terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


A historia que acabamos de ler é uma das mais lindas do Livro de 2 Reis. Nela os nomes do profeta Eliseu e do seu servo Geazi são citados, porém não sabemos o nome da mulher. Todos, inclusive o profeta Eliseu, a chama de Sunamita.

O motivo deste nome é por ela morar em Suném "lugar de descanso duplo", uma cidade localizada a 8 km ao sul do monte Tabor, entre o Monte Carmelo e a cidade de Samaria.

Porém, assim como o autor do Livro de Reis a chamou de Sunamita, porque ela era de Suném, olhando para a historia e para as suas características quero sugerir à ela dois nomes:

O primeiro nome que quero sugerir a esta mulher é:
1. VIRTUOSA – Que servia sem esperar nada em troca (8-17).
a. Não almejava recompensa;
• A Sunamita estava sempre pronta para servir. Ela é um exemplo de pessoas que vê as aflições do semelhante e procura ajudar nas suas dificuldades.
Primeiro, foi porque vendo o homem (Eliseu) que passava pela cidade poderia estar com fome, ela o constrangeu (forçou, obrigou), mesmo sendo um estranho viajante, a entrar em casa para comer;
Depois, ao perceber que este homem (Eliseu) era um profeta (pelo testemunho que Deus) disse a seu marido (mostrando também submissão): Eis que tenho observado que este que sempre passa por nós é um santo homem de Deus. Façamos-lhe, pois, um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos uma cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro; e há de ser que, vindo ele a nós, para ali se recolherá.
• Na verdade ela não queria que Eliseu fosse apenas um viajante que passava pela sua casa, mas um hospede.
• Para isso providenciou um pequeno cômodo no fundo, anexo à casa principal. Não uma simples tenda para se alojar e depois desmontar, pelo contrário, tratava-se de uma construção permanente. Ali o profeta poderia descansar, ter privacidade e um lugar para suas devoções.
• Eliseu não se mostrou indiferente com todo o cuidado que recebeu naquela casa, na verdade, ao contrário de muitos que se acham merecedores de bênçãos e honorários, ele também sentiu a necessidade de ajudar.
• Porém, antes de chamá-la Eliseu já havia mandado seu moço agradece-la pelos cuidados extremos que ela lhes dava e também o que ele poderia fazer para compensá-la. Por isso, através do moço, Eliseu perguntou: Haverá alguma coisa de que se fale a teu favor ao rei ou ao comandante do exército? Ela não aceitando respondeu: Habito no meio do meu povo. Ou seja, tenho tudo o que preciso aqui.
• Ao dizer “habito no meio do meu povo” ela acentua, mesmo sendo privada de filhos, a importância que dava à família e o desinteresse pelos bens matérias. Ou seja, ela não almejava nenhum beneficio ao hospedar o profeta. Seu único desejo era servir.
b. Não possuía filhos;
• O profeta questionou seu moço: Que se há de fazer por ela? Geazi respondeu: Ora, ela não tem filho, e seu marido é velho. “Como se dissesse”. Dê a ela um filho.
• Ter filho sempre foi o desejo de uma mulher. Faz parte da natureza da mulher dar a luz a filhos. Este desejo materno é claramente visto na Bíblia: “Raquel que não dava filhos a Jacó, com ciúmes do marido disse: Dá-me filhos, senão morrerei” (Gn 30.1). Além do que, o não ter filhos causava vergonha e desprezo, assim como em Ana: “Ana subia à Casa do SENHOR, a outra (que tinha filhos) a irritava; pelo que chorava e não comia. Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste? Não te sou eu melhor do que dez filhos?” (1Sm 1.7-8). Então disse Elizeu ao moço “vá chama-la”.
c. Mas, foi recompensada;
• Ao vir ao encontro do profeta ela se “apresentou" à entrada da porta. Até este momento Geazi tinha sido o interlocutor, porém a partir de agora Eliseu lhe fala diretamente. Disse-lhe o profeta: Daqui a mais ou menos um ano você estará com um filho nos braços.
• Ela ficou assustada, pois ela não esperava ouvir aquilo. Mesmo sabendo que Eliseu era homem de Deus, não quis acreditar na promessa de um filho, pois seu marido já era velho, E com medo de sofrer uma decepção disse ao profeta:- Não, meu senhor. Não iludas a tua serva!

Porém, assim como Deus disse a sara na sua velhice “Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil” e depois de um ano ela deu luz a um filho (Gn 18.14). Assim também se cumpriu com a Sunamita. Ela concebeu e deu à luz um filho, no tempo determinado, quando fez um ano, segundo Eliseu lhe dissera.

