seja, por causa deste sofrimento, nós não mais seremos dominados pelo pecado. Pois o pecado foi cessado. Hoje, podemos também, nos consolar com essas promessas, de que todos, um dia, vão prestar contas de tudo o que fez ou deixou de fazer, pois temos um Juiz que é competente e preparado para julgar tanto vivos, quanto mortos. E também devemos nos consolar da promessa de que vamos receber uma recompensa. Como diz na Palavra do Senhor: “quem perseverar até o fim será salvo”, “sê fiel até a morte, e dar-te-ei a cora da vida”.

10. ESBOÇO DO SERMÃO:

O LEGADO DE CRISTO.

A. A única forma de defesa era armarem-se do pensamento de Cristo (v.1-4).
Que sofreu na carne para que vencessem as tentações futuras (v.2).
Que sofreu na carne para que fossem libertos das paixões mundanas (3).
Que sofreu na carne para que suportassem as provações do presente (v.4).

B. A única forma de consolo era esperar em Cristo (v. 5-6).
Aquele que todos prestarão contas (5).
Aquele que é competente para julgar (5).
Aquele que dá a recompensa ao justo (6).

11. Conclusão:
Que possamos estar armados com este pensamento, para que, as tentações do futuro e as provações do presente não venham nos tragar. E que nunca mais venhamos a praticar as paixões carnais que tínhamos anteriormente. Que possamos estar olhando firmemente para a promessa de que um dia, estaremos frente ao Juiz que é competente para nos julgar e também recompensar a cada um segundo as suas obras.

12. BIBLIOGRAFIA:
CHAMPLIM, Russel Norman. “Comentário do Novo Testamento Versículo por Versículo”.
São Paulo (SP).
BARKER, Kenneth/BURDCK, Donald. “Bíblia de Estudo – NVI”.
1.a edição, São Paulo (SP), Editora Vida, 2003.

SHEDD, Russel P. “Bíblia Shedd”. 1.a edição,
São Paulo (SP), Editora Vida Nova, 1998.

MUELLER Enio R., “1 Pedro Introdução e Comentário”.
1.° edição, São Paulo (SP), Mundo Cristão, 1988.

SHEDD, Russel P. “O novo Comentário da Bíblia”.
São Paulo (SP), Edições Vida Nova, 1963.
Deus abençoe
Pr Saulo César da Silva