segunda-feira, 21 de março de 2011

O GRÃO DE TRIGO

No Novo Testamento a palavra glória (no grego doxa) quase sempre traz a opinião positiva a respeito de alguém, que resulta em louvor, honra, e glória.
Se tratando de glorificação humana e de como o homem deseja receber gloria temos um BOM exemplo no livro de Ester, quando Hamã o inimigo do povo judeu, enche o peito e pede para si as honras que Assuero estava para dar ao seu desafeto mordecai (Et 6.6-10).
Porém, no texto que lemos Jesus, além de dar o exemplo, também aconselha aos homens como se deve buscar e receber a gloria.
Nele encontramos duas lições.
Na primeira lição temos:
1. O EXEMPLO DE CRISTO. Que foi contra todas as expectativas humanas (20-24).
a. Pois, os gregos queriam conhece-lo.
• O texto diz que pela ocasião da páscoa havia gente de todo lugar visitando Jerusalém. Por isso, não é de se estranhar gregos em Jerusalém.
• É fato que o gregos, levados pela curiosidade que tinham, sempre estavam em busca de novidades e de verdades que não conheciam. Também é fato que, mesmo não tendo saído de sua terra, Jesus era conhecido além das fronteiras de Israel. Por isso, talves o desejo deles era levar o Senhor até Atenas para que ali, na Capital da Filosofia, pudesse divulgar suas idéias.
• Estes gregos se aproximaram e disseram a Filipe “queremos ver Jesus”. Filipe comunicou a André e este os levou à presença de Jesus. Ao relatar o encontro, João não menciona nenhuma conversa. Não temos nenhuma fala dos gregos, mas somente o desejo que tinham de conhecer Jesus.
Se "conhecer" fosse apenas ouvir dele uma mensagem de salvação e esperança, o encontro foi um sucesso. Porém, se no "conhecer" tivesse a intenção de leva-lo para Atenas o encontro foi um fracasso. 
b. Mas, ele deveria ser glorificado.
• Jesus, a partir do capitulo 10 de João, havia ressuscitado Lazaro, tinha sido ungido por Maria e aclamado como Rei pelo povo nas ruas de Jerusalém. Era evidente que os últimos acontecimentos fez com que a crise entre ele e os principais judeus aumentasse. Tudo levava a crer que o fim estava próximo.
• Assim que os gregos chegam a presença de Jesus, não só eles, mas todos que ali estavam ouvem a seguinte sentença: “é chegada a hora da glorificação do Filho do Homem”. A respeito desta glorificação Jesus tinha um pensamento muito diferente daqueles que estavam presentes.
• Para os gregos a glória do homem era conquistada pela sabedoria humana. Para os judeus a glória seria conguistada com o envio do Messias que derrotaria toda opressão que sofriam do Império Romano.
• Mas, quando Jesus falava sobre a glorificação do Filho do Homem, pensava em outro tipo de gloria. Jesus pensava na Morte. Ele exemplifica seu pensamento numa metáfora: “Em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12:24).
Ao usar esta metáfora Jesus ensina que:
• Assim como o grão de trigo, que para servir aos famintos, tem que cair na terra, ele também teve que deixar o esplendor de sua glória e baixar à terra para anunciar a salvação ao seu povo;
• Assim como o grão de trigo tem que morrer para dar frutos, Jesus também deveria morrer para que os homens fossem salvos;
• Assim como o grão de trigo depois de morrer produz muitos frutos, Jesus também, ao morrer, geraria muitos frutos;
Em suma aprendemos que se Jesus apenas tivesse vindo ao mundo, e não morresse na cruz, sua obra não teria permanecido.

Na segunda lição temos:
2. O CONSELHO DE CRISTO - que vai alem das expectativas humanas (25-26).
a. Pois, somente ganha a vida quem a entrega.
• Assim como, para que tivéssemos vida foi necessária a sua morte, assim também é necessário que nós, como seu fruto, não podemos frutificar se não morrermos para o mundo ou enquanto buscamos a nossa gloria pessoal.
• Na história, as grandes idéias sobreviveram porque teve homens dispostos a morrer por elas. Também, na história do cristianismo, a Igreja cresceu graças à morte dos mártires. Segundo a famosa frase: "O sangue dos mártires foi a semente da Igreja." Foi porque eles morreram que a Igreja Viveu.
“Odiar” nossa vida parece algo insensato. Mas, Jesus ensina que assim como na sua morte, ao abrir mão de si mesmo, ele preservou a sua verdadeira vida, assim também nós ao abrirmos mão da nossa vida para vivermos com Ele, também ganharemos vida eterna.
b. E a glória só se alcança mediante o serviço.
• Jesus dá aos seus discípulos uma nova visão da vida. Eles que tinham a mente judaica viam a glória como uma conquista, a aquisição de poder e o direito a governar. Mas, Jesus via a glória como uma cruz. Por isso, ensinou aos homens que só ganharemos a glória pelo serviço prestado.
• Na formulação da frase, Jesus diz: “se alguém me serve”. Isso mostra liberdade e espontaneidade no servir, pois ninguém é forçado a servi-lo. Contudo, se alguém pretende servi-lo, tem que segui-lo. Sendo assim, todo discípulo de Jesus deve se perguntar “Será que o lugar que estou Jesus está?”
• Acima de tudo, Jesus indica aos seus discípulos que o lugar deles é entre os miseráveis, oprimidos, sofredores, pois é entre esses que ele se encontra servindo. E, conseqüentemente fazendo isso, o discípulo também partilhará da glória de Jesus porque o Pai o honrará.

Nietzsche disse há um século uma famosa frase: “Deus está morto”. Nietzsche morreu. Os filósofos ateus morreram e hoje são esquecidos ou pouco lembrados, mas Jesus continua vivo através da semente plantada em nossos corações.

Uns preferem a gloria, os aplausos e o sucesso do mundo, Jesus preferiu a gloriosa morte da cruz. O que preferimos?
Deus abençoe
Pr Saulo César

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