O segundo nome que quero sugerir a esta mulher é:
1. CONFIANTE – buscou o impossível para ter o filho de volta (18-37).
a. Porque viu seu filho morrer;
• O menino cresceu forte saudável. Um dia quando o pai estava no campo trabalhando desejou ir até ele. Chegando lá, junto ao pai ele observava o trabalho dos empregados na lavoura.
• As horas passaram e o sol foi ficando forte e o menino atingido pelo calor disse ao pai: “Pai, a minha cabeça está doendo muito”!
• Pode-se concluir que o menino foi atingido por uma insolação, comum em clima quente e muitas vezes fatal. O pai, percebendo a gravidade do caso, manda um empregado levá-lo para casa para sua mãe.
• Chegando a casa, a mãe o pegou no colo, e começou a tomar as providências necessárias para que passasse aquela dor de cabeça do menino. Mas não teve jeito, chegando ao meio-dia o menino morreu.
b. Não se deteve, foi além da religiosidade;
• A mulher subiu deitou o garoto na mesma cama que Eliseu ocupava, e chamando o marido, pediu que este ordenasse que um servo preparasse uma jumenta para que fosse e voltasse até Eliseu.
• O marido perguntou por que iria se não era lua nova, nem sábado (não havia motivo para buscar o profeta) ou seja, não é dia de culto. Ela disse “não faz mal”, ou seja, não é só nestes dias que se busca um profeta.
• Assim como disse Abraão aos que o acompanhavam no sacrifício Isaque seu único filho “Esperai aqui, eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós” (Gn 22.5), ela teve esta certeza quando disse “eu vou e volto”.
• Vemos sua determinação ao dizer ao servo “Guia, e anda, e não te detenhas no caminhar, senão quando eu to disser”. Ela tinha um objetivo e nada poderia desviá-la. Nem a distancia de cerca de 40Km de Suném ao Carmelo.
• Sucedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu servo: Eis aí a sunamita , corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem. Mas, ao chegar diante de Eliseu ela não se conteve. Colocando-se aos seus pés os beijava. Mesmo sem entender sentia sua alma amargurada.
• Sua situação agora com perda do filho era pior que a primeira de quando não tinha filho. Por isso disse: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes? Para ele teria sido preferível não ter um filho a perdê-lo.
• Disse o profeta a Geazi pega meu bordão e ruma rápido para Suném. Não pare no caminho, nem para saudar alguém. Chegando lá põe o meu bordão sobre o rosto do menino. A saudação conduziria a uma demorada troca de e o bordão era o símbolo da sua autoridade.
• Esta mulher tinha duas opções. A primeira era culpar a Deus pela morte do menino, pois ele deu sem ela pedir e agora o tirou. Ao ver seu filho morto ela não se desesperou, nem se revoltou, nem murmurou. Ela foi atrás da segunda opção, ou seja, buscar a Deus com fé. Ela decidiu buscar a Deus com fé.
• Tanto o “não faz mal” do v. 23, como “tudo vai bem” do v. 26 no original hebraico shalom, traduzido literalmente significa “paz”, ou seja, tudo em volta poderia estar turbulento mais ela estava em “paz”. No seu coração reinava completa paz.
• Tem um hino que diz: “Vindo sombras escuras no caminho seu Oh não desanime cante um hino a Deus. Cada nuvem escura um arco-íris traz se teu coração reinar perfeita paz. Se teu coração estiver em paz; bem contente e alegre sempre te acharas. Se teu coração estiver em paz veras que um arco-íris cada nuvem traz”.
A sunamita fêz com Eliseu o mesmo que anteriormente ele fez quando era discípulo de Elias. Assim como ele não abandonou Elias até ser abençoado, a mulher também não o deixou. Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te hei de deixar.
c. E vivenciou um milagre;
• A mulher não o deixava então, Eliseu se levantou e a seguiu. O moço que passou adiante chegando na casa pôs o bordão sobre o rosto do menino; mas, não houve nele voz nem sinal de vida;
• O moço voltou e ao encontrar-se com Eliseu disse: O menino não despertou.
• Tendo chegado à casa, vendo o menino sobre a cama, fechou a porta e sozinho orou ao SENHOR.
• Depois se deitou sobre o menino e o menino aqueceu. levantou, e andou no quarto uma vez de lá para cá, e tornou a deitar sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos.
• Então, chamou a Geazi e disse: Chama a sunamita. Ele a chamou, e, apresentando-se ela ao profeta, este lhe disse: Toma o teu filho. Ela entrou, lançou-se aos pés dele e prostrou-se em terra; tomou o seu filho e saiu.

• Certo dia, depois ver um Jovem rico se afastar por preferir às riquezas, Jesus disse aos discípulos que “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Então eles maravilhados retrucaram: “Sendo assim, quem pode ser salvo”? Então “Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível” (Mt 19.24-26).
Aqui está uma mulher que, mesmo vivendo cerca 550aC, vivenciou o IMPOSSÍVEL. Por que ela creu que Deus tudo é possível.

• O Apostolo Paulo na carta que escreve à de Éfeso pede em oração que Cristo habite no coração de cada um, pela fé, e assim enraizados e alicerçados no amor poderiam compreender e conhecer a largura, o comprimento, a altura, a profundidade do amor de Cristo. Amor que excede todo entendimento. Pois, “Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3.17-20).

• Aqui está uma mulher que, mesmo vivendo muitos séculos antes de Paulo, viveu a fé e guardou enraizado e alicerçado o amor, podendo então compreender e conhecer a largura, o comprimento, a altura, a profundidade Daquele que é poderoso para fazer infinitamente mais.

Deus Abençoe
Pr Saulo César

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente: