terça-feira, 18 de maio de 2010

O Legado


O legado de Cristo
1Pe 4.1-6


Legado é um bem que alguém deixa para as gerações futuras. Pensando nisso o salmista escreveu: “Recebi os teus testemunhos por legado perpétuo” (Sl 119.109-111).
A primeira carta de Pedro é chamada “a epistola da esperança”. Pois ela traz esperança aos crentes que viviam num ambiente de sofrimento e numa expectativa de que este sofrimento iria aumentar. Uma esperança viva baseada na vida, ressurreição e volta de Cristo.
• Pedro enviou esta carta de Roma por volta de 64 d.c., aos cristãos, judeus e gentios, que viviam no norte da Ásia Menor (hoje a Turquia). Cristãos que estavam a cerca de 1600Km espalhados nas províncias do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1Pe 1.1). Nero era o imperador da época.
Entre suas crueldades destacam-se as seguintes:
1. Prender os crentes e coloca-los nos postes pegando fogo para iluminar a cidade.
2. Incendiar Roma para que o fogo o inspirasse à escrever um poema.
3. Colocou a culpa do incêndio nos cristãos. Estes odiados foram crucificados e mortos por feras.
• O apóstolo procurou levar seus leitores a refletirem sobre dar testemunho, mostrar alegria e a terem coragem em meio ao sofrimento. Principalmente porque a causa deste sofrimento era por estarem fazendo o que era certo. Ou seja, seguindo a Cristo.

Mas, para enfrentarem as dificuldades Pedro dá a eles dois conselhos:

1. ARMEM-SE (v. 1-4) - Armem-se do pensamento de Cristo.
• O termo militar armar-se, muito usado nos campos de batalha, dá a idéia de equipar-se com armas. Neste caso, como foi empregado, mostra a necessidade de estarem armados, pois estavam envolvidos em uma guerra. No entanto, as armas que deveriam ser usadas neta guerra não eram as convencionais como a lança, e a espada e sim as armas divinas, aquelas que Cristo usou. Pedro que em outros tempos teria mandado desembainhar as espadas para a luta, como foi sua atitude no episódio da prisão de Jesus (Jo 18.10), agora orienta, não para se armarem de espadas, e sim “da mente de Cristo”.
a. Que sofreu na carne para que vencessem as tentações futuras (v.2).
• Se os sofrimentos provocaram a morte do Senhor, dando solução ao problema do pecado. Para eles, os sofrimentos presentes ou futuros são sinais da identificação com Cristo e um meio de adquirir a santificação. Pedro exorta para compromisso da vida cristã para “o tempo que resta na carne”, ou seja, o tempo da vossa vida. Esta exortação era para mostrar como deveriam se portar a partir do momento que se converteram a Cristo até o dia do encontro com ele, ou seja, teriam que viver o cristianismo na prática. Eles teriam que escolher entre continuar nas mesmas práticas que tinham antes, descritas a seguir no verso três ou satisfazer a vontade de Deus e viver de acordo com os princípios estabelecidos por Ele. Estes mesmos pensamentos também estão nos escritos de Paulo diz: “Antigamente vocês viviam na escuridão; mas, agora pertencem ao Senhor. Por isso vivam como pessoas que pertencem à luz,” (Ef 5.8).
b. Que sofreu na carne para que fossem libertos das paixões mundanas (3).
• Pedro procura trazer à memória dos seus leitores a vida que tiveram no passado. Com ironia ele enfatiza que esse tempo já foi o bastante, pois levavam uma vida desprezível, insignificante e sem valor. Este tempo, que eram adeptos às paixões mundanas não resultou em nada, portanto não deveria ser seguido.
c. Que sofreu na carne para que suportassem as provações do presente (v.4).
• A expressão “por isso” representa uma seqüência lógica de vida. O rompimento com o modo de vida dos gentios seria dizer não, a tudo que eles achavam normal. Esta mudança de vida dos seguidores de Cristo aos que foram seus companheiros de orgia causa choque. Um choque tão grande que, surpresos falam mal e perseguem aqueles que não participam das suas festas. Podemos imaginar a situação vivida por eles. Poderiam estar sendo acusados de orgulhosos e de não seguirem os costumes. O termo concorrer significa andar junto, concordar e estar em harmonia com outro. A idéia aqui é que querem a companhia dos crentes, para concorrerem com eles em busca dos vícios e paixões, atirando-se no mesmo lodaçal de deboche esses escreve Pedro “como brutos irracionais, falam mal daquilo que não entendem e na sua destruição também hão de ser destruídos” (2 Pedro 2.12). A resposta deles àqueles que lhes causavam dor deveria ser o exemplo deixado por Cristo
2. CONSOLEM-SE (v. 5-6) - Consolem-se na esperança de Cristo.
a. Porque todos terão que prestar contas (5).

• O acerto de contas certamente virá, diz Pedro. O termo usado aqui dá idéia de pagamento total daquilo é devido. Cada homem será julgado de acordo com as suas obras, porque sua vida será aberta como um livro. João escreve: “Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.” (Ap 20.12). E as tentativas de defesa serão vãs, pois o débito é imenso.
b. Ao que é competente para julgar (5).
• Tanto o Pai quanto o Filho serão o Juiz daquele grande e definitivo dia. Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At 17.31). Talvez, o pecado seja esquecido pelos homens, mas Deus haverá de relembrar tudo quanto foi praticado, a fim de que se manifeste a justiça.
c. E que dá a recompensa ao justo (6).
• Pedro, além de tudo que foi dito, ressalta algo muito importante, ou seja a recompensa do justo. Aqueles que hoje estão mortos ouviram a pregação do evangelho quando ainda vivos. Por causa de haverem confessado a Cristo, quando viviam, foram julgados e condenados pelos homens e "de acordo com os padrões dos homens". Viveriam segundo Deus no espírito. Ou seja, viveriam como Deus vive, isto é, eternamente. Aquele Juiz competente (v. 5) recompensaria a todos os que permaneceram fiéis nas promessas do Senhor. Entendemos que durante todo o contexto Pedro procurou trazer uma forma de consolo em meio ao sofrimento, dai a necessidade de se falar sobre os que já haviam partido. Pois qual o maior consolo para os que estão vivos, senão saber que seus irmãos que morreram, depois de passar tantas dificuldades físicas, vivificados no espírito. A resposta deles àqueles que lhes causavam dor deveria ser a esperança que tinham em Cristo.
• Cristo deu o exemplo sofrendo na carne, para que fossem libertos das paixões mundanas no passado. Agora eles deveriam armar-se do mesmo pensamento, para vencerem as tentações futuras, não levando em consideração as provações do presente, pois o consolo virá mediante o justo juízo de Cristo.
Deus abençoe
Pr Saulo César

